Na simplicidade de uma estrebaria, envolvido em faixas, circundado por animais, assim nasce o Filho de Deus feito homem. Jesus, a Santíssima Pessoa da Santíssima Trindade, que é Deus glorioso e vencedor, submete-se aos desígnios do Pai para vir salvar pessoal e concretamente a humanidade do pecado. Ele, se quisesse, poderia ter salvado a humanidade de outra forma, sem sua encarnação, paixão, morte e ressurreição.
Mas Ele é Emanuel, que significa Deus conosco. Tão louco de amor por nós, que se esvaziou de si mesmo, de sua condição de igualdade com o Pai e o Espírito na Trindade e assumiu a condição humana, o mesmo que nós vivemos. Jesus se submeteu ao calor, frio, sede, fome, solidão, tristezas, decepções. Ele foi plenamente humano! Esse movimento é chamado de kenosis, que nos traz na prática a noção de que Jesus abriu mão de sua condição divina, assumindo ser um homem e, além disso, dentro de uma família e de uma sociedade pré-estabelecida.
Ele poderia ter nascido de qualquer ser, da forma mais única e surreal possível, entretanto Deus quis ter uma Mãe. Ele desejou amar Maria e livremente recebeu de forma pessoal o amor dela. Jesus viveu cerca de 30 anos, como nos relatam as Escrituras, junto de sua Santíssima Mãe. Jesus, como Deus e homem, viveu a plenitude dos mandamentos, tendo obedecido integralmente o mandamento de honrar pai e mãe. Imaginemos quanta intimidade, amor e diálogo que havia no seio desta família. A verdadeira e plena comunhão a qual nossas famílias é chamada a viver!
E para atestar tamanha pobreza e simplicidade, chamamos você a contemplar a cena do nascimento de Cristo. A cidade de Belém cheia de pessoas, casas lotadas e sem vagas em hospedarias, pela ocasião do censo ordenado por César Augusto, que quis registrar todos os habitantes do Império Romano. Maria com nove meses completos de gestação e José sem conseguir um lugar digno para sua família repousar, encontrou aquele lugar assemelhado a um estábulo, com animais ali. Eis que era chegada a hora, o Menino Deus surgiria para o mundo.
Não foi numa maternidade acompanhada por médicos. Não aconteceu num nobre e grande palácio israelita, nem na capital imperial Roma. Jesus nasce como pobre, igualando-se aos mais humildes e necessitados, mostrando que Deus não preferiu pompas e luxos, mas designou-se a nascer ao lado de esterco e comida para animais. O que para nós seria um desrespeito a nossa honra e um risco à saúde do menino e da mãe, para Deus foi o descer para elevar a humanidade, iniciando pelos mais pobres, humildes e vulneráveis. Deus escolhe quem a sociedade rejeita. Deus eleva a quem a sociedade esquece. Tal pobreza é atestada, sobretudo, pela entrega abandonada de José e Maria nas mãos do Pai, da providência divina, que ali na manjedoura fez resplandecer toda sua glória em um bebê, que veio devolver a esperança, a vida e a paz rompidas pelo pecado.