Uma crise sempre nos desinstala. Nem sequer digo sobre crise econômica ou política, antes, sobre um tipo de sofrimento que pode ser até moral, como quando você perde a sua imagem em uma situação. Ou quando se vive um luto, que não precisa ser a morte de alguém, mas a perda de uma idealização, de um relacionamento ou de um ideal de perfeição em um filho. Sendo humanos, sofremos. E estamos sempre expostos a uma tensão entre o “eu ideal “ e o “eu real”, o que uma hora acaba por despertar uma crise interior.
Essa foi uma das reflexões bem interessantes levantadas em uma oficina que participei nesse final de semana, sobre “Resiliência: a arte de lidar com as adversidades”, conduzida por Ricardo Lima, especialista no assunto pela Universidade de Harvard e que trabalha com pacientes oncológicos no Hospital Paulistano. Ele é consagrado da Comunidade Aliança e acredita que a crise é sempre amoral e nos lança uma pergunta. A resposta que damos a ela é que pode ser construtiva ou destrutiva, como bem compreendeu uma das pacientes com câncer, ao afirmar que: “Eu decidi que não vou viver morrendo”.
Para nos fortalecermos, precisamos começar a nos livrar dos “deveria”. Você sabe como é. Quando a gente começa com o tal do: “Eu deveria estar mais realizada”. “Eu já deveria estar casada”. “Eu deveria estar mais bem-sucedida na carreira”. Uma cobrança sem fim sobre idealizações que fizemos a respeito de nós mesmos, colocando prazos para que se cumprissem, e que nos impedem de viver bem o tempo presente e os desafios do hoje.
Empatia
Aliás, outro ponto alto da oficina foi a abordagem sobre Mindfullness, o óbvio que não é bem vivido, ou seja, uma vida com mais “atenção plena” e bem menos “piloto automático”. Esse conteúdo foi ministrado pela palestrante convidada, Murielle Brito, que, igualmente, encantou o público com sua bagagem científica e argumentos pautados em pesquisas.
Entre os benefícios de uma vida mais “atenta”, destacou a empatia. Porque, mais atentos, começamos a enxergar o outro, a perceber quando um colega de trabalho não está bem, quando as pessoas estão sofrendo bem ao nosso lado. Às vezes, podemos estar com a mente tão “a mil”, já tão acelerados, que somos incapazes de enxergar as pessoas e de conceder a elas um olhar atento, ou uma escuta atenta. Madre Teresa de Calcutá, destacou os palestrantes, nunca atendeu todas as pessoas: era sempre uma de cada vez. Isso é “atenção plena”.
As pessoas mais fortes são as pessoas mais flexíveis – e essa é outra afirmação atestada por recentes pesquisas científicas. É quem se adapta positivamente às adversidades. Um exemplo mencionado foi a do mentor das crianças que ficaram presas na caverna da Tailândia, a fim de explicar a importância de um líder resiliente. Crianças são menos resilientes quando não têm um referencial. Porém, quando encontram alguém que as inspiram, resgatam todo o seu potencial de resiliência, afinal, somos todos potencialmente resilientes.
Uma pesquisa com 3.000 vítimas do atentado às torres gêmeas, nos Estados Unidos, trouxe que 9% dessas pessoas desenvolveram algum trauma, enquanto o restante foi capaz de se recuperar em menos de um ano. A resiliência é um processo dinâmico, parte da natureza humana, mas não está ligada a um único traço de personalidade. Assim, é possível aprender a ser mais resiliente e é possível desenvolver essa habilidade.
Resiliência e vulnerabilidade
A resiliência, por sua vez, se não está ligada a uma personalidade, está, de outro lado, intrínseca à maturidade humana. Tanto é assim que as pesquisas também corroboram que pessoas mais velhas são mais resilientes. Elas já não constroem monstros sobre todas as coisas, não se vitimizam, e estão mais dispostas a sacrificar-se.
Bom humor, gratidão, um otimismo realista (bem diferente de um “otimismo Pollyanna”, como vemos tantas vezes no empreendedorismo de palco), humildade e capacidade de resolução de problemas estão diretamente ligados a pessoas resilientes, que também são mais “práticas”. Outras pesquisas trazem que pessoas com um bom nível de “autodomínio” lidam melhor com as adversidades, assim como pessoas de fé tendem a ser mais resilientes.
Por fim, as discussões ainda trouxeram a abordagem de que um caminho para a resiliência é a vulnerabilidade, com a coragem de se deixar ser visto. E chamaram atenção sobre “o papel do Sentido na resiliência”, ou seja, o sentida da vida, e a importância do propósito. Como conclusão, chegamos àquilo que venho defendendo há um tempo em um artigos científicos: nosso sentido vai ser encontrado em nossos valores.
O que é tão forte em você a ponto de te fazer seguir em frente diante das adversidades?
Desejo que você encontre o seu sentido, e que esteja disponível para compartilhá-lo com as pessoas que encontrar pelo caminho. Esteja atento a cada uma delas 😉
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** Convite:
Se você exerce cargos de liderança, se atua direta ou indiretamente como gestor de pessoas, se tem interesse por esse tipo de formação humana, vale a pena conhecer a proposta do Projeto Mundo Novo. Em São Paulo, há dois grupos formados por profissionais que trabalham na região da Avenida Paulista e que se encontram semanalmente para formações que também trazem temas como maturidade humana, identidade, resiliência, inteligência emocional, tudo isso à luz do Evangelho. Há empresários, médicos, jornalistas, engenheiros, professores, entre outras categorias. Além das formações, os encontros são marcados pela oração e segue toda a metodologia do Caminho da Paz, do carisma Shalom. Mais informações podem ser obtidas por whatsapp: (11) 99266-0136.