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Peruana líder de sindicato italiano: O papa sensibilizou as pessoas quanto à imigração

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papa“A doutrina social da Igreja é de grande importância para favorecer a integração dos imigrantes na Itália, mas o papa Francisco, com o seu gesto em Lampedusa e com a sua grande lucidez durante a cerimônia de início do pontificado, criou uma nova sensibilização quanto aos princípios da doutrina social”. O santo padre “falou da imigração, denunciou o tráfico internacional de seres humanos que existe por trás da imigração e, especialmente no caso de Lampedusa, falou da globalização da indiferença”.

Liliana Ocmí­n considera que o papa Francisco “passa uma mensagem forte: que nós temos que colocar no centro de tudo os interesses reais que temos como cristãos, para que a imigração não seja vista como uma bandeira só por conveniência política ou utilitária”.

“O serviço de cuidar de pessoas mais velhas é um setor que tem que ser reconhecido profissionalmente, assim como a agricultura. Ambos os setores são cobertos [na Itália] majoritariamente pela mão de obra dos imigrantes”, continua ela.

A líder sindical, nascida no Peru, destaca que “a imigração é uma oportunidade para que a política, as instituições e os sindicatos coloquem a pessoa no centro dos seus esforços e voltem a conceber o valor social do trabalho, entendendo que ele não é só uma fonte de renda, mas o processo para a realização pessoal e familiar”.

“O fundador do nosso sindicato, Giulio Pastore, dizia que a formação e a cultura são um elemento indispensável para defender, reconhecer e proteger os direitos dos trabalhadores. E os imigrantes precisam de uma legítima participação em todas as políticas do mercado de trabalho, para terem oportunidade e realização, que é uma prerrogativa para a integração real”, considera Liliana, ressaltando que o processo de imigração na Itália provocou uma grande mudança particularmente em quem escapa de guerras e da violência: os refugiados.

Ela destaca, no entanto, o caso dos imigrantes latino-americanos: “A comunidade mais numerosa é a peruana, seguida pelos equatorianos. 62% deles trabalham nas atividades domésticas e como cuidadores de idosos. E o aumento da idade da população local nos obriga a pensar que vai aumentar mais ainda a porcentagem dos imigrantes que vão trabalhar nestes setores”. Liliana considera que tais setores “não podem ser carregados só pelos imigrantes”.

A secretária confederada prossegue: “Como sindicato, nós consideramos um fracasso a integração dos imigrantes no mercado italiano, porque eles são divididos em determinados fragmentos, sem mobilidade social. É uma injustiça social dar a eles só as tarefas humildes, que os jovens italianos pensam que não são atividades para eles”.

A líder sindical enfatizou a existência do tráfico internacional de seres humanos, fenômeno que tem uma dimensão imensa. “Hoje, um peruano que quer vir para a Itália paga cerca de 12.000 dólares”. A imigração é “um problema que nós temos que gerir através de acordos internacionais com os países de origem [dos imigrantes]”.

A secretária confederada do sindicato também observa a tendência oposta. “No Peru, aproximadamente cinco mil cidadãos já voltaram do exterior. Vários governos latino-americanos estão trabalhando para ajudar na reintegração desses imigrantes, para que eles possam receber as contribuições que pagaram para se aposentar”, o que não é possível, atualmente, caso eles tenham contribuído durante menos de vinte anos.

Liliana Ocmín recorda, no final da entrevista, que “o elo frágil, os pobres do futuro, são os imigrantes, porque eles entram tarde no mercado de trabalho e porque muitos declaram que ganham a metade, sem saberem que essa informação vai ser irreversível na hora de pedir a aposentadoria”.

 

Fonte: ZENIT


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