Tive minha experiência com Deus em 2004 em Camocim (CE). Apesar de o grupo de oração de ser muito bom, sentia que ali ainda não era o meu lugar. No momento do louvor, sentia muito forte a necessidade de erguer os braços e louvar não só cantando, mas com as minhas palavras e em línguas também.
Em 2005, na festa de Pentecostes, dois missionários da Comunidade de Vida Shalom foram pregar em Camocim e, à medida que eles pregavam, eu falava: “Jesus, é assim que eu quero viver!” Foi quando eu conheci alguns vocacionados da Comunidade, fomos nos aproximando e nos tornamos amigos. Algum tempo depois, ganhei o livro “E vós, quem dizeis que eu sou?”, que contém o testemunho pessoal do fundador da Comunidade Shalom, Moysés Azevedo. Quando li, comecei a chorar, a dançar… Ao conhecer a vida do Moysés, descobri que sou Shalom e que nasci para também ofertar a minha vida.
Ao sentir o desejo de avançar para águas mais profundas, decidi vir para Fortaleza em busca da Comunidade. Em uma semana arrumei minhas coisas e viajei para a cidade de carona e sem dinheiro. Assim que cheguei, fui atrás do Shalom e meu primeiro contato foi na missa do padre Antonio Furtado. Ali, meu coração só sabia dizer: “Encontrei meu lugar”. Trilhei o caminho vocacional, ingressei na Comunidade de Vida e parti em missão para Aracaju (SE). Deus, com sua bondade, amou-me e formou-me. A experiência de vida comunitária reconstruiu minha vida, meus valores, renovou minha esperança no céu.
Dois anos depois, retornei a Fortaleza, para viver como Comunidade de Aliança. Sustentada pela passagem bíblica de Isaías 14,3, continuei minha vida, fazendo a experiência de que a providência não cuida somente dos irmãos da Comunidade de Vida. Na verdade, é uma graça do Carisma. Mesmo precisando recomeçar na vida profissional, nunca aceitei qualquer emprego, pois minha vocação sempre foi a prioridade e sei que Deus é pai que cuida dos filhos.
Vivendo todos os desafios próprios da Comunidade de Aliança, vou percebendo que se não houver oração não tenho como ser fiel à vontade de Deus. Hoje trabalho, faço faculdade e permaneço escolhendo a vocação todos os dias como prioridade, ao acordar às 5h da manhã para rezar, ir à Missa, ao trabalho e, à noite, cumprir os compromissos do apostolado e da Comunidade.
Essas são realidades desafiantes, mas consigo colher os frutos da vivência da vocação na vida dos meus amigos de trabalho. Lembro que passei, em 2012, “inverno” muito difícil e não conseguia corresponder ao Carisma. Pensei em sair da Comunidade e isso foi me deixando triste. Meus amigos de trabalho começaram a perguntar o que estava acontecendo comigo. Decidi, então, conversar com uma das minhas colegas e falei que iria pedir desligamento da Comunidade. Ela imediatamente disse que eu não fizesse isso, pois ela percebia o quanto eu sou feliz, que eu não tinha noção de o quanto as fotos que eu posto no Facebook fazem diferença na vida dela.
Diante disso, fiz um processo de retornar à minha decisão de sempre viver e morrer por Jesus, morrer cansada pelo anúncio do Evangelho, porque é assim que eu sou feliz! Sei que muitas coisas no mundo são boas, mas a única coisa que me levará para o céu é a vontade de Deus.
Eulália Dias