A prefeitura de Itapipoca, município distante 130 km da capital cearense, decretou estado de calamidade pública no dia 16 de dezembro, devido à falta de água. Cerca de 122 mil pessoas estão sem água encanada em suas casas.
Desde o dia 20, todo o abastecimento cessou, pois o açude do Poço Verde, que supre Itapipoca, secou.
Além da escassez da chuva, há outro problema. Água há no município, no novo manancial chamado Gameleira, um projeto de mais de 50 anos. Inaugurados no dia 6 de dezembro, os tubos desta adutora se romperam antes de entrar em funcionamento. Responsável por levar a água do Gameleira para as torneiras das casas, a adutora apresentou 35 vazamentos no percurso até a Estação de Tratamento de Água.
O governador do Ceará, Cid Gomes, esteve em Itapipoca para conferir o problema que só tem se agravado. O projeto dessa adutora é de responsabilidade do Governo do Estado e custou aos cofres públicos mais de R$ 17 milhões.
Segundo o secretário de Agricultura, Pesca e Recursos Hídricos, Gustavo Barroso, o Açude do Gameleira tem capacidade para 52 milhões de metros cúbicos de água. Hoje, está com 11 milhões. Quantidade suficiente para abastecer os moradores de Itapipoca durante um ano e meio, sem chuva.
Neste domingo, 29, as águas do Gameleira começaram a cair na Estação de Tratamento da Cagece. O secretário Barroso afirmou que esta água vai ser tratada e a previsão é começar a chegar em alguns bairros de madrugada.
A população não tem água na torneira e está comprando o que é necessário. Uma bambona de 20
litros, por exemplo, que antes custava R$ 3, hoje está sendo vendida a R$ 5. Isso apenas para o consumo. Os carros-pipa não dão conta de abastecer a cidade. Os moradores ligam até para as rádios locais, pedindo ajuda. A dona de casa Angélica Montenegro mora no bairro Cacimbas e está sem água há um mês. “É muito ruim acordar de manhã e não ter água para banhar o rosto. Sem contar que não tem água para lavar roupa, louça, fazer a comida”, afirma. O casal Maria Zilma e João Alves, moradores de Itapipoca há mais de 50 anos, dizem nunca ter presenciado uma situação caótica destas. “É a primeira vez. Compramos água para tomar banho. Para beber, temos água da chuva guardada em tambores”, conta João Alves.
A Polícia Civil abriu inquérito para a apurar as falhas nessa obra em Itapipoca.
Carol Denardi