Eu nunca tinha imaginado o quanto necessário seria olhar de forma diferente o meu lado desorganizado. Organização é algo muito belo, mas todo mundo tem seu lado “fora do lugar”. Eu mesma tenho uma enorme dificuldade com roupas dentro do guarda-roupa e estou quase toda semana em meio à arrumação delas. Também, tenho uma incrível e inacreditável dificuldade de organizar minha vida financeira. Mas quando li esse texto da Asheley, tudo soou com um novo olhar sobre a desorganização e o pecado…
Agora que é um ano novo, eu tenho tentado fazer o que todos os meus pins do Pinterest me dizem que é absolutamente necessário: declutter minha casa. Apesar dos meus melhores esforços, ainda estou sobrecarregada pelo armário de remédios e pelas caixas de brinquedos, as peças inumeráveis e sempre transbordantes do guarda-roupa… Eu tenho lido o FlyLady como se fosse o evangelho e vasculhando blogs de gerenciamento doméstico para dicas que prometam simplificar minha vida. Minha casa está limpa o suficiente (o mais limpa possível para quem tem três crianças pequenas) e eu tenho alguns sistemas instalados, mas honestamente, ainda não cheguei lá. Meu planejador é uma bagunça, meu plano de refeições muitas vezes muda de acordo com o que eu estou com vontade de comer, e eu tenho mais do que algumas gavetas com lixo.
Desorganização é um pecado?
Recentemente, eu havia me metido em um frenesi tentando controlar os brinquedos dos meus filhos — certificando-me de que cada peça para cada conjunto de figuras ou carros fosse organizada em sua própria caixa. Passei a manhã inteira trabalhando nessa tarefa, enquanto meus filhos “ajudavam”, e às 12 da noite, tinha a impressão de que nenhum progresso havia sido feito. Desanimada e exausta, mandei uma mensagem a uma amiga lamentando o fato de que parece que eu estava sentindo falta das habilidades maternais necessárias para organização. Enquanto eu contava minha saga para minha amiga e mergulhava em uma autodepreciação, percebi uma coisa: aquilo que eu estava odiando tanto em mim mesma, e me sentindo tão frustrada, preocupada e ansiosa, não era, de fato, pecaminoso.
Perguntei à minha amiga se ela achava que a desorganização era um pecado, e ela corajosamente me lembrou que Jesus nunca mencionou uma casa perfeitamente organizada, como um pré-requisito para a santidade. Mas, infelizmente, muitas mulheres acreditam na mentira de que ser uma “boa” esposa, mãe e gerente de casa significa ser incrivelmente detalhista e organizada. Claro, a organização é realmente uma coisa boa. Funcionários geralmente desempenham melhor suas funções quando são organizados, o dinheiro é gerenciado de forma mais eficiente com a organização e praticamente qualquer pessoa pode se beneficiar de uma vida organizada. […] Existe um problema quando acreditamos que nossas qualidades organizacionais (ou a falta delas) são o que nos torna justos aos olhos de Deus, e quando nos distraímos das coisas que realmente importam porque estamos muito preocupados com o estado de nossos lares.
Marta trabalhava arduamente
Jesus não se refere às tabelas de tarefas ou programas de limpeza, ele falou gentilmente com uma mulher que, creio eu, como muitos de nós, pode ter lutado contra padrões impossíveis que ela criara para si mesma. Marta trabalhava arduamente e se preocupava profundamente em servir Jesus e acolhê-lo bem em sua casa. Não sei se ela estava preocupada com a desorganização, mas sei que ela se sentia sobrecarregada com seus deveres domésticos.
Ao receber Jesus e seus discípulos em sua casa, a Bíblia diz que ela estava “distraída com todos os preparativos; e ela aproximou-se dele e disse: ”Senhor, não te importas que minha irmã me deixe para fazer todo o serviço sozinha? Então diga a ela para me ajudar” (Lucas 10,40). Podemos sentir a frustração de Marta nesses versículos. Quem sabe se não eram os pratos que precisavam ser limpos? Eu tive esse mesmo sentimento quando fui confrontada pelas minhas gavetas e armários desordenados na semana passada.
Como Jesus respondeu aos apelos ofegantes de Marta por ajuda? Ele não a silenciou, e não pediu que ela se levantasse e voltasse ao trabalho. Ele não entregou uma lista sagrada para ter suas tarefas sob controle. Ele gentilmente respondeu: “Marta, Marta, você está preocupada e incomodada com tantas coisas. Mas apenas uma coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte, e esta não lhe será tirada”. E o que era isso? Simplesmente estar com Jesus. Enquanto Marta estava zunindo tentando fazer as coisas, Maria estava sentada aos pés de Jesus, ouvindo a Sua palavra.
A desorganização de nossos corações
Jesus não estava preocupado com a apresentação de comida de Marta ou com sua casa perfeitamente limpa. Ele estava preocupado em alimentar sua alma com Sua Palavra e Seu Espírito. Ele queria ter a amizade e o companheirismo dela. Essas são as coisas que realmente importam e têm valor eterno. A “boa parte” — ou “a porção melhor”, como às vezes é traduzida — da qual a irmã de Marta, Maria, se apoderara, era o próprio Jesus.
Quando nos sentimos culpados pela desorganização — algo que não é pecaminoso — perdemos de vista o que Jesus tem para nós que é a vida abundante — isto é, comunhão e comunhão com Ele e Seu povo. Nós deveríamos prestar atenção ao pecado real em nossas vidas, porque o pecado deixa-nos com a sensação de distanciamento de Deus. Mas, em vez de nos concentrarmos na desorganização de nossos lares, devemos pedir a Deus que gentilmente revele a desorganização de nossos corações e, então, nos purifique e perdoe.
Está bem claro que Deus quer que trabalhemos arduamente. A preguiça em nossos lares, não é considerada honrosa nem agradável ao Senhor. Sistemas e organização das coisas práticas da vida são benéficos… Mas vamos relaxar um pouco e parar de desperdiçar nossa culpa nas coisas fora de lugar. Sejamos pessoas que estão tão ocupadas em unir-se a Jesus e amá-lo, servindo nossas famílias, vizinhos, colegas de trabalho e amigos que são mais importantes do que deixar nossas gavetas cheias de entulhos no lugar.
Referências
Declutter: ação de remover coisas que estão fora de lugar, das quais você não precisa, a fim de tornar o ambiente mais agradável e útil.
FlyLady: método de organização da casa através da distribuição de mensagens motivacionais com rotinas de administração do lar e limpeza.
Adaptado e Traduzido — original por Ashley Jonkman | 12 de janeiro de 2019 –Fonte: https://aleteia.org/2019/01/12/disorganization-isnt-a-sin-no-matter-how-hard-the-world-tries-to-make-it-one/
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