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Amor e costume: uma experiência com Santa Teresa de Jesus

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Você já ouviu falar sobre o diálogo no qual Santa Teresa de Jesus questiona como Deus trata seus amigos?

“Senhor se estou cumprindo tuas ordens, por que tenho tantas dificuldades no caminho?” Deus respondeu: “Teresa não sabes que é assim que trato meus amigos”. Teresa, honrando seu sangue espanhol, respondeu: “Ah, Senhor então é por isso que tens poucos amigos.”

E foi essa ousadia, essa grosseria que tanto me aproximou dessa santa que hoje chamo de amiga. Como pode alguém questionar tão ardorosamente Aquele que tudo pode fazer, como quiser e aonde quiser? Era essa amizade que eu queria, era nesse castelo que eu queria adentrar, morar, ficar!

Queria essa amizade, queria viver esse trato. Por que não aprender com alguém que era tão íntimo a ponto de questionar até mesmo seu modo de tratar os outros?! E foi assim que pouco a pouco essa grande mulher foi me mostrando que para viver essa amizade não precisava de muita coisa, senão apenas duas: AMOR E COSTUME. 

O amor que me permite ser verdadeira, a ponto de quando os minutos parecerem horas dizer: “Estou cansada de ficar aqui…!” Enquanto que o costume simplesmente me faz ficar, doma meus afetos e minhas vontades. 

Ai está o diferencial de Teresa, por detrás do que muitos poderiam achar rudez ou grosseria: uma mulher que ama, e quem ama é sincero, é verdadeiro, é íntimo, não tem segredos. Assim ela me ensinou a amar, me ensinou a via da amizade, a oração de companhia, de conversa entre amigos, entre amantes. 

Aqui outro ponto tão essencial: Teresa sabia que era amada, e por isso podia ser simplesmente quem ela era, com seus medos, com suas quedas, com seu jeito, pois em tudo sabia que era amada! 

Um fato engraçado que marcou tudo isso

Durante a faculdade uma vez por semana fazia minha hora de adoração semanal na capela da Igreja Nossa Senhora da Boa morte, em São Paulo. Em um sábado, após a aula, cansada e certamente sem querer ali estar, fui vencida pelo costume e mais do que isso: recordava-me que o Amor estava a me esperar e fui mesmo sem querer.

Cheguei com os passos mais lentos possíveis, costumava ficar no tapete bem perto de Jesus, já tinha quase meu lugar marcado. Como  em todas as vezes, cheguei, sentei, trocamos uns olhares, deixei claro que aquela uma hora seria quase uma eternidade para mim. E, no fim, não lembro de mais nada, a não ser quando realmente despertei… Não, não foi um êxtase ou algo do tipo. Eu dormi! (Não estou dizendo que é o certo que fique claro).

Mas neste dia, entendi e vivi a via de amizade tão falada por Teresa. Pude entender que com um amigo não se esconde nada. Posso contar tudo, ou posso também ficar em silêncio, porque aprendi que o que importa é a companhia, seja ela no maior ânimo, seja ela na luta para ali estar. Porque apaixonado sempre encontra disposição para estar com quem se ama!

Por fim, Teresa, mulher que inspira a liberdade dos amantes. Parafraseando Francisco: Certamente a medida que Teresa se revelava a Deus, Deus se revelava a Teresa!

Anne Gabriele é vocacionada da Missão São Paulo.


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