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Qual é o perfil dos santos de hoje?

Para o São João Paulo II, os santos são obviamente modelos de santidade, porém, antes disso, são modelos de humanidade.

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Quem diz que a santidade é termo medieval estava em sono profundo nos últimos anos. O século XXI é um tempo marcado pelo nascimento de inúmeras personalidades que cativaram o mundo pelo desejo de viver o evangelho segundo sua vocação particular. Quando se busca viver o plano de Deus, que é pessoal para cada um de nós, nossa alma se transfigura e nossa humanidade se eleva.

Desejam ardentemente ser feliz

A Igreja reconheceu, só nesses últimos 50 anos, 9 santos e 65 beatos, dentre eles jovens, adultos, presbíteros, religiosos e mártires, que provaram que a santidade é possível. De certa forma, a luz de Deus acende uma pequena lamparina no interior, que atrai as almas mais sedentas, as que habitam nas trevas da morte, na esperança de encontrar consolo e vida.

As antigas pinturas clássicas, depois as fotos em preto e branco e, hoje, as imagens coloridas descrevem as figuras dos novos santos. Detalhes da vida são mais facilmente desvendados, visto que temos mais acesso à informação graças aos meios de comunicação. Quem nunca viu uma homilia de Padre Pio em vídeo, ou mesmo maravilhosas palavras de encorajamento do então São João Paulo II da janela papal na praça de São Pedro?

Ou ainda Santa Dulce cuidando dos pobres, abraçando as crianças? E quem sabe nos próximos anos não será o seu vídeo publicado na sua rede social que ajudará a Igreja a proclamá-lo santo? Ou mesmo motivar outros tantos a evangelizar como você evangeliza? A Igreja, como bem dizia São João Paulo II, precisa de santos que usam calças jeans e tênis, que vão ao cinema, que fazem faculdade, que são ligados nas redes sociais e que, sobretudo, amam a Deus e desejam ardentemente ser feliz.

O que torna alguém santo

A verdade é que cada um deste santos buscaram em tudo fazer vontade de Deus, colocando-se sempre na postura dos mais necessitados, dos mais fracos, dos vasos de argila (qualquer semelhança não é mera coincidência), no intuito de alcançar o prêmio da vida eterna. É uma competição que todos podem ganhar e que Deus espera ansiosamente no céu para entregar a medalha do(a) virtuoso(a) vitorioso(a).

O que, por vezes, ofusca o nosso entendimento sobre santidade é estar erroneamente associando a vida de um santo tão somente ao seu esforço pessoal e esquece que o que torna alguém santo é a Graça de Deus, derramada generosamente sobre cada um de nós, em nossas particularidades, personalidades, estado de vida, vocação… A Santidade é uma causa feliz, por ser uma feliz causa, por ser causa da felicidade de amar e servir a Deus.

Santos não são super-heróis

O Papa Francisco tira maravilhosamente um peso terrível das nossas costas ao falar que o santos não são super-heróis. Também… como poderiam ser, se foram tão débeis como nós somos? Sim, é bom que se diga isto. Os santos foram tão pecadores como nós, não nasceram perfeitos, viveram uma vida como nós vivemos. Mas como distinguir um santo nos dias atuais?

O Papa Francisco ainda nos diz que a grande característica de um santo é a alegria. Os santos são felizes e transbordam essa felicidade onde passam, deixando não sua marca, mas a marca da própria graça de Deus neles manifestada. Além disso, também são testemunhos e companheiros de esperança, pois o cotidiano das suas vidas é impregnado pelo suave odor do evangelho: da paciência, da caridade, da fé , da penitência, da perseverança, do amor aos outros.

Para o papa São João Paulo II, os santos são obviamente modelos de santidades, porém, antes disso, são modelos de humanidade. Afinal, essas duas realidades não são opostas. Se o homem vive sua identidade mais profunda da maneira mais plena possível, segundo os valores do evangelho, encontrará aí o seu lugar no céu, contagiando outros.

Não dá pra ficar com cara de quem comeu e não gostou, olhando para os pecados e achando que já pode “jogar as rosas” que a morte já te alcançou. Pecou? Procura fazer uma bela confissão, retorna para a casa do Pai e começa de novo… insiste, pois quem deseja nos fazer santos nunca desistiu de nós.

E olhe que se for colocar no papel tudo aquilo que já fizemos nesses poucos anos de vida… e mesmo assim o Pai das Misericórdias nos cobre com vestes novas, põe sandálias nos nossos pés, anel em nosso dedo, nos perfuma e faz festa, dizendo a todos “meu filho voltou para a vida”.

A nossa humanidade se tornou morada de Deus

Por fim, quero trazer um trecho da mensagem que o núncio apostólico do Brasil, Dom Giovanni d’Aniello, enviou para a missa de ação de graças pela canonização de Santa Dulce dos Pobre em Salvador, no último dia 20 de outubro:

“A Santidade é o rosto mais belo da Igreja, é a vocação mais inclusiva e comum, naquilo que somos e fazemos, no mapa de quanto buscamos, na humildade e mesmo na monótona geografia que nos situa, na pequena história do dia a dia. Protagonizamos que podemos, que podemos ligar a terra e o céu. A santidade dá flexibilidade à dureza, torna uno o dividido, dá liberdade ao aprisionado, põe esperança nos corações abatidos, esconde o pão no regaço dos famintos, abraça a dor dos que choram e dançam com os outros a sua alegria… Falar em Santidade, em chave Cristã é acreditar que a nossa humanidade se tornou morada de Deus”.

Deus vos abençoe, Shalom!

Leandro Vasconcelos, Comunidade de Aliança
Missão Quixadá


Comentários

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  1. Amei essa publicação sobre o perfil dos Santos de hoje, muito bem elaborada e trazida para nossas vidas, com mais uma certeza que podemos sim, ser santos, mesmo com todas modernidades, de calça jeans e tênis, temos a abertura para uma vida verdadeiramente cristã e com isso chegar a santidade. SHALOM