Desta vez quero começar diferente, sem questionamentos, apenas com uma declaração: eu amo o advento! Inclusive, sem enrolação, esse é o spoiler do que vamos conversar. Que tempo místico! Saímos, literalmente, do tempo comum em tudo; pois, exteriormente nada permanece igual: a cidade, o clima, as músicas, comidas -importante citar-. Quem diria que a expectativa pelo nascimento de alguém fosse capaz de transformar tanta coisa? Bem, na verdade, há muitos e muuuuuuitos anos já tinha gente que esperava tal Criança, porém, as expectativas lançadas sobre ela, em partes, foram um pouco fora da realidade; mas para nossa alegria, como diria a bff Teresinha “Senhor, Tu superastes todas as minhas expectativas”, ainda bem!
Tenho refletido esses dias sobre algo ordinário da vida: esperar; também tenho experimentado reações pessoais e alheias sobre isso, como: esperar o sinal abrir sem reclamar, é a fila que não anda, esperar respostas importantes sem ter um pré infarto – claro que exagerei, mas…-, a atendente que demora a atender, sendo que, parafraseando uma música bem conhecida “o tempo corre contra mim, sempre foi assim”. São tantas esperas em nossas vidas, entre elas, para muitas pessoas existe a espera de um grande amor, daqueles de cinema que tira o fôlego e deixa o riso frouxo; outros esperam ganhar na mega, ou que aquele sonho se concretize, ou ainda, apenas que chegue o fim de semana.
Parei e me questionei, tudo isso é comum, é o nosso cotidiano, mas há algo mais importante e extraordinário. Existe uma espera toda especial e como a tenho vivido? Como tenho esperado o Rei dos reis e Senhor de todo tempo? Ainda tenho fé que esse Menino pode transformar tudo? Como está minha manjedoura? Empenhei tempo organizando para Sua chegada? Às vezes acho que tem tanta coisa lá que São José terá um trabalhinho a mais para deixar tudo pronto para Maria. Falando nela… que mulher, meus amigos! Quanto rebuliço nessa gestação: corre daqui, vai para lá; José tem um sonho, Maria confia, partem, sobe no jumentinho, descansa… e ali, São José guarda a Salvação que muitos ansiavam.
Ainda mais um pouco, chegou a hora, que hora!! E agora? Onde nascerá? Num estábulo, ali, o Rei se fez pobre e nos abriu o maior tesouro: o Céu. E Maria? A imagino sempre pensando no seu Deus. Quanto rebuliço nos seus planos e quanta confiança numa promessa. Que mulher! Parei de novo… quanto rebuliço na minha vida, por que não me uno à ela?
Comecei com o clima e o tempo, porque às vezes os olhos e o coração estão fitos ali e alheios/distraídos ao interior; seria esse um dos motivos da falta de paz? Estou tão fora que não sei como é dentro, não sei quem sou. Pois bem, para mim, o advento é questionador. O que realmente é essencial? Onde está o meu coração? O Menino Deus vai nascer, dentro de mim há lugar? Como pode o Rei reinar se o Seu trono está ocupado?
Isto é certo: Ele chegará! José meu querido pai baterá a porta e dirá: filha, é chegada a hora, onde ficaremos? Imagino a cena: Maria prestes a dar a Luz ter que pedir licença para o montante de coisas “Filha, um momento que só vou tirar esse orgulho acumulado aqui, e bem debaixo dele tem um pouco de arrogância” Lá vem São José cumprir esse árduo trabalho de tornar menos indigno essa manjedoura “Quanta coisa teremos de mudar de lugar, ein? Vem que eu coloco o meu manto de humildade para forrar esse coração manjedoura” Bem, uma certeza brota: ainda há tempo de preparar a casa do coração; uma esperança: Essa Presença Sagrada transforma, dissipa as trevas, dignifica.
Finalmente quando o coração sair da exterioridade irá perceber que dentro deve ser mais belo que todas as belezas que distraem os nossos olhares. É que dentro, um segredo, estará Aquele que vale a pena esperar.