Começa a semana. O despertador toca e o modo soneca é logo ativado. Você levanta no horário limite, corre e vai trabalhar. No caminho, o trânsito, o barulho das buzinas, o caos da cidade grande. O motorista lento da frente, o horário apertado… tudo parece estressante demais.
Chegando no trabalho, aquela multidão de tarefas para fazer… ah se você pudesse pular todas elas! Seria tão mais fácil e tão mais simples se as horas avançassem milagrosamente, em um piscar de olhos, não é verdade?
As coisas seriam mais simples, a vida menos cansativa… Mas não, você tem que resolver cada uma delas. E aquelas que dependem de outras pessoas? Jesus amado! Mais estresse…
O chefe cobra o trabalho feito, a fofoca rola solta na firma… É tão difícil seguir a rotina quando há sacrifício. Você olha o calendário… “mas ainda é quarta-feira? Não é possível!”, pensa.
E na espera por um momento sem tantas obrigações, você espera o Happy Hour. O tão esperado Happy Hour. Aquele momento feliz em que não existem responsabilidades. O verdadeiro prazer… A fuga da rotina que aparentemente não tem tanto sentido. Afinal, é chato ter tantas obrigações, não é verdade?
No meio disso tudo, esquecemos de uma coisa: é o cumprimento da vida ordinária que nos faz mais fortes. Mais felizes. Mais humanos. Você já parou para pensar que louco é viver a vida esperando o final de semana? A folga? O feriado? Ou mesmo o simples (e almejado) Happy Hour da sexta-feira?
Os momentos prazerosos — que também são importantes — acabam por virar o motivo da nossa espera, o fim da nossa ansiedade, o gasto das nossas economias acumuladas… Mas será que a vida consiste mesmo em (somente) esperar a pausa?
Se não vemos poesia nos nossos dias, eles tornam-se capítulos obsoletos, inúteis, sem o devido valor. Mas será mesmo que os nossos dias, por mais repetitivos que pareçam, não contém algo de sagrado e de novo a cada instante? Ou estamos presos demais aos nossos egoísmos de modo que simplesmente não percebemos o quanto o outro precisa do cumprimento do nosso dever diário, por vezes sofrido, mas que faz a diferença?
Por isso, eu lhe convido hoje a lançar um olhar de sacralidade no ordinário do seu dia. Na vivência da sua rotina. A contemplar o milagre de cada momento, — do nascer do sol à noite que te espera… Convido você, meu caro leitor, a estar presente e inteiro em tudo o que faz — não só nos momentos de pausa e de prazer, mas no café da manhã que você toma com sono, nas burocracias do seu trabalho… no banheiro que você precisa lavar no dia de folga…
Que em meio à pressa, você tenha a capacidade de eleger — primeiro as pessoas, depois os compromissos. Tudo o que fazermos é para alguém — é tempo de dar um rosto concreto aos nossos deveres. Eles podem ser atos concretos (e diários) de amor!
É entre espinhos que as rosas nascem. Que a sua vida ganhe sentido em meio ao sacrifício… é tempo de construir a vida todos os dias, com as nossas circunstâncias. Eu desejo que você não espere pelo Happy Hour como quem sempre busca refúgio no caos — mas que a poesia do seu ordinário seja um abraçar a cruz com fecundidade — pois é aí que a vida ganha um verdadeiro sentido.
No sacrifício também se é feliz!
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