Ouvi um pregador dizer que o silêncio de Deus prolonga as Suas últimas palavras. Como me senti aliviada ao ter essa nova compreensão! Às vezes, ficamos loucos atrás de moções, sinais e confirmações. Algumas vezes Ele dá, porém outras vezes responde com silêncio.
Escutando a Deus nesses últimos tempos, ele me falou de esperança, de confiança, convidou-me a olhar para o céu, falou-me de coisas definitivas, sobre a espera… E calou.
Fiquei pensando: “Meu Deus, e agora? Para onde vou? Por que você disse isso? Por favor, dá-me um sinal, uma palavra! O que posso fazer de concreto? Permaneço assim ou mudo os meus planos? Prosseguir ou permanecer? Falar ou calar?” Ele não disse mais nada. Somente silêncio.
Sim, é desconcertante, meus amigos. O silêncio de Deus é ensurdecedor. Permanecer no barulho da própria voz, da voz de Deus, da voz dos outros, parece dar uma sensação de que se está caminhando para algum lugar. É difícil parar, meditar, silenciar e esperar. Ah, a espera! A melhor amiga do silêncio.
Quando Deus se cala, todas as vozes do mundo começam aquele barulho sem fim. É a impaciência, a falta de fé, o imediatismo, brigando avidamente para ver quem fala mais alto, contudo a voz de Deus é soberana e não entra nessa briga, acreditem. Deus é simples e não estamos acostumados com isso.
O silêncio é perturbador, ainda mais quando perdura por algum tempo, às vezes por anos. Dá agonia. O silêncio de Deus reclama atenção, exige que se calem o turbilhão de dúvidas, questionamentos, emoções e paixões para escutar, pois existe um timbre na voz de Deus que só se percebe quando Ele cala. E principalmente quando eu calo.
O barulho das vozes alheias parece enganar a solidão. É na solidão que Deus fala. Eis aí outra amiga do silêncio! Insistimos tanto em buscar a voz de Deus de forma audível, porém o silêncio também é voz de Deus, se é que me entendem.
É no silêncio, na espera e na solidão que se rega a planta da fé, da confiança, da pobreza, da obediência, do amor a Deus. E eles crescem misteriosamente. A amizade com Deus é assim, não é como as amizades comuns onde quando um cala geralmente o outro fala. Muitas vezes quando Deus cala é para que eu pare de tagarelar e cale também, afinal, “o silêncio de Deus prolonga as suas últimas palavras”.
E cá estou eu esperando. Sei lá pelo quê. Não sei o que virá, como virá. Desconheço o onde, o quando, o porquê. Só sei que Deus prometeu que realizaria uma Obra nova. E calou.