O que significa celebrar? Celebrar é um termo de origem latina celebratĭo, que traz uma ideia de: “Festejar, comemorar, reverenciar, realizar uma reunião de homenagem, etc.” Essas manifestações e expressões são tão encarnadas na essência humana que mesmo um ateu, no aniversário de alguém que ama ou de um acontecimento importante em sua vida, sente a necessidade de criar um ambiente festivo com objetos, imagens, gestos, palavras e símbolos que o recorde de modo alegre e otimista o bem festejado.
Neste texto, gostaria de despertar em seu coração benditas curiosidades em relação à mística das celebrações litúrgicas na Igreja. A necessidade e capacidade de registrar os acontecimentos da vida, alegres ou tristes, é algo profundamente humano. Só alguns exemplos: “No centenário da instituição, os vizinhos desfrutaram de um concerto musical…” ou “Estão todos convidados para a celebração do meu aniversário: será na próxima sexta-feira às 17 horas, na minha casa… Dois mil agentes de polícia estarão encarregados da segurança durante a comemoração da fundação do Estado…”
A Igreja é discípula, esposa e corpo místico de Cristo, compostas de seres humanos. Além de anunciar o Evangelho aos de fora, ela tem a necessidade e o dever de criar momentos e espaços festivos, onde os seus fiéis possam fazer memória da salvação que já acolheram de Deus, em Jesus. Os tempos litúrgicos foram pensados ou melhor inspirados pelo Espirito Santo, para mergulhar os fiéis na mística redentora e salvadora de Jesus, o Filho de Deus. Assim, vamos agora de modo simples apresentar, sem esgotar o assunto, a mística de cada tempo da liturgia da Igreja.
Tempo Litúrgico do Advento
Tempo de espera e confiança nas promessas de Deus. A consciência de sabermos em quem nós esperamos faz com que essa espera seja alegre, porém cuidadosa e vigilante. A Igreja que somos, eu e você, se coloca como uma noiva enfeitada, ansiosa e feliz, para a chegada do amado de sua alma. De modo incansável, ela vigia ansiosa, na espera do amanhecer. No Advento, a Igreja sente-se como uma terra seca, ardente e desejosa da chuva bendita que fará germinar as sementes do Evangelho plantada em seu coração. Assim como o Espírito gerou o Filho de Deus no ceio da Santa Virgem Maria, ele também engravida os fiéis pela Palavra, gerando conversão e mudança.
Tempo do Natal
O Natal deve ser um tempo de muita alegria. Deve ser a ocasião onde cada fiel faça memória de duas coisas: “Deus sempre cumpre o que Ele prometeu, porém cumpre segundo os seus critérios perfeitos de amor”. Só consegue mergulhar nesse mistério quem possui um coração convicto do amor de Deus. É curioso, pois o povo de Israel, vivia oprimido, sobre o domínio e forças violentas e armadas do Império Romano. Agora esse povo sofrido e desesperado deve depositar sua esperança e confiança numa criança. Assim cada um de nós, no Natal, devemos olhar para nossa realidade de vida, de modo atento.
Teresinha e a Noite de Natal
Pois, Deus usa de recursos e instrumentos, que olhares e corações orgulhosos não conseguem mergulhar e compreender. Há uma santa que viveu um mergulho tão profundo na noite de Natal, que foi tão decisivo a ponto de imprimir uma marca no perfil de santidade que Deus começou a construir nela a partir dali.
“Nessa noite luminosa que projeta, num clarão, as delícias da Santíssima Trindade, Jesus, a doce criancinha nascida há uma hora, mudou a noite de minha alma em torrentes de luz… Nessa noite, quando se fez fraco e sofredor por meu amor tornou-me forte e corajosa, revestiu-me de sua armadura… Depois de sufocar minhas lágrimas, desci rapidamente a escadaria. A comprimir as batidas do coração, peguei meus sapatos, coloque-os diante do Papai, e fui tirando alegre todos os objetos, com ar feliz de uma rainha” (Santa Teresinha do Menino Jesus)
A menina mimada passa a ser senhora de si, torna-se uma mulher cheia de maturidade humana e espiritual. Viu como a liturgia é vida e mistério atualizador da salvação de Deus? Desejo que essas minhas palavras, unidas ao testemunho de Santa Teresinha, estimule seu interesse e atenção, para cada momento e tempo proposto pela liturgia da Igreja.
Por Rodrigo Santos