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Heróis da Fé: Santo Inácio de Loyola, o jovem da Companhia de Jesus

Deste herói da fé, não falam os romances de cavalaria, mas a Liturgia das Horas, que canta os seus feitos no hino das Laudes, composto em honra de sua coragem de deixar as riquezas desta vida a fim de, tão somente, viver para dar glórias a Deus.

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Na Idade Média, havia um gênero literário que fazia um grande sucesso: os romances de cavalaria. Era um tipo de narrativa derivada dos poemas épicos, mas, por serem histórias longas, passaram a ser escritas em prosa, dando origem aos mais famosos heróis medievais.

Os primeiros romances de cavalaria surgiram na Inglaterra e na França, mas também foram produzidos em Portugal, Espanha e Itália. Essas obras relatavam as aventuras fantásticas dos nobres e destemidos cavaleiros errantes, que lutavam pela justiça e para alcançar a fama, porém, sem esquecerem o amor de suas donzelas, que aguardavam a volta de seus guerreiros.

O jovem Iñigo ou Inácio de Loyola

Entre os títulos mais conhecidos desse gênero literário, podemos citar: Rei Arthur, Demanda de Santo Graal, A crônica do imperador Clarimundo, Espelho de príncipes e cavaleiros e O memorial das proezas da segunda távola redonda. Esses eram os livros preferidos do jovem Iñigo, nosso herói da fé de hoje, que nasceu em 1491, na região norte da Espanha, mais precisamente no castelo de Loyola, em Azpeitia.

Filho de nobres católicos, Iñigo resolveu mudar seu nome para Inácio e, por volta dos quinze anos, durante o reinado de Fernando de Aragão, colocou-se a serviço do ministro do Tesouro Real da época, Juan Velázquez de Cuéllar, de quem recebeu uma excelente educação, tornando-se um ótimo cavaleiro, que parecia ter grande inclinação ao serviço militar.

Em 1517, Inácio passou a servir ao vice-rei de Navarra, Antônio Manrique, em nome de quem participou de vários combates até que, em 20 de maio de 1521, sofreu graves ferimentos em uma batalha em defesa da capital Pamplona, contra invasores franceses, sendo atingido por um tiro de canhão nas duas pernas.

Uma vida para anunciar o Evangelho

O jovem, então, retornou ao castelo de Loyola para recuperar a saúde e, na falta de romances de cavalaria, começou a ler A vida de Cristo, escrito por Ludolfo da Saxônia, e uma coletânea sobre a vida dos santos. Foi aí que Inácio percebeu que todas as glórias que tivera em sua carreira militar não passavam de alegrias efêmeras, e resolveu entregar sua vida ao serviço do Evangelho.

A partir de então, restabelecida sua saúde, o cavaleiro partiu em peregrinação para Jerusalém. Pelo caminho, se despojou de suas nobres vestes para um mendigo e dos seus demais pertences. Quanto à sua espada, deixou-a no altar da Igreja de Nossa Senhora de Montserrat, após uma noite de oração.

Inácio sofreu várias privações e passou a viver como um eremita, a fim de meditar e escrever seus pensamentos em um caderno que, depois, tornou-se um livro de exercícios espirituais. Após viver por um período em Jerusalém, retornou à Europa e não foi compreendido por seu desejo de deixar as glórias da cavalaria e dedicar a vida ao anúncio do Evangelho, assim, decidiu estudar Filosofia e Teologia para responder com mais propriedade aos questionamentos que lhes eram feitos.

Nesse período, conheceu alguns companheiros que, mais tarde, viriam a formar a Companhia de Jesus ou a Ordem dos Jesuítas, aprovada pelo Papa Paulo III em 27 de setembro de 1540. No ano seguinte, Inácio de Loyola foi eleito o superior geral da Ordem e mudou-se para Roma, a fim de organizar as inúmeras missões de evangelização dos demais jesuítas, vindo a falecer em 31 de julho de 1556 e sendo canonizado em 12 de março de 1622, pelo Papa Gregório XV.

Hino a Santo Inácio de Loyola

Deste herói da fé, não falam os romances de cavalaria, mas a Liturgia das Horas, que canta os seus feitos no hino das Laudes, composto em honra de sua coragem de deixar as riquezas desta vida a fim de, tão somente, viver para dar glórias a Deus:

“Nosso canto celebre a Inácio,
de um exército de heróis comandante,
general que os soldados anima
com palavras e atos, constante.
O amor de Jesus, Cristo Rei,
sobre ele obteve vitória.
Depois disso, a sua alegria
foi buscar para Deus maior glória.
Ele aos seus companheiros reunido
num exército aguerrido e valente,
os direitos de Cristo defende
e dissipa as trevas da mente.
Pelo Espírito Santo inspirado
este grande e prudente doutor,
discernindo os caminhos do Reino,
salvação para o mundo indicou.
Desejando que a Igreja estendesse
os seus ramos a muitas nações,
aos rincões mais distantes da terra
os seus sócios envia às missões.
Seja glória e louvor à Trindade,
que nos dê imitarmos também
seu exemplo, buscando valentes,
maior glória de Deus sempre. Amém”


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