Me chamo Christiane. Há treze anos sou casada e há onze que esperava ansiosamente a graça de ser mãe, até que descobri que tinha endometriose profunda e que, mesmo com vários tratamentos e até mesmo alguns procedimentos cirúrgicos, não conseguia engravidar.
Os médicos me aconselharam fazer inseminação, fertilização, porque só tinha 12% de chance de engravidar naturalmente. Disse ao médico: “Doutor, esses 12% vão ser para mim 100%.” Porém, depois de três anos da cirurgia e, percebendo que não ia mesmo engravidar, Deus foi abrindo meu coração para a adoção, antes eu resistia, e comecei a pedir a Deus também que abrisse o coração de Siqueira, meu marido, que era mais fechado ainda. E um dia em que estávamos rezando o Beraká, Deus nos deu uma Palavra, na qual tinha como título “José assume a Paternidade Legal sobre Jesus” e isso foi um sinal de Deus para nós decidirmos pela adoção. Fizemos o nosso cadastro e nos habilitamos judicialmente.
Em 2018, em meio a uma crise no casamento, fomos comunicados pela justiça que havíamos sido aprovados na habilitação de adoção. Foi uma bênção para o nosso casamento. Começamos a visitar orfanatos a procura de bebês com o perfil que havíamos escolhidos: bebês de 0 a 2 anos.
A chegada da Paz e da alegria
Somente neste ano de 2020, no dia 04 de junho, sem esperarmos, nem nos prepararmos, recebemos um telefonema de uma Promotora de Justiça informando que havia uma criança de nove meses para ser adotada, se nós estávamos interessados. Naquele momento, estávamos passando por grandes dificuldades, o meu pai estava internado com Covid-19, com 50% do pulmão comprometido; minha mãe já estava com sintomas; o meu marido estava com suspeitas e já estava em isolamento e minha sogra internada com uma infecção na perna. Não havia clima nenhum para nada, minha vida estava um caos. Porém, depois que recebi aquele telefonema, fui sentindo uma grande paz, uma calmaria enorme. Então disse sim. Foi resolvido tudo muito rápido, fizemos uma vídeo conferência e, com dois dias, ela disse que eu podia arrumar a casa para receber o bebê daqui a dois dias.
Eu ainda não tinha falado para os amigos e familiares porque tinha medo de não dar certo e porque naquele momento não estava no clima, então decidi viver tudo, guardando no coração de Maria, do meu marido e no meu.
A providência de Deus
Quando fui informada que João já ia chegar, espalhei a notícia para todo mundo e eu que não tinha nada para o bebê, em poucas horas, recebi tudo através da Providência de Deus que agiu através dos irmãos.
A vida de João, que foi uma alegria para nós enquanto pais, foi também para todos aqueles que nos conheciam e sabiam deste grande sonho que tínhamos de sermos pais.
Antes de sermos contemplados com a notícia da adoção, o Alan, nosso compadre, ao deixar umas doações do programa solidário, no lar de adoção, encontrou o João e identificou nele uma ligação comigo. Ele chegou a comentar comigo, mas não dei importância, pois nem imaginava que ele era cadastrado para adoção. Quando o recebemos, percebi que era a mesma criança que Alan havia falado.
O nome dele é João Rafael, fomos ver o significado de “Rafael” e descobrimos que é “Deus curou” e ele é a cura de Deus para nós. Ele chegou em meio a tempestade que estava em nossa casa e fez o nosso coração em festa, nos sentimos privilegiados. A vida dele veio para somar em nossa casa, ele traz a alegria. Já acorda sorrindo e muitas vezes, no meu dia-a-dia, quando ele sorri, sinto como Deus sorrindo para mim.
Vou me sentindo muito cuidada por Deus sem merecimento. Ele traz muitas restrições, pois precisa tomar um leite especial, mas já veio cadastrado no programa do governo, porque o leite que toma é muito caro.
Um relato de um pai apaixonado
Para mim, como pai, o João Rafael foi uma surpresa em meio aos desafios com a saúde da minha família, o meu trabalho e tantos outros fatores. Hoje me sinto completamente feliz pelo presente de Deus, tudo o que Ele fez em nossas vidas e no nosso matrimônio.
A vida dele tem nos ensinado muito. Ensinou a nossa oferta de vida que vai para o outro, essa adoção que foi feita com amor. Faço questão de, mesmo com a carga horária pesada de trabalho, de levantar toda noite nas três vezes que ele acorda, preparar e dar o leite, colocar para dormir. De fato, ele é “um mimo de Deus” para nós.
Somos e estamos dispostos a formá-lo para o mundo de hoje, na lei de Deus, no meio da nossa Vocação e não vemos a hora de acabar essa pandemia para inseri-lo na nossa rotina como Shalom, Comunidade de Aliança.
Christiane Maia e Siqueira Júnior
Comunidade de Aliança Shalom Itapipoca