Uma das mais belas heranças da Igreja Católica é a vida dos santos. Como é maravilhoso olhar para a história cristã e contemplar o caminho de discipulado de Jesus Cristo, desde os doze primeiros apóstolos, até os santos dos tempos hodiernos, como Santa Teresa de Calcutá, Santa Dulce dos Pobres, São João Paulo II, Beata Chiara Lucce e tantos outros homens e mulheres que atenderam prontamente a um dos mais sublimes chamados divinos: “Segue-me”.
A vida dos santos atrai, socorre, intercede, sustenta, fortalece a fé, causa admiração, questiona, constrange, apaixona, enfim… inspira. E como esta é uma coluna literária, a dica de hoje é um livro escrito por uma santa, falando a respeito da obra de outro santo. E mais: uma santa escritora que se converteu ao catolicismo ao ler os escritos de outra santa. Bateu a curiosidade? Então, vamos ao que interessa: a dica de leitura de hoje.
Edith Stein nasceu em uma família de piedosos judeus em 12 de outubro de 1891, em um território que hoje pertence à Polônia. Aos quinze anos, abandonou a fé e declarou-se ateia, entretanto, tinha uma grande sede pela verdade, a qual buscou saciar através dos estudos em Filosofia, tornando-se a segunda mulher a defender uma tese de doutorado na Alemanha, no ano de 1917.
Certa noite, enquanto descansava por alguns dias na casa de um casal amigo, inicia casualmente a leitura do Livro da Vida, de Santa Teresa D’Ávila, a qual impeliu Edith a aprofundar os estudos sobre a doutrina da Igreja Católica e, dias depois, a buscar o Batismo, após participar de uma Missa. O Batismo se deu em 1º de janeiro de 1922. Doze anos depois, Edith ingressa no Carmelo no dia de Santa Teresa D’Ávila, em 15 de outubro de 1933, aos 42 anos, assumindo o nome de Teresa Benedita da Cruz, onde passa a escrever várias obras durante o intervalo das atividades como carmelita.
Dentre essas obras, está a indicação de leitura de hoje, o excelente A Ciência da Cruz, no qual Teresa expõe o seu estudo sobre os quatro principais escritos de São João da Cruz, sistematizando os pensamentos do santo e dando-nos a oportunidade de compreender mais profundamente os ensinamentos desse doutor do Tudo e Nada.
Teresa Benedita da Cruz não viveu para ver este seu último livro publicado, em 1950, pois, em 02 de agosto de 1942, é levada pelos nazistas ao campo de concentração de Auschwitz, onde foi assassinada em uma das câmaras de gás do local, entre 02 e 09 de agosto, tanto pela sua origem judia, quanto pelo seguimento à Cruz de Jesus Cristo.
Por fim, resta-nos ler e rezar com esses trechos das últimas cartas de Teresa Benedita da Cruz a suas irmãs carmelitas, nos quais expressa o seu entendimento a respeito daquilo que havia escrito, não apenas em palavras, mas em sua própria existência:
“A ciência da cruz não se pode adquirir sem que ela nos pese realmente sobre os ombros. Desde o primeiro instante eu estava convencida, e a mim mesma me dizia: Ave crux, spes unica!’”
“Mas agora se acendeu de repente uma luz em mim! Deus tinha colocado de novo sua mão bem pesada sobre seu povo e compreendi que a sorte desse povo era também a minha, e o que se poderia dizer a mim para consolo? Consolo humano certamente não há, mas quem coloca a cruz como passagem para a vida, entende que o peso se torna suave e leve”.
Ficha de Leitura
Ano: 1988
Acabamento: Brochura
Número de Páginas: 264
Boa leitura!