É quinta-feira, segundo dia da primavera.
São duas e meia. Não lembro mais quantos dias estou aqui.
Lá fora, tudo parece estar em perfeita harmonia.
Aqui dentro, tudo parece estar fora do lugar.
Olho pela janela e ninguém parece saber o que está acontecendo aqui.
Toda a agitação, todo o barulho, a notificação de um e-mail…
A terapia às 16h, a missa às 18h, os eventos, os trabalhos da faculdade…
Tudo acontece em um instante.
Na janela, às duas e meia, existem coisas novas que sempre estiveram ali.
Na minha rapidez, fui incapaz de enxergar:
O canto dos pássaros em uma árvore próxima…
O vento que batia nas folhas e parecia soar uma melodia nova…
Inédita para todos aqueles que apenas parassem para escutar.
Levantei meus olhos e vi as nuvens afastadas, o céu azul…
As árvores ali, no horizonte da vista.
Parei, respirei, deixei que o vento soprasse no meu rosto…
Lembrei da letra de uma canção, e fiz dela a minha oração.
Com o ar entrando nos meus pulmões, entendi quem sou:
Eu, tão fraca, tão pequena, incapaz de dar um passo sozinha…
Entendi que tudo fala de Ti.
Que o tempo, que a dor, que a palavra, não teriam verbo ou sentido, não teriam cor…
Se naquele instante a Tua paz não tivesse novamente me encontrado.
(Tu estás aqui)
Carol Layane
Missão de Natal