O grande Cardeal inglês John Henry Newman foi beatificado por Bento XVI a 19 de setembro de 2010, em Birmingham (Reino Unido); a sua festa litúrgica celebra-se anualmente a 9 de outubro, data que assinala sua conversão do anglicanismo ao catolicismo, em 1845. O Papa canonizou no dia 09 de outubro de 2019, o então Beato John Henry Newman (1801-1890), considerando-o como uma referência da vida eclesial no século XIX.
Newman foi um teólogo, poeta, sacerdote católico e cardeal do século XXI. Nasceu em 1801 e, antes de sua conversão ao catolicismo, foi conhecido e respeitado acadêmico de Oxford, pregador anglicano e intelectual público.
Nascido na Cidade de Londres, em 21 de fevereiro de 1801, o mais velho de seis irmãos, três homens e três mulheres; morreu em Edgbaston, Birmingham, em 11 de agosto de 1890. Houve certas discussões sobre sua ascendência com relação ao lado paterno. Porém, sabe-se que seu pai foi John Newman, um banqueiro, sua mãe Jemima Fourdrinier, de uma família Hugonote estabelecida em Londres como cinzeladores e fabricantes de papel.
Foi um dos líderes do “Movimento de Oxford” (1833), que, por meio de panfletos, defendia a continuidade entre a doutrina dos apóstolos e o anglicanismo, mas pregava uma regeneração dos costumes e da própria igreja na Inglaterra. Seu interesse genuíno pela história do cristianismo e pelo desenvolvimento da doutrina cristã o levou, contudo, ao estudo dos Santos Padres e da fé católica, à qual ele se converteu em 1845. Aos 8 de outubro desse ano, tendo deixado seu posto de tutor e professor em Oxford, Newman confessou-se e foi recebido na Igreja de Cristo. Passou a ser ignorado, evitado, a ser alvo de maledicência, deixou de ser convidado para os círculos que frequentava. Parte no ano seguinte para Roma, onde é ordenado sacerdote católico, em 1847.
Ao voltar para a Inglaterra, levou consigo a força e o testemunho da fé verdadeira: estabeleceu em Birmingham o primeiro oratório de São Felipe Néri do mundo anglófono, e começou a escrever àqueles que antes liderara no Movimento de Oxford, encorajando-os a levarem a cabo sua busca pela verdadeira Igreja e a se converterem. Em 1852, foi convidado a dar uma série de palestras em Dublin, na Irlanda, a respeito da essência do ensino universitário. Dar-se-ia aí a fundação de uma Universidade Católica, da qual ele foi o reitor de 1854 a 1858, supervisionando os projetos e a própria construção do campus.
Essas palestras, unidas a discursos e ensaios posteriores, viriam a compor o livro “The idea of a university”.
Nas duas décadas seguintes, viu-se envolvido numa série de controvérsias e de desconfianças por parte da própria Igreja, às quais respondeu com uma demonstração magna de sinceridade e entrega: escreveu a história de sua vida, a “Apologia pro vita sua” (1865), que calou os críticos e restaurou sua reputação, tanto entre católicos quanto entre anglicanos. Foi convidado a participar do Concílio Vaticano I como consultor teológico, mas declinou em vista de publicar, nessa mesma época, sua “Grammar of assent”, uma profunda investigação filosófica sobre como a pessoa humana atinge suas convicções. Em 1879, Leão XIII o nomeou Cardeal na Igreja Católica. Apesar disso, Newman não quis ser sagrado bispo, contrariando o costume, e continuou em Birmingham, no seu amado oratório, onde permaneceu escrevendo e orientando espiritualmente os fiéis. Por ocasião de sua morte, em 1890, cerca de 15 mil pessoas acompanharam o cortejo.
Existe uma diferença abissal entre a linha de pensamento de Newman e a escola de pensamento Moderna. Contrariamente à mentalidade experimentalista, é na asserção mais mediática que Newman vê maior poder, precisamente porque apresenta um grau de realidade e relação com o sujeito que a experiência intelectual em geral não costuma apresentar. Que o assentimento real é o mais próprio à condição do Homem, até os experimentalistas aceitam. Afinal, a aceitação daquilo que se vive como experiência própria como pedra de toque do conhecimento é a própria doutrina que advogam. Newman, no entanto, vai mais longe nesta possibilidade: há, de fato, experiências mais vivas que podem alterar o sentido de um assentimento real.
Newman, como todos os homens sensatos, também explica que a melhor forma de conhecimento é o assentimento real – isto é, o assentimento daquilo que provámos. Explica que o assentimento real trata de casos singulares, contra os comuns dos capitais, que o conhecimento nacional pode dar capacidade a um linguista para traduzir um tratado de economia, mas só o real é que permite perceber ao economista o que está realmente em causa.
O cardeal Newman “defendeu a vida do espírito contra as forças” que pretendiam degradar “a dignidade e destino humanos”. Nos tempos de hoje, o exemplo do cardeal Newman “é mais necessário do que nunca”, porque era capaz de “argumentar sem acusar, discordar sem desrespeitar e olhar para as diferenças como locais de encontro e não de exclusão”.
Newman foi “um dos maiores teólogos do século XIX”, refletiu sobre a fé nas sociedades seculares e “reconciliou a fé com a razão”, primeiro, através da perspectiva anglicana e, depois da sua conversão, com um olhar católico, “impressionando até os seus adversários com a sua honestidade sem medo, o seu rigor inigualável e pensamento original”.
Repropomos esse começo pelo valor simbólico que também desempenha ao retratar a busca humana e espiritual de Newman: “Guia-me, amável Luz, entre a escuridão que me rodeia. Guia-me! A noite está escura e eu estou longe de casa. Guia-me! Cuida de meus passos; não posso ver a paisagem distante. Um passo é o suficiente para mim.”.
Bruno Crizane Silva Pinheiro,
Graduando em Teologia na Facoltà di Teologia di Lugano
Consagrado da Comunidade Católica Shalom
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
NEWMAN. Jonh Henry. A ideia de uma universidade. Editora Ecclesiae.
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