Atualmente lendo Castelo Interior, escrito por Santa Teresa de Ávila, e pensando também em como começar a contar um pouco sobre o meu Trabalho de Conclusão de Curso, me vi refletindo sobre o belo mistério do tempo de Deus, principalmente, por ele estar centrado no campo das coisas Divinas e não em nossa sapiência humana.
Isto porque o agir de Deus em nossas vidas é ininterrupto e ocorre de uma forma tão extraordinária que, além de não percebermos de imediato a Sua ação, Ele já deposita no nosso hoje a graça que nos será necessária mais a frente, mesmo que não saibamos da necessidade futura.
Essa constância Divina pouco a pouco nos guia a cumprir os Seus planos, e como Santa Teresa de Ávila recomenda: não devemos desejar descobrir, ou querer perceber a todo instante o Seu agir, mas é crucial que tenhamos verdadeira confiança de que Ele age para conosco exatamente nesse momento e saibamos corresponder com a perseverança na Fé.
O que quero dizer com tudo isso, para finalmente contar sobre o trabalho que entreguei ao final da minha primeira formação superior, é que mesmo no oculto, chega o momento em que Deus nos permite visualizar com clareza o caminho que percorremos – cheios de nossas falhas e repleto da Sua infinita misericórdia -, até o ponto em que quis o Senhor nos levar. E essa é uma grande graça que acolho hoje em minha vida.
Bem, eu me chamo Delles Sassi e em 2019 me formei no curso de Cinema e Audiovisual, qual apresentei como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) uma pesquisa com o tema: Adaptação literária para roteiro de série. Onde elaborei um projeto adaptando o livro de ficção Teshuvá – O Retorno de Lisa, escrito pela missionária Josefa Alves (Comunidade de Vida).
Acontece que realizar este trabalho não era algo que eu planejava para terminar a faculdade, na realidade deveria ter me formado no primeiro semestre de 2019, porém, justamente por ter mudado o tema da minha pesquisa reprovei um semestre e só conclui o curso no final do ano. Até então, os meus planos eram de produzir um curta-metragem junto de um grande amigo (no curso podemos entregar projetos em dupla também).
E nós dois realizamos o curta, todo! Arrecadamos fundos para custear os gastos com equipe, elenco e produção no geral, escrevemos roteiro, filmamos todas as cenas e levamos para a ilha de edição. Estava tudo certo para aquele ser o nosso Trabalho de Conclusão de Curso, no entanto, ambos durante o processo de finalização chegamos a percepção de que não queríamos verdadeiramente apresentar aquele projeto.
Graças a Deus, desistir de entregá-lo não foi um abalo em nossa amizade, mesmo sendo bastante duro ter de recomeçar. Mas como diria G. K. Chesterton: “Na beira de um precipício, só há uma maneira de seguir adiante: dar um passo para trás.”. E recomeçar não foi nada fácil para mim, como disse anteriormente: eu tinha os “meus planos”, mesmo sempre buscando viver a Fé, em momento nenhum da minha formação havia pensado em me colocar como profissional sob a ótica de Deus.
No período das férias de julho, decidi esfriar um pouco a cabeça. Neste ano, durante o Renascer em fevereiro, havia ganhado da missionária Letícia Silva (Comunidade de Vida) o livro Escolhi a Santidade, sobre a vida do Ronaldo Pereira. Eu já conhecia um pouco do Ronaldo, mas nunca tinha ido mais a fundo na história de sua vida. Decidi finalmente ler e foi quando ele falava sobre a necessidade da evangelização através das artes que algo começou a mudar em mim.
Também nas férias, reencontrei Teshuvá – O Retorno de Lisa, que minha irmã Larissa Sassi, hoje neodiscípula de Aliança, tinha me presenteado lá em 2015, era a terceira vez que eu lia Teshuvá. Em 2015, ainda no ensino médio, foi uma euforia ler pela primeira vez um romance de ficção cristã, já em 2017 a leitura me reconectou com o Sagrado diante tantas coisas propostas na vida universitária, lendo em 2019 não esperava que algo novo surgisse, entretanto fui percebendo o quanto a narrativa do livro funcionava para o campo audiovisual e, de certa forma, ler me mostrava o quanto eu queria escrever.
Eu até tinha ganhado do meu pai, na época do vestibular, um livro sobre roteiro de série para televisão, mas mesmo quando estava no curso não me lançava por inteiro na área da escrita de roteiro – ainda que desde o início tivesse entrado por essa razão: para escrever histórias, algo me bloqueava. Só que de repente, eu estava digitando uma mensagem para Josefa Alves no Instagram, partilhando um pouco da minha experiência com Teshuvá e perguntando se teria a possibilidade de utilizar o livro para a pesquisa.
E então, a manifestação de Deus continuou, e foi colocando muitas pessoas incríveis que me ajudaram nesse processo – desde os missionários responsáveis pelas Edições Shalom, os amigos caros presentes na minha Obra de Difusão do Shalom em Sirinhaém-PE, e os que ganhei de forma tão especial nesse caminho como o Bruno Silva, que em janeiro de 2021 me convidou a partilhar um pouquinho desse projeto em seu Podcast do Mosteiro Literário, o que me trouxe até aqui.
Como falei antes: perceber que para essa jornada, Deus vinha me equipando há tanto tempo é uma grande graça. Eu reconheço bastante o quanto fui relutante, mas ter compreendido que Ele não só cuidava de tudo, como cuida e sempre cuidará foi outra ainda maior. Ter realizado este Trabalho de Conclusão de Curso em específico foi para mim um plano salvífico que verdadeiramente abriu meus olhos para a certeza de em: “Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor, e não para os homens.” Cl 3, 23.
Impressionante como o amor de Deus vai além de nossas expectativas .
Eu também concluí meu curso com uma obra da Shalom.
Me formei em psicologia, e no meu TCC usei como base ” O canto das Írias ” .
Foi custoso, mas deu tudo muito certo !