A Assembleia Geral Ordinária da Comunidade pode ser comparada a um grande cenáculo em que Maria, mãe de Deus, está presente. O evento teve início ontem à noite, com a realização de missa votiva a Nossa Senhora de Czestochowa. Celebrada no dia 27 de agosto, a festa da Virgem venerada especialmente no mosteiro de Jasna Gora, na Polônia, remete também ao seu grande devoto, o beato João Paulo II, em cujo pontificado a Comunidade Shalom foi fundada.
“A realização da Assembleia será para nós um momento de cura, conversão e revisão das nossas vidas”, afirmou em homilia o padre João Wilkes, membro da Comunidade de Vida Shalom. Ele ressaltou a importância do evento, que é o principal órgão de discernimento da Comunidade no que diz respeito à sua vida e ação, e o associou à materna intercessão de Nossa Senhora de Czestochowa: “Ao Santuário de Czestochowa, os poloneses tem o costume de ligar as grandes decisões da vida”.
O sacerdote recordou também a devoção mariana de João Paulo II, que consagrou o pontificado a Nossa Senhora e em diversas vezes se referiu à Virgem com este título em homilias e discursos. Ao final da homilia, consagrou a Assembleia à Maria, adaptando a oração feita por João Paulo II.
Devoção
A devoção a Nossa Senhora de Czestochowa nasce da tradição que atribui ao evangelista São Lucas a pintura de um quadro que teve como modelo Maria, mãe de Jesus. Segundo a tradição, Santa Helena, mãe do imperador romano convertido ao catolicismo Constantino, ofereceu o quadro ao marido que o conservou na capela imperial, e dele fez inúmeras cópias que foram espalhadas em muitos lugares. Uma delas resistiu através dos tempos e está no mosteiro de Jasna Gora (Monte Claro) na cidade polonesa de Czestochowa.
Essa cópia fiel esteve em diversos países até que o príncipe Ladislau, grato a Virgem por ter obtido graças extraordinárias na defesa de seu castelo, levou o quadro para a colina Jasna Góra. Com o auxílio do rei da Polônia e do povo foi construído um santuário para onde peregrinos passaram a afluir, testemunhando milagres alcançados pela intercessão de Maria.
Em 1430, numa tentativa frustrada de saquear o santuário, ladrões golpearam com espada o quadro. Ao tentar o terceiro golpe, um dos ladrões teve a mão paralisada, caído ele e seus companheiros fulminados por um raio. O quadro passou por retoques, mas as marcas do rosto que parecem cicatrizes não desapareceram.
Nascido na Polônia, João Paulo II conhecia bem essa devoção. Ele escolheu como lema do ministério sacerdotal, episcopal e petrino, “Totus Tuus”, que significa “Todo Teu”, expressando sua confiança à Virgem Maria. A letra “M” e a cor azul no seu brasão simbolizam o seu amor filial. Ao escapar do atentado sofrido em 13 de maio de 1981, na Praça de São Pedro, o pontífice atribuiu à intercessão miraculosa de Nossa Senhora o fato de ter sobrevivido.
“Aqui trago, ó Mãe, a humanidade inteira, também aqueles que ainda estão em busca do caminho rumo a Cristo. Sê para eles guia e ajuda-os a abrir-se ao Deus que vem. Mãe da fé da Igreja, assim como perseveravas no Cenáculo de Jerusalém, em oração com os discípulos de Cristo, assim está hoje conosco no Cenáculo da Igreja”, rezou o papa em junho de 1997.
Emanuele Sales
