Trabalhar o bullying é sempre um desafio, mesmo se estamos em uma escola privilegiada como o Colégio Shalom. O assunto é delicado, envolve as emoções e, por vezes, somos pegos de surpresa em meio ao turbilhão de sentimentos que esse tema pode gerar. Mas, quando temos a Graça de sermos guiados pelo Espírito Santo, nada precisamos temer.
Hoje, testemunhei mais um dia em que a Verdade sobre a dignidade da pessoa humana foi vivenciada pelos alunos do 4º ano. Imagine: uma turma toda, crianças de 9 e 10 anos, diante de um texto provocador da disciplina de Linguagens. Cada aluno com uma opinião diferente, querendo contar fatos e até expor situações vividas ….era a oportunidade que muitos encontraram para desabafar, receber ou dar apoio, enfim a sala estava em polvorosa. Vivi como professor aquela famosa frase shalomita: “um saco de gato com o Espírito Santo dentro”. Propus então uma atividade prática, em que eu interpretaria uma menina que passou a usar óculos na escola. Três alunos vivenciariam a prática de bullying contra mim e o restante da turma apresentaria argumentos a meu favor. Usamos de muita sonoplastia (som do telefone tocando, som de choro, etc.) e muita encenação para viver de forma mais leve algo que é tão profundo e deixa tantas marcas.
As palavras não conseguem ser fiéis à experiência vivida nesse momento.
Para minha surpresa, um dos alunos que viveu o acusador se desculpou ao final da cena, mesmo não estando no script do combinado. Ele simplesmente entendeu que as ofensas eram totalmente infundadas. De repente, as câmeras iam mostrando os demais alunos usando óculos das mais variadas formas e eu não segurei a emoção. Logo, remeti ao projeto “Empatia” que o Colégio estava desenvolvendo durante o mês de abril. Eles haviam entendido tudo! E ainda mostraram na prática e da maneira mais linda que, sim, podemos nos colocar no lugar do outro, já que a nossa dignidade é muito mais que usar ou não usar um simples óculos. Percebi que eles aprendem como Santa Teresinha: “somos o que Deus pensa de nós”.
E como se não bastasse todas as demonstrações de empatia, vejo na câmera o Tomás ( um aluno muito especial ) cantando e dançando uma música que aos poucos arrastou toda a turma: “Você não é igual a mim \ Eu não sou igual a você \Mas nada disso importa \Pois a gente se gosta \E é sempre assim que deve ser”.
Terminei a aula com uma certeza, mesmo neste tempo tão difícil pelo qual a humanidade passa: eis que o Senhor faz uma Obra Nova, e nas crianças ela já surge, não a vedes?
Janielle Alves CB de Paula, Professora do 4° ano do Colégio Shalom