Shalom

Ser mãe é uma missão sublime, é um amor em ação

Conheça a história desta mãe de oito filhos, casada, consagrada na comunidade de vida, que com muita organização e zelo, consegue administrar a família e evangelizar pelas redes sociais.

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Neste final de semana, comemoramos uma data muito especial  — o Dia das Mães  — e quão importante é ter uma mulher como referencial, a quem se pode pedir colo, abrigo, aconchego. Ser Mãe é algo tão alto e digno de amor que até Deus quis ter uma: Maria!

Hoje, vamos conhecer a Stela Rabelo Rocha Cavalcanti, 39 anos, natural de São Paulo e que hoje mora na sede do Governo da Comunidade Shalom, a Diaconia Geral. É missionária da Comunidade de Vida, casada com Éder Queiroz Cavalcanti, mãe de oito filhos (Ester Maria, 10 anos; Josué, 8; Judite Maria, 6; Rute Maria, 4; José, com 2 anos; além de três filhos já no céu)  e ainda consegue partilhar um pouco da vida dela nas redes sociais, evangelizando.

Stela, após viver a consagração e discernir seu estado de vida  — o matrimônio  — vive-o dentro do carisma da Comunidade de Vida e pode colher, com imensa graça, os desafios desta vocação.

“Como Comunidade de Vida, nos preparamos para o matrimônio através de retiros, estudos sobre temas a respeito da missão do matrimônio na Igreja, e muita oração. O objetivo é formar nossa consciência para o compromisso que vamos assumir diante de Deus e da sociedade. É preciso saber das consequências que acontecem com o matrimônio”, explica.

Stela Cavalcanti e família

A missionária partilhou sobre as oito gestações que teve, e também sobre um problema de coagulação sanguínea que ocasionou três abortos, fazendo com que cada gestação tivesse um risco maior. Antes do casamento, eles já faziam planos. O marido dizia que queria ter quatro filhos, e ela dizia que queria ter oito, deste modo, pensaram que teriam uma média de seis filhos.

Entretanto, ao assumirem o sacramento matrimonial, e também pelas experiências da vida de oração viam que não se tratava somente da vontade do casal, mas sim, da vontade de Deus.

“A gente casa para fazer a vontade de Deus. Então, entendemos que deveríamos acolher todos os filhos que o Senhor nos confiasse.  E, essa promessa fizemos na hora do Sacramento do matrimônio. Não imaginávamos que iríamos ter esses filhos”.

Mesmo com a preocupação de cada gestação, o casal sempre foi aberto à vida e confia totalmente em Deus.

“O Senhor é o Senhor da vida. Foi muito difícil perder os nossos filhos, mas é uma graça saber que nós temos intercessores no céu. Saber que geramos filhos para o céu. Mesmo aqueles que estão conosco,  geramos para eternidade, para que eles possam também cumprir a sua missão aqui. Missão que os levará para a eternidade. Saber que nós [os pais] já cumprimos a nossa missão com três filhos faz com que acolhamos a graça. Sinal de missão cumprida”, afirma Stela.

Ser mãe é uma realização, é uma missão confiada por Deus, mas é também uma realização pessoal que não exclui tantos desafios, como o cansaço. A maternidade é um dom divino, que exige integridade, amor, sacrifícios e muita decisão por dar-se totalmente à família. Ela define a si mesma assim: “Eu sou Estela, Shalom, Comunidade de vida, esposa e mãe. Não dá para se separar nenhuma dessas realidades. Antes de ser esposa, ser Shalom. Antes de ser Shalom, ser mãe”. Esta graça, nesta vocação, é o desafio e o caminho de santidade que Deus propõe a ela. “Tentar conciliar, corresponder a esse chamado total, como Shalom, Comunidade de vida, como mãe, esposa, consagrada. É até uma arte, a que eu tento todos os dias corresponder e, às vezes ou sempre,  com muitas falhas, muitas lacunas, mas sempre tentando nunca desistindo. Acho que esse é o segredo.

A estranheza em ter uma família numerosa

E como faz essa mãe virtuosa dar conta de tudo? Ela explica como é a rotina, não para se engessarem, mas, de uma forma saudável, para priorizar o que é mais importante.

Há hora de estudar, de brincar, de rezar, de fazer as refeições, de cumprir com os trabalhos dentro dos apostolados que lhes foram confiados e, claro, de poder curtir um tempo a sós entre o casal. Eles possuem uma realidade particular, por serem da Comunidade de Vida. Porém, com uma disciplina estabelecida, conseguem administrar bem, sem “enlouquecer”.

Ser mãe de cinco filhos nascidos causa estranheza e até reações de escândalo, mas Stela ri da situação, pois ela não se incomoda. Alguns a admiram, outros ficam inconformados. Mas, para ela,  o que tem relevância é saber que toda a vida familiar é fundamentada na vontade de Deus. Inclusive, os filhos pedem e rezam sempre por mais um bebê e não compreendem quando algum amigo não tem irmãos.

“Uma vez, escutamos que o maior presente que podemos dar ao nosso filho não são boas escolas, boas estruturas, bons brinquedos, boas viagens, mas o melhor presente que podemos dar ao nosso filho é um irmão. Na nossa vida atestamos que isso é uma grande verdade quando olhamos para nossa família e para os nossos filhos. Percebemos que o maior bem que eles podem ter, nessa terra, humanamente falando, especialmente neste tempo em que vivem é um ao outro”, ela afirma.

Evangelização nas redes sociais

Stela é instrumento de evangelização, e isso precisa transbordar primeiramente aos que estão perto, ou seja, aos filhos e ao marido. A oferta de vida, entrega aos planos de Deus, coragem e fidelidade nos mostram como viver a simplicidade e a grandeza do Evangelho. O amor que ela tem por Cristo que a amou primeiro, ela transfigura para os que estão e cruzam os caminhos dela. Já a evangelização pelo Instagram era algo que vinha sendo solicitado e, com a pandemia, algumas pessoas começaram a procurá-la por meio da rede social. Depois de um momento de oração, o Senhor lhe revelou uma palavra que a mandava ir ao encontro das ovelhas que estavam perdidas. Porém, sem poder sair de casa, sentiu que era o momento de se expor para, através da vivência, das dores e alegrias, das fraquezas e virtudes, dos erros e acertos, alcançar a muito que já são chamados a serem luz para tantos povos.

Toda mulher é chamada a algum ato de coragem, de confiar e entregar-se aos planos de Deus, pois há muito que Ele deseja fazer na vida da humanidade por meio daquelas que se deixaram inspirar pelo exemplo de Maria. Stela, neste momento, tem como desafio a evangelização pelas redes sociais, e o exercício da maternidade.

“Tinha várias ressalvas e até preconceitos, mas na medida em que fui me lançando, via claramente a graça de Deus agir através da partilha do cotidiano. Tantas pessoas entraram em nossas vidas, em minha vida, através da rede social e foram também canais de Deus para mim e para minha família. Não posso deixar de testemunhar o quanto vejo que Deus me livrou de tudo para ir ao encontro de muitas pessoas com suas dores e suas feridas, especialmente aquelas com falta de esperança em relação à família, e tem sido realmente um grande meio de evangelização. Às vezes não consigo dar a atenção que gostaria, mas sei que é assim que as coisas acontecem: ‘nós entregamos os nossos cinco pães e dois peixinhos e o Senhor faz multiplicar’. O perfil, @stelacavalcanti_relatos  me devolveu a grande alegria de ir ao encontro de ao menos uma pessoa por dia e anunciar o amor de Deus. Cristo vive e assim é possível sermos uma nova família.”

Para encerrar, deixamos esse relato sobre o que é ser mãe do ponto de vista dessa mulher, exemplo de maternidade e missionariedade:

“Sou muito grata a Deus por ser mãe. Ser mãe é ser mulher. Toda mulher – mesmo aquela que não será mãe biológica, seja por impedimento biológico, ou por opção, ou por voto – tem em si a vocação à maternidade.

Ser mãe é ser mulher, é uma vocação, é uma missão e é uma grande realização! É uma encarnação do amor!

Sempre rezo para que meus filhos encontrem o seu caminho e a sua vocação porque não há maior realização do que estar na vontade de Deus com todas as suas provações. Por isso, digo que ser mãe consagrada, ter uma família com alguns filhos – de verdade, não considero muitos, são apenas cinco ou oito – é uma grande graça.

Encontrei o meu lugar aqui na terra, e espero que aqui o Senhor venha me recolher para levar à eternidade. Acredito que as pessoas serão realizadas quando encontrarem o seu lugar, ou seja, quando encontrarem a vontade de Deus para sua vida.

Outro dia me encontrei com uma mulher que era manicure, também casada e com filhos, e ela se sentia completamente encontrada na sua vocação, na sua profissão, na sua vivência da religião, uma mulher tão de Deus, tão de fé, que irradiava alegria. Creio que é isso! 

Encontrar na sua vida a sua missão. Não esperar que as coisas, pessoas ou situações mudem para que você possa mudar, ou dar uma resposta.

Falando para as mães, nesse dia que se aproxima o dia das mães: ser mãe muitas vezes não é fácil, é extremamente exigente, às vezes chega à exaustão. Eu sei disso. Ser mãe é amar gratuitamente, sem esperar obter retorno.  Não criemos expectativas em relação aos nossos filhos, o melhor que podemos fazer é rezar e trabalhar para que eles encontrem a vontade de Deus para suas vidas e a sigam até o fim.

Todas as outras pessoas podem ser muita coisa para seu filho, mas só você, só você, pode ser MÃE! Não se omita desse papel, nem o rejeite. Essa missão é nobre e grande, mesmo que vivamos no escondimento de nossas casas em nosso dia a dia. É uma missão gigante! Zelar pela alma de pessoas e formá-las para serem homens e mulheres que amem e façam o bem, e que sejam capazes de viver plenamente sua vocação!


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