Um “novo normal” na arte de evangelizar
Sabemos que, devido à pandemia, passamos a viver bastantes adaptações no cotidiano com o qual já estávamos acostumados. Com a série de medidas de distanciamento e isolamento social, por precaução e cuidado, passamos a ficar mais “em casa”. A evangelização precisou dar respostas a esse novo contexto e, com isso, primeiramente as missas passaram a ser somente on-line.
De repente, os retiros, assembleias, formações e reuniões, para acontecer, precisaram estar adequados ao formato digital. Quase tudo precisou ser modelado a um “novo normal”. Assim, o que antes era feito no olho, através do contato pessoal e das inúmeras interações – por exemplo, para um animador, pregador ou coordenador de algum momento oracional -, passou a ser feito diante de uma câmera: “liguem suas câmeras… fixem a tela aqui… oi, você está aí?. Fomos, de certa forma, obrigados a nos adaptar a uma aglomeração virtual.
Evangelizadores colocados à prova
Imagine uma pessoa que precisa questionar não ter uma resposta e não ver o pessoal interagindo. De questões como essas, as dúvidas passam a surgir. Afinal, “será que vale mesmo a pena continuar essas transmissões e fazer tudo o que antes era feito em uma sala cheia somente pelas telas? Será que as pessoas rezam e sentem Deus assim? É possível alguém ser convertido deste modo?”.
Uma resposta de fé
Já te adianto que as respostas para tais dúvidas vieram diante de um generoso “sim”. Sim, vale a pena permanecer a evangelização neste tempo de pandemia. Sim, vale a pena aprender a superar cada desafio. Sim, vale a pena vencer a vergonha, o medo e a timidez.
O continente digital abriu portas para novas oportunidades e formas de relacionamento. Por meio da Internet, é possível chegar a lugares onde fisicamente não se chegava.
Pessoas reais no universo virtual
Sidney, 24 anos, é discípulo da Comunidade de Vida, natural de São Paulo (SP), mora atualmente em Fortaleza, trabalha no Centro de Evangelização do Shalom da Paz e é o atual responsável pelo Setor kerigma da capital junto à Coordenação Apostólica.
Ele conta que, devido a este modo online, começou a missão no apostolado desesperançado, muito questionado a saber se daria certo a evangelização dessa nova maneira. Em suas orações, dizia a Deus: “Senhor, o povo está cansado nessa pandemia, perdendo a esperança”. Foi surpreendido com a resposta do próprio Deus de uma forma enfática: “vocês sofrem, mas têm a Mim, muitos lá fora sofrem, mas não Me conhecem e não têm ninguém. Ide e consolai o Meu povo que está sofrendo”. A partir disso, Deus foi surpreendendo sempre mais e, nas orações, pedia que toda a equipe fosse consolar este povo que sofre.
Neste tempo de dar consolo aos que sofrem e estão desesperançados, marcados por perdas e lutos, ao longo deste período pandêmico, o Setor Kerigma atendeu mais de 12 mil pessoas por meio do serviço de oração e aconselhamento.
“Tudo o que Ele faz é para salvar o homem. Deus em tudo deseja se comunicar e, por isso, Ele nos deu meios de anunciar e evangelizar no continente digital”, afirma o missionário que, mesmo com dificuldade em gravar, em precisar se expor a, por exemplo, conduzir um Seminário de Vida no Espírito Santo na frente de um computador, permaneceu fiel ao apelo da evangelização.
Sidney relata que para ele tudo isso era muito difícil, além de, no começo, ter muita incredulidade, por não acreditar que esse servir daria frutos. Mesmo assim, em um dos seminários em que pregou e conduziu alguns momentos, ministrou tudo como se fosse com a presença dos participantes e testemunha
“um dia, após a missa no Shalom da Paz, um casal veio falar comigo, me chamaram pelo nome, eu não os conhecia. A esposa disse ‘você não nos conhece, mas nós conhecemos você, nós participamos do seminário que você estava e te queremos agradecer, estamos muito felizes e agora participamos de um grupo de oração’, eles tiveram uma experiência com Deus de forma on-line. Saí do centro de evangelização desnorteado. Deus fala e atrai o povo da forma como Ele quer, quantos são alcançados assim, nesse continente digital.”
Pensando nos 39 anos da Comunidade Católica Shalom, o missionário espera que, após já serem emergidos e lançados no continente digital, os evangelizadores possam acolher a ferramenta que Deus dá neste tempo e, assim, sejam renovados nos dons e carismas, além de, junto com os irmãos, renovarem a experiência com o Espírito Santo, tornando-se evangelizadores com autenticidade.
“Ser Shalom é ser feliz, uma felicidade que passa pela renúncia, coragem e disposição, e sobretudo pela evangelização. Em um caminho de intimidade com Deus, que me faz renunciar, ter coragem e estar disposto a seguir neste caminho de desafios, mas de muita alegrias e vitórias“.
As ações estratégicas para a evangelização no formato on-line são um desafio, mas também uma graça de alcançar novos públicos, pessoas que não seriam alcançadas, talvez, de forma presencial. Deus se manifesta cuidando e direcionado o olhar para o céu. Em meio a esta pandemia, mesmo pelas perdas, há muitas pessoas sendo salvas e que, de uma maneira inesperada, assistem um encontro, uma missa, uma live oracional e assim conhecem a Deus.
Aos que são desafiados a evangelizar pelos meios digitais, lembrem-se de que do outro lado da câmera, do celular ou do computador, há uma alma sedenta por Deus.
“Não desistam, sigam em frente, avancem, há um coração pulsante que precisa conhecer a Deus, e para isso nós somos missionários”, aconselha Sidney.
