Paulino de Nola é considerado um dos grandes Padres da Igreja do Ocidente, foi contemporâneo de Santo Agostinho e, assim como ele, muito ajudou a Igreja no campo doutrinário e teológico. Era um jovem francês de temperamento artístico, descendente de uma rica família da elite do poderoso Império Romano. Nasceu em 355, em Bordeaux, lugar esse, onde tudo favoreceu para que pudesse desenvolver uma promissora carreira no mundo político.
Tinha ali grandes e influentes relações, tanto, que rapidamente tornou-se cônsul substituto e governador da Campânia. A bondade e providência de Deus fizeram com que esse servo tivesse um feliz encontro com dois outros gigantes: Santo Ambrósio, então bispo de Milão, e o jovem e futuro doutor da Igreja Santo Agostinho de Hipona. A partir disso, Paulino recebeu o santo batismo aos 25 anos, um ano antes, havia se casado com uma jovem chamada Terásia. Esse servo fiel era admirado e respeitado por sua sabedoria e fidelidade a Deus.
Um fato importante foi que, após a morte prematura do único filho, chamado Celso, ele e sua esposa tomaram uma decisão bastante curiosa. De comum acordo, resolveram dedicar-se inteiramente a Deus, por meio de uma vida de ascese e penitência, abstendo-se, inclusive, no caso deles, do lícito e legítimo ato conjugal. Tinham como inspiração os modelos de vida dos monges do deserto, muito em moda no Oriente da época.
De comum acordo ainda, desvencilharam-se das grandes riquezas que possuíam, distribuindo-as em vários lugares aos pobres. A Partir dali, deram início a uma vida sem precedentes para um casal de leigos, em profunda oração e ascese. Paulino era muito conhecido e admirado na alta sociedade. Era querido também pelo povo simples e pelos pobres. Por fim, Paulino pediu ao bispo de Barcelona que o ordenasse presbítero, para dar apoio espiritual a esses pequenos. Ele realmente foi ordenado e mudou-se para Campânia, a fim de construir um santuário em honra a São Félix, dando início a uma comunidade religiosa.
Paulino foi um grande poeta, escritor e pregador. Algum tempo depois, foi sagrado bispo de Nola, em Nápoles, ministério que exerceu até sua morte, em 431.
Defensores da fé e da moral, doa a quem doer
Já os outros dois grandes santos recordados pela Igreja neste dia são o cardeal João Fisher e Tomás More.
João Fisher nasceu em 1469, em Yorkshire, na Inglaterra e desenvolveu seus estudos em Cambridge, onde foi nomeado vice-reitor e ordenado sacerdote, exercendo depois a função de chanceler da mesma universidade, até a morte. Por sua reconhecida sabedoria, foi escolhido como orientador espiritual da Rainha Margareth, que decidiu abdicar do trono real para se tornar monja. Fisher foi um grande escritor e defendeu com empenho a fé e moral da Igreja. Aos trinta e cinco anos, sagrou-se bispo de Rochester. Quando a doutrina de Martinho Lutero chegou à Inglaterra, o bispo Fisher foi um dos que mais a combateram.
Um conhecido fato que marcou seu destino foi o cisma da Inglaterra com a Igreja Católica. Após envolver-se com uma amante, o rei Henrique VIII quis que a Igreja anulasse o seu casamento com Catarina de Aragão. Contudo, quando o Bispo Fisher analisou o pedido, verificou que não era caso de anulação. Contudo, com imposição e insistência, o rei inglês se autodeclarou o chefe da Igreja no país. É nesse contexto de conflitos éticos, religiosos e políticos, que o testemunho de São João Fisher se tornaria tão profético.
Ele não se calou no anúncio da verdade, nem mesmo diante de um perigoso, poderoso e equivocado monarca. Por sua fidelidade, pagou um preço alto, pois, após reprovar a vida do rei, foi condenado à morte. Quando se viu diante do fim iminente, disse a todos que era pela fé da Igreja Católica e de Cristo que ele se encontrava ali. Assim, no ano de 1535, seu sangue foi derramado e ele se uniu definitivamente a Jesus, a Paz completa e real que havia encontrado e anunciado com ardor. Tornou-se, desse modo, um grande testemunho e mártir da Igreja.
Um santo pai de família
No mesmo ano em que morreu São João Fisher, foi martirizado também São Tomás More, um virtuoso pai de família, escritor, diplomata, doutor em Direito pela Universidade de Oxford e que pertencia à Ordem Terceira Franciscana.
Ele tinha muita influência no meio universitário e político. Era chanceler do Parlamento Inglês durante o reinado do mesmo rei Henrique VIII. Por sua manifesta oposição ao cisma promovido pelo rei, Tomás também glorificou a Jesus, o Shalom do Pai, por meio do martírio. Após um período preso na Torre de Londres, na qual entrou por um portão que era destinado aos traidores da coroa britânica, foi decapitado, deixando um testemunho de amor e fidelidade a Deus, a toda prova.
Tomás More foi declarado por João Paulo II como patrono dos governantes e políticos em 31 de outubro de 2000. Na ocasião, o Papa exaltou as grandes virtudes deste santo, dizendo: “Constatando a firmeza irremovível com que ele recusava qualquer compromisso contra a própria consciência, o rei mandou prendê-lo, em 1534, na Torre de Londres, onde foi sujeito a várias formas de pressão psicológica. Mas Tomás More não se deixou vencer, recusando prestar o juramento que lhe fora pedido, porque comportaria a aceitação dum sistema político e eclesiástico que preparava o terreno para um despotismo incontrolável. Ao longo do processo que lhe moveram, pronunciou uma ardente apologia das suas convicções sobre a indissolubilidade do matrimônio, o respeito pelo patrimônio jurídico inspirado aos valores cristãos, a liberdade da Igreja face ao Estado”.
Esses servos não se renderam nem se venderam diante dos poderes e glórias deste mundo. Entenderam que sua lealdade aos legítimos poderes do estado não poderia jamais estar acima de sua consciência e fidelidade a Deus.
São Paulino de Nola, São João Fisher e São Tomás More, rogai por nós.