O Papa Francisco rezou a oração mariana do Angelus, deste domingo (25/07), da janela do apartamento pontifício, com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro. Na alocução que precedeu a oração, Francisco recordou o Evangelho da Liturgia do dia que narra o famoso episódio da multiplicação dos pães e peixes, com o qual Jesus alimentou cerca de 5 mil pessoas que foram ouvi-lo.
Segundo o Papa, “é interessante ver como acontece este milagre: Jesus não cria os pães e os peixes do nada, mas age a partir do que os discípulos lhe trazem. Um deles diz: “Há aqui um menino que tem cinco pães de cevada e dois peixes; mas o que é isso para tanta gente”? “É pouco, não é nada, mas é o suficiente para Jesus”, disse o Pontífice.
Um grande ensinamento para nós
“Vamos agora tentar nos colocar no lugar daquele menino”, disse Francisco, acrescentando:
Os discípulos lhe pedem para partilhar tudo o que ele tem para comer. Parece uma proposta insensata, aliás, injusta. Por que privar uma pessoa, principalmente um menino, do que ele trouxe de casa e tem o direito de guardar para si? Por que tirar de uma pessoa o que não é suficiente para alimentar a todos? Humanamente, é ilógico. Mas não para Deus. Pelo contrário, graças a esse pequeno dom gratuito e, portanto, heroico, Jesus pode alimentar a todos. Este é um grande ensinamento para nós. Ele nos diz que o Senhor pode fazer muito com o pouco que colocamos à sua disposição.
A seguir, o Papa disse que seria bom perguntar-nos todos os dias: “O que eu levo para Jesus hoje?” “Ele pode fazer muito com uma oração nossa, com um gesto de caridade para com os outros, até mesmo com a nossa miséria entregue à sua misericórdia. Deus ama agir assim: Ele faz grandes coisas a partir de coisas pequenas e gratuitas”, sublinhou.
Jesus nos pede para doar, para diminuir
A seguir, Francisco recordou que todos os grandes protagonistas da Bíblia, de Abraão a Maria, e também o menino citado no Evangelho de hoje, mostram esta lógica da pequenez e do dom.
A lógica do dom é muito diferente da nossa. Nós buscamos acumular e aumentar o que temos. Em vez disso, Jesus nos pede para doar, para diminuir. Nós amamos acrescentar, gostamos de adicionar. Jesus gosta de subtrair, de tirar alguma coisa para dar aos outros. Nós queremos multiplicar para nós. Jesus aprecia quando dividimos com os outros, quando partilhamos. É curioso que nos relatos da multiplicação dos pães presentes nos Evangelhos, o verbo “multiplicar” nunca aparece. Pelo contrário, os verbos usados são de sinal oposto: “partir”, “dar”, “distribuir”. O verdadeiro milagre, diz Jesus, não é a multiplicação que produz glória e poder, mas a divisão, a partilha, que aumenta o amor e permite que Deus realize maravilhas. Vamos compartilhar mais: experimentar este caminho Jesus nos ensina.
Fome que afeta particularmente as crianças
Francisco recordou que “também hoje, a multiplicação de bens não resolve os problemas sem uma partilha justa”.
Vem à mente a tragédia da fome que afeta particularmente as crianças. Foi calculado que todos os dias no mundo cerca de sete mil crianças abaixo de cinco anos morrem por causa da desnutrição. Porque não têm o necessário para viver. Diante de escândalos como estes, Jesus também nos faz um convite, um convite semelhante ao que provavelmente recebeu o menino do Evangelho, que não tem nome e no qual todos nós podemos nos ver: “Coragem, doa o pouco que tem, os seus talentos e seus bens, coloque-os à disposição de Jesus e dos irmãos. Não tenha medo, nada será perdido, porque se você partilha, Deus multiplica. Expulse a falsa modéstia de se sentir inadequado, confie. Acredite no amor, no poder do serviço, na força da gratuidade.
O Papa concluiu sua alocução, pedindo “que a Virgem Maria, que respondeu “sim” à proposta inaudita de Deus, nos ajude a abrir o coração para os convites do Senhor e para as necessidades dos outros”.