Hoje a Igreja faz memória de um grande santo. No Evangelho, Jesus ensina que: “A árvore boa dá bons frutos.” (Lc 6,43-49). Tanto, que a procura do cultivo desta árvore é proporcional à intensidade com que seus frutos são procurados. Desse modo, a Igreja nos recorda a vida de Santo Inácio de Loyola. Esse servo de Deus foi um instrumento da graça, um servo dócil às inspirações do Senhor, um grande colaborador para o surgimento de uma obra nova, uma congregação que se tornou uma fábrica de santos, de mártires e grandes mestres de fé na Igreja. Trata-se de Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus, conhecidos também como Jesuítas. Ele nasceu em 1491, no Castelo de Loyola, em Azpeitia, região basca ao norte da Espanha. Era membro de uma família muito cristã, de um grupo de nobres, cujos tesouros vinham do cultivo da terra. Inácio foi o caçula de um grupo de 13 filhos. Foi batizado com o nome de Iñigo. Mais tarde, porém, mudou seu nome, passando a se apresentar como Inácio.
No ano de 1506, Inácio, que estava com aproximadamente 15 anos, colocou-se a serviço de Juan Velázquez de Cuéllar, na época, ministro do Tesouro Real, durante o reinado do Rei Fernando de Aragão. Sob a supervisão e cuidados desse mestre, recebeu sólida formação, aprofundou sua bagagem cultural e tornou-se um exímio cavaleiro. Amava as aventuras e atuações militares. Tanto, que mais tarde descreveria em sua biografia que, até os 26 anos de idade, “tinha sido um homem entregue às vaidades do mundo”. Sua história, entretanto, começou a mudar no ano de 1517, quando o ministro Juan Velázquez sucumbiu e Inácio passou a servir ao duque de Nájera e vice-rei de Navarra, Antonio Manrique, participando de vários combates militares.
Após uma queda, começou a descobrir novos anseios na vida
Em 20 de maio de 1521, ao tentar, sem sucesso, proteger Pamplona (capital de Navarra) dos invasores franceses, Inácio foi ferido por uma bala de canhão que, além de partir sua perna direita, deixou lesões profundas na esquerda. O grave ferimento foi fundamental para a mudança radical que aconteceria em sua vida. Sua queda lembra um outro importante personagem da Igreja, o apóstolo São Paulo, que começou ali a ser impactado pelo choque da ressurreição de Jesus (cf. At 9,4;22,7).
Enquanto se recuperava dos ferimentos no corpo e na alma no Castelo de Loyola, devido a ausência dos livros de Cavalarias, lutas e combates, que eram seus preferidos, Inácio dedicou-se à leitura de obras que tratavam da Vida de Cristo e da história da Igreja, entre estas, a escrita por Ludolfo da Saxônia, e de uma coletânea sobre a Vida dos Santos. Assim, foi após o contato com esses livros que começou a despertar em seu coração novos anseios. Percebeu que as conquistas deste mundo eram vazias e ilusórias. Em contrapartida, a entrega de vida a Jesus Cristo enchia seu coração de uma alegria profunda e duradoura. Inácio viu nessas consolações um sinal de Deus.
Mudança de coração é uma mudança de vida
Após sua recuperação física e com o forte desejo de mudanças em sua vida espiritual, Inácio decidiu partir rumo a Jerusalém, saindo de Loyola e seguindo em peregrinação para Montserrat. No caminho, doou suas roupas de fidalgo a um pobre e passou a usar trajes rústicos. Após uma noite de oração e mergulho em Deus, deixou suas armas diante do altar da Igreja de Nossa Senhora de Montserrat.
Em seguida, dirigiu-se para Manresa, onde abrigou-se em uma cova, vivendo como eremita e mendigo, passando por duras necessidades. Mas seu objetivo, entretanto, era maior: Inácio desejava ter tranquilidade para rezar e fazer anotações em um caderno que, mais tarde, iria se transformar no famoso livro dos Exercícios Espirituais, considerado até hoje um de seus mais importantes legados. Após essa experiência, seguiu em sua longa peregrinação até Jerusalém, onde permaneceu por um tempo.
De volta à Europa, sofreu perseguições e incompreensões que lhe fizeram perceber a necessidade de estudar para melhor ajudar os outros. A cidade escolhida para dedicar-se aos estudos de Filosofia e Teologia foi Paris, na França, onde em pouco tempo conseguiu agrupar a seu redor outros estudantes a quem passou a chamar de companheiros ou amigos no Senhor. Esse foi o primeiro esboço do que seria mais tarde a Companhia de Jesus.
Conhece-se a árvore pelos frutos
Em 15 de agosto de 1534, na capela de Montmartre, em Paris, Inácio e 06 companheiros (Francisco Xavier, Pedro Fabro, Afonso Bobadilha, Diogo Laínez, Afonso Salmeirão e Simão Rodrigues) fizeram votos de dedicação ao bem dos homens, sempre imitando Cristo, peregrinando em lugares santos e apresentando-se ao Papa, com o objetivo de se colocarem à disposição do pastor supremos da Igreja. Um ano depois, os votos foram renovados por eles e mais três companheiros: Cláudio Jairo, João Codure e Pascásio Broet.
Por meio da bula Regimini Militantis Ecclesiae, a Companhia de Jesus (em latim, Societas Iesu, S. J.) foi aprovada oficialmente pelo Papa Paulo III, em 27 de setembro de 1540. No ano seguinte, 1541, Inácio foi eleito o primeiro Superior Geral da Ordem, passando a viver em Roma (Itália). Dedicou-se à função preparando e enviando os jesuítas ao mundo todo, servindo à Igreja e escrevendo as Constituições da Companhia de Jesus. Em 31 de julho de 1556, muito debilitado, Inácio morreu em Roma. Sua canonização aconteceu em 12 de março de 1622, pelo Papa Gregório XV.
Que Deus nos abençoe pela intercessão desse servo e missionário fiel. Que a seu exemplo, nunca esmoreça nosso ardor em anunciar Jesus, a paz completa de Deus entre nós.
Santo Inácio, rogai por nós.