Formação

Nossa Senhora das Dores, um ícone de sentido existencial para pequenas ou grandes provas da vida

A devoção à Mater Dolorosa iniciou-se em 1221, no Mosteiro de Schönau, na Germânia. Deve o seu nome às Sete Dores da Virgem Maria.

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Foto: Karen Favacho

Ontem, dia 14, a Igreja, nos motivou a celebrar com grande louvor a Deus, a Exaltação da Santa Cruz de Cristo. Hoje, dia 15, ela também nos motiva a voltarmos nosso coração para outra celebração, a de Nossa Senhora das Dores.

Meditar sobre a pessoa e a missão de Maria com esse título, logo após a celebração da Exaltação da Santa Cruz, é bem sugestivo. Sabe por quê? Depois de Jesus, só ela soube, por experiência, o que foi o sacrifício da paixão, crucificação, morte e ressurreição. Naturalmente falando, o normal e o previsível é que os pais morram antes dos filhos. A experiência de um pai, mas principalmente de uma mãe, de presenciar a morte de um filho é algo extremamente doloroso, pois, nesse acontecimento, ela vê morrer alguém que ela não só ama, mas que ainda gerou no próprio corpo e viu nascer.

Maria, esta santa Mãe, não só sepultou seu Filho, depois de receber a notícia de sua morte, o que já seria de antemão uma imensa dor. Mais do que isso, ela presenciou, ao vivo e a cores, cada segundo de sofrimento vividos por ele, antes de morrer. Assistiu seu julgamento injusto, ouviu os gritos, vaias, cusparadas e pedradas recebidas do povo. A dor, sobretudo quando intensa, é algo que invoca emoções e fantasias. Muitas vezes a dor é tão incapacitante, a ponto de gerar dúvidas, incertezas, desinstalação e desfiguração dos sentidos. A dor, sem algum grau de
sentido, nos deixa cegos ou vendo de forma confusa os objetos e os acontecimentos.

Uma mãe de pé, sinal de quem via luz e vida, mesmo nas trevas da morte e da dor

O Evangelho, no entanto, ao narrar as cenas da paixão de Jesus, seus sofrimentos e humilhações, deixou um detalhe curioso, que pode passar despercebido por um leitor desatento.

Veja: “Perto da cruz de Jesus, estavam de pé sua mãe e a irmã da sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena. Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse à mãe: ‘Mulher, este é o teu filho’. Depois disse ao discípulo: ‘Esta é a tua mãe’. Daquela hora em diante, o discípulo a acolheu consigo” (Jo 19,25-27).

Como podemos ver no texto, Nossa Senhora estava de pé. Sempre me pergunto, ao ler essa passagem: “Que mãe conseguiria permanecer de pé, diante de uma cena tão dolorosa, tão humilhante, sofrida e vivenciada por um filho, um fruto de suas entranhas?” Imagino, às vezes, o turbilhão de cenas e de recordações que invadiram sua alma e coração, nesse momento de dor. O anúncio do anjo (cf. Lc 1,26-38); as suspeitas iniciais de José, seu esposo (cf. Mt 1,18-24); o nascimento do Menino com tão pouca estrutura de apoio (cf. Mt 2,2); a fuga para o Egito (cf. Mt 2:13- 23); depois, ainda, seu primeiro milagre nas bodas de Caná, com um detalhe importante: atendendo a seu pedido materno (cf.Jo 2,1-11).

No momento da Cruz, essa santa telespectadora, que já havia assistido a tudo aquilo, assistiu também, de pé, a oferta de seu amado Jesus, fruto de suas entranhas. O amor e a confiança em Deus, tão concretos na alma e no coração de Maria, foram justamente o “turbilhão energético da graça”, que lhe permitiram ver e viver tudo aquilo sem se prostrar pela dor.

Realmente, quem tem sentido de vida, pode suportar qualquer coisa. Quem tem um “porquê viver”, encontra sempre um como viver, já diria Viktor Frankl. O amor a Deus e a confiança em Seus projetos divinos foram esses grandes “energéticos da graça”, que a fizeram permanecer de pé, mesmo em meio às dores.

Se você vive hoje alguma grande dor e passa por algum sofrimento ou provação, volte seus olhos e coração para essa serva fiel. Diga com fé: Nossa Senhora das Dores, rogai por nós.

Confira a meditação


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