“Bora conviver?”, nessa pergunta simples e corriqueira, está um dos “segredos” que mantêm nossa Vocação firme. É na caminhada diária com os irmãos que o nosso sim ganha força e sentido.
Quem é Shalom já sabe essa frase de cor: Deus é o primeiro, o irmão é o segundo e eu sou o feliz terceiro. Mas em certos momentos da vida essa sequência se inverte, nossos irmãos acabam em último plano. E quando a vida fraterna é negligenciada, corremos o risco de perder aqueles que amamos e até mesmo nossa própria vocação.
Vivemos em Comunidade. Isso significa que, no Shalom, ninguém anda só. É próprio do Carisma a vivência da Unidade, a comunhão entre os irmãos. Essa comunhão, sabemos, se refere à partilha de tudo: nossos dons materiais e espirituais, nosso tempo, nossos conselhos, nossas orações. Sem isso, a Vocação não se sustenta, não tem sentido.
Muitas vezes, nossa vida se encontra bagunçada justamente pela falta de vivência fraterna. As cruzes ficam pesadas demais para carregarmos sozinhos e, quanto mais nos isolamos com nossos problemas, mais difícil se torna. Esta é uma realidade que pode acometer também nossos irmãos, inclusive alguns deles podem estar passando exatamente por isso.
Nesse sentido, cabe nos questionarmos sobre como está nossa vida fraterna; saberíamos dizer onde e como estão nossos irmãos? Se passam por momentos difíceis, se têm conseguido rezar, se estão bem? Temos sido esse apoio para eles, ajudando a aliviar o peso de suas cruzes?
A dinâmica da vivência da unidade nos conduz a irmos de encontro a estes irmãos, porque somos nós, também, os responsáveis por mantê-los firmes no seguimento da Vontade de Deus. Eis a oportunidade “de mostrarmos o quanto amamos o nosso Amado, amando aquele a quem Ele ama e por quem Ele deu a sua própria vida”, como é dito nos Escritos.
E nesse processo não ganha somente quem serve, pois há uma via de mão dupla: na medida em que amamos e servimos nossos irmãos, também recebemos imensas graças advindas da convivência. Porque é no outro que a nossa vocação se completa.
São nas partilhas, nos lazeres, nos momentos de descontração e de oração que a singela flor da amizade vai se enraizando e crescendo sob o calor do Sol, que é Deus. Sempre com os olhos fixos Nele, vamos caminhando juntos rumo à santidade. Como poderíamos então, em nosso egoísmo, deixar para trás esses irmãos tão caros para Deus e para nós?
Deixar morrer a vida fraterna é deixar morrer a Vocação, a minha e a do irmão. É correr o risco de me perder e deixar que o irmão também se perca. E, convenhamos, é viver um pouco menos feliz… Porque, mais uma vez, é no outro que a nossa vocação se completa; consequentemente, é aí que encontramos a verdadeira felicidade.
Por isso, é preciso amar mais e retomar o lugar de feliz terceiro, voltando a ter o coração atento e disposto ao serviço dos irmãos. Seja nos lanches das convivências, nos encontros do grupo ou nas simples ligações, que em tudo possamos viver a Unidade de forma plena. E que se surpreenda o mundo ao nos observar: “Vede como eles se amam!”.