A adolescência é uma das fases do desenvolvimento humano, fase essa muito intensa, por sinal. A psicologia e a pedagogia veem essa etapa da vida com características gerais bem particulares, tais como: rebeldia, crise de identidade, conflitos geracionais, tendência grupal, fantasias, descobertas de impulsos afetivos e sexuais e outras mais. Tudo isso coloca o adolescente numa constante atitude de busca de superação em meio aos desafios. Essa energia poderosa, orientada para metas erradas, pode gerar resultados terríveis.
Por outro lado, um adolescente que se descobre amado por Deus, canaliza toda sua energia vital para grandiosas e salvíficas metas de santidade. Um grande exemplo que confirma essa nossa introdução é Santo Antônio Maria Claret. Já na adolescência, ele ouviu em seu coração a inconfundível voz de Deus chamando-o para uma consagração total de vida. Sentia-se tão filho de Maria, a mãe de Jesus, que resolveu acrescentar o nome dela ao seu, para honrá-la. Antônio teve uma existência extraordinária, toda ela com um único foco, amar a Deus de todo o coração e a seu próximo como a si mesmo.
A didática de Deus em sua vida
Antônio nasceu no mês de dezembro de 1807, em Sallent, um simples povoado, próximo de Vic e de Barcelona, Espanha. Uma curiosidade interessante é que Antônio recebeu o sacramento do santo Batismo em 25 de dezembro, na solenidade do Natal do Senhor. Teve ao todo nove irmãos e era o quinto filho. Seu pai, um tecelão, e sua mãe, dona de casa, eram um casal muito temente a Deus. E foi nesse ambiente familiar que o jovem pôde receber, mais com exemplos do que com palavras, a fé no seguimento de Jesus Cristo. Além de seu grande amor pela doce Virgem Maria, tinha também uma profunda devoção à Santa Eucaristia.
Já o seu pai, ainda na infância, ensinou ao filho o ofício de tecelagem e, depois, a de tipografia. Essa segunda especialidade influenciou bastante em suas ousadas ações evangelizadoras através dos meios de comunicação.
Ele foi muito eficiente nos trabalhos que realizou com seu pai. Os dois atuavam juntos numa fábrica de tecidos. Por causa de sua competência e dom de comunicação, foi convidado para trabalhos bastante rentáveis. Porém, recusou a todos por causa de sua vocação religiosa. Após completar 21 anos, pediu ingresso e foi acolhido no Seminário de Vic. Queria muito se tornar monge cartuxo. No entanto, um sacerdote o ajudou a descobrir sua vocação missionária, dom este que produziram muitos frutos ao longo dos anos que viriam.
Um coração inflamado de amor, tudo realiza e a tudo se dispõe
Antônio foi ordenado sacerdote em 1835, depois, foi nomeado pároco de sua terra de origem, tendo abraçado essa missão por quatro anos. Em seguida, foi para Roma, mais precisamente para um setor da Igreja chamada Propaganda Fides (Propagação da Fé), passando a atuar como missionário apostólico. Dedicou anos de árduo trabalho nesse ministério, empenhando-se inteiramente aos serviços pastorais na Espanha. Foi, de fato, um trabalho muito frutuoso para a Igreja.
Quem é fiel no pouco, Deus confia mais, assim, após esse bom êxito, foi enviado, em 1948, para as Ilhas Canárias. Essa era uma região muito desafiante, de fato, uma terra de missão provada e comprovada. Os desafios, todavia, não o intimidaram, pois sentia arder em seu coração o desejo de iniciar uma obra de alcance mais amplo. Assim, no ano 1849, junto com outros cinco jovens padres, fundou a Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria. Mais tarde, essa congregação passou a ser chamada de Padres Claretianos, por causa da força de seu carisma.
Deus, porém, queria ainda mais. Tendo-se passado um breve tempo da fundação daquela obra, a Igreja apostou na generosidade desse fiel coração sacerdotal. A longínqua Cuba vivia enormes desafios apostólicos e estava já há catorze anos sem um bispo. Assim, no mesmo ano da fundação da congregação, Padre Antônio Maria Claret foi nomeado bispo daquela diocese. Novamente, colocou-se a serviço, confiando que a Doce Mãe de Jesus o assistiria nessa nova empreitada.
Provações e os auxílios da graça
Em Cuba, esse fiel pastor foi vítima de constantes provações e toda sorte de pressões por parte de maçônicos. Estes faziam violentas oposições aos padres e provocaram vários atentados contra a sua vida. Incendiaram a casa onde ele estava, colocaram veneno em seus alimentos, agrediram-no com varas e diversas vezes o assaltaram à mão armada. Porém, nada disso o fez retroceder em seu ardor e fidelidade a Deus. Antônio sempre escapava ileso e continuava sua missão sem retroceder.
No ano de 1855, com o auxílio de madre Antônia Paris, fundou uma nova congregação religiosa, que passou a se chamar Congregação das Irmãs de Ensino Maria Imaculada. Mais tarde, essas servas receberam o apelido carinhoso de Irmãs Claretianas. Seu esforço e ardor missionário foram causa do surgimento de várias outras dioceses na região de Cuba. Em 1857, Antônio Maria Claret retornou a Madri, deixando a Igreja de Cuba bem mais fortalecida, unida e resistente aos constantes ataques que sofria.
Pastor, orientador e formador de opinião
Na Espanha, foi procurado pela rainha Isabel II com o pedido de que fosse seu confessor. Mesmo com uma resistência inicial, por medo de se envolver com problemáticas políticas, aceitou. Viu nisso uma oportunidade de orientar espiritualmente uma líder oficial do povo. Tanto que foram muitos os frutos que, depois, o próprio povo pode sentir por causa das novas as ações e decisões da rainha, resultantes, com certeza, das orientações deste santo pastor.
Antônio Maria Claret teve seu encontro definitivo com Deus aos 63 anos, no dia 24 de outubro do ano de 1870. Deixou numerosas e importantes obras escritas, que inspiram e orientam as almas ainda hoje. Foi beatificado pelo Papa Pio XI que, na ocasião, chamou-o de “precursor da Ação Católica do mundo moderno”. Sua canonização aconteceu em 1950, pelas mãos do Papa Pio XII.
Que Deus derrame, por intercessão de Santo Antônio Maria Claret, sobre todos os sacerdotes, religiosos e leigos engajados na Igreja, um novo batismo de ânimo e ardor missionário.
Santo Antônio Maria Claret, rogai por nós.