Hoje vamos recordar a memória de São João Roberts, um santo pouco conhecido no Brasil, mas de valor incalculável para a Igreja. Esse servo de Deus foi o primeiro monge executado na Inglaterra, logo após a coroação do rei Henrique VIII.
João nasceu no condado de Merioneth, no ano de 1576. A família dele era católica de coração, porém, conformada com o sistema do país, que era hostil ao catolicismo. Em 1598, João foi a Londres para dedicar-se aos estudos de direito, e ali teve um encontro decisivo. Esse encontro foi o início de uma fecunda experiência com Jesus, pois foi evangelizado por um fiel católico inglês.
Depois, foi acolhido formalmente na Igreja católica por um sacerdote de Notre-Dame. Em outubro de 1598, foi admitido no Colégio de Valladolid, na Espanha. No entanto, João, ansiava por uma vida mais profunda em Deus, tanto que foi muito iluminado pelo testemunho dos religiosos de um mosteiro de São Bento.
Então, foi recebido na ordem beneditina e viveu com inteireza de coração toda a sua formação inicial. Em 1600, emitiu a profissão religiosa, comprometendo-se a uma vida de estabilidade e clausura perpétua, por amor a Deus.
Desembarques e missões
Após completar os estudos em Salamanca, São João Roberts desembarcou na sua pátria. Na época, uma terrível peste assolava a cidade de Londres, assim, no verão de 1603, ele iniciou um trabalho de socorro aos doentes. Em fevereiro de 1604, os padres foram banidos por ordem do rei.
São João Roberts foi detido no momento em que estava para partir para a Espanha para o Capítulo Geral da ordem. Foi preso em 1605 e mantido no cárcere por um ano, em Gatehouse. Segundo os relatos biográficos, sua pena foi suavizada graças à intercessão de uma senhora espanhola, de nome Luisa de Carvajal. Após ser exilado, partiu para a Espanha, onde organizou o priorado de São Gregório em Douai, do qual foi o prior.
Em outubro de 1607, João Roberts foi novamente para a Inglaterra, onde foi de novo preso. Porém, mais uma vez, conseguiu escapar, graças à intervenção do embaixador da França. Voltou então para a Espanha, onde se empenhou na aprovação do priorado de São Gregório.
Provações na vida desse servo fiel
Na sua pátria, São João foi novamente preso e colocado diante de um bispo anglicano, chamado Abbott. Porém, como não atendeu às reivindicações do tal bispo, no dia 08 de dezembro foi informado de sua condenação. Suas palavras diante dos que o condenaram eram apenas de perdão e oração.
Na prisão, houve cenas semelhantes às ocorridas nas últimas horas de Jesus com seus discípulos. A bondosa Luísa de Carvajal, que alimentava os presos com excelentes tortas de pera, foi convidada a participar da última refeição de São João, o condenado.
Como São João Roberts estava bem e feliz, por isso, ela perguntou-lhe: “Você não acha excessiva a sua alegria? Afinal de contas, você vai morrer”. Por sua vez, o monge respondeu: “Não, pois não há coisa mais alegre e feliz, do que morrer pelo Cristo”. Assim, no dia 10 de dezembro, João Roberts abençoou os ladrões que seriam executados junto com ele e partiu para Tyburn, o lúgubre cadafalso, situado perto do atual Hyde Park, em Londres.
Fora da Igreja, não há salvação!
Antes de partir, porém, foi-lhe permitido falar ao povo, momento em que relembrou Santo Agostinho de Cantuária. Depois, cumprimentou e desejou a paz ao padre Somers, seu companheiro de morte. Em seguida, gritou forte e o mais claramente possível: “Fora da Igreja não há salvação!” Por fim, rezou pelo rei, lamentando as ações e heresias. Vendo as brasas do seu martírio acesas, fez ainda, segundo seus biógrafos, uma piadinha sobre o almoço que seria preparado, ou seja, seu corpo. Suas últimas palavras foram: “Todos os santos e santas de Deus, intercedei por nós”.
Que este testemunho possa nos animar de tão grande forma, a ponto de nos fazer comprometer a nossa vida inteiramente com nosso Deus e Senhor.
São João Roberts, rogai por nós.
