Meu ano foi muito dinâmico, tive medo, me sentir totalmente insegura, pensei que seria o fim, com tantas realidades fortes por conta da pandemia. Sofri várias reações, mas, percebi que precisava confiar mais em Deus.
Muitos cumpriram a sua missão na terra, foram tantas perdas que não conseguia mais ver os noticiários, me fechei dentro de mim, procurando um lugar seguro, e descobri que dentro deste espaço era necessária uma reforma. Foi um ano que perdi a estrutura, às forças, estava perdendo o sentido, mas, louvo ao bom Deus, que me desconstruiu para de fato conhecer a verdade que me habita. As máscaras nos lares caíram, e passamos a amar pela verdade, pelas fraquezas, porque somos amados por Deus.
A casa de fato se tornou um lar, onde tudo passou a habitar nela, a oração, o trabalho, o lazer, os planos, a bagunça, o silêncio, o riso e a lágrima. Tudo foi sendo ordenado para o amor, às lembranças, a infância, às memórias, exatamente tudo, o perdão precisou ter livre acesso no coração, porque também tenho necessidade de ser perdoada, aprendi a transbordar perdão.
Refletir sobre este ano, sem me dar conta de tantos avanços em meio às lágrimas é impossível, me senti tão pequena e limitada, e quão foi libertador, tirar um peso de me cobrar perfeição, sendo criatura; tirar um peso de ser juiz, procurando culpados; a vida é uma escolha, aprendi que preciso encarar a verdade de frente, e segurar firme nas mãos de Deus, para que eu seja sustentada no caminho.
Como é libertador expressar oque penso, dialogar, expor a minha opinião, sem ser rude e calculista, sem me prender no que vão pensar ao meu respeito, mas, simplesmente deixar o pensamento ganhar voz, sair do casulo e voar como uma borboleta.
Que grande graça é permitir se, encontrar consigo mesma, se conhecer melhor, se respeitar, enxergar seus limites, e pode falar: não consigo agora, preciso de ajuda. Hoje posso contemplar as promessas de Deus que se concretizaram na minha história. Também compreendo às raízes dos caminhos, as que deram frutos, e aquelas que foram podadas.
Sou grata por tudo que vivi, pelas amizades cultivadas, por ter sido surpreendida ao ser chamada a ser madrinha, ao discipulado, este sinal exposto da graça de Deus. Neste ano sai do raso, fui sendo conduzida em alto mar, parecia ser impossível sobreviver, mas, para honra e glória do Senhor, decidi nadar, acolhendo às fraquezas, o meu tempo, o meu limite, sem me preocupar com o fim, vivendo um dia de cada vez.
Como aprendi neste ano com a condução da oração, da terapia, da medicação, das formações, do lazer, do descanso, das partilhas, tudo foi uma escola e, sendo eu professora precisei sentar no lugar do aluno, nunca é tarde para quem decide aprender.
Marília Martins de Oliveira – Discípula da Comunidade de Aliança