Quando Jesus falava para os discípulos, seus escolhidos, sobre as ofertas, os sacrifícios e as renúncias que eles fariam no desempenho da missão, sempre fazia também uma forte promessa. Essa promessa é justamente aquela dos cem vezes mais. Leia: “Em verdade vos digo, quem tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos, campos, por causa de Mim e do Evangelho, receberá cem vezes mais agora, durante esta vida” (Mc 10, 29-30)
Infelizmente, alguns reduzem essa promessa do “100 vezes mais” do Senhor a uma simples e pobre prosperidade material. Como se o acolhimento de Jesus e de Seu projeto de salvação fosse garantia de riquezas e prestígios mundanos. Isso, infelizmente, pode se tornar uma relação de fé e missão edificada numa espécie de “toma lá, dá cá!”.
Esclarecido esse engano, é verdade também um outro princípio: “Deus não se deixa vencer em generosidade!” Já fui testemunha de irmãos da Comunidade e Obra Shalom que deram saltos na vida espiritual, mas também humana, profissional, familiar ou mesmo de estado de vida, depois de partirem e retornarem da missão. Com isso, quero dizer que Deus, mais do que ninguém, sabe o que você, missionário, precisa.
O olhar de fé de um grande missionário
O apóstolo São Paulo, exemplo de ardor no desempenho da missão, olhando para o que Deus o havia pedido, testemunhava sempre diante dos outros cristãos, sua confiança na generosidade do Senhor. Veja o que ele diz: “Caríssimo, quanto a mim, eu já estou para ser oferecido em sacrifício; aproxima-se o momento de minha partida. Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé. Agora está reservada para mim a coroa da justiça, que o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que esperam com amor a sua manifestação gloriosa” (2 Tm 4,6-8).
Se o apóstolo Paulo e vida dele fossem analisados com um olhar superficial, mundano, da “teologia da prosperidade” ou mesmo de uma simples “libertação social”, ele seria como um ícone do fracasso. O olhar de Paulo, porém, estava no céu, as bases existenciais de sua vida foram edificadas em Deus. Esse grande discípulo e ministro da Paz nunca perdeu de vista a primazia da graça em sua vida e foi essa primazia que muitas vezes o fez ver portas, sentido e possibilidades onde outros olhavam e não viam nada.
Leia ainda a continuação do discurso: “Na minha primeira defesa, ninguém me assistiu; todos me abandonaram. Oxalá que não lhes seja levado em conta. Mas o Senhor esteve ao meu lado e me deu forças, ele fez com que a mensagem fosse anunciada por mim integralmente e ouvida por todas as nações; e eu fui libertado da boca do leão. O Senhor me libertará de todo mal e me salvará para o seu reino celeste. A ele a glória pelos séculos dos séculos! Amém” (2 Tm 4,16-18)
Viu só de onde brota o ardor e a fortaleza desse grande missionário? A disposição e coragem brotavam da certeza da presença e da fidelidade de Deus. Talvez por isso, sempre que os desafios e as dúvidas o ameaçavam no desempenho da missão, ele fazia memória da estrada de Damasco, onde recebeu de forma decisiva o choque da ressurreição (cf. At 22,13-16)
Talvez você que lê esta matéria seja um missionário da Comunidade Vida ou Aliança Shalom. Talvez você seja uma ovelha e servo da Obra, por favor, permita que essas palavras provoquem em você uma santa e generosa desinstalação. Que esse movimento da graça te faça olhar para o céu e dizer: “Aonde Tu me mandares Senhor, eu irei!” Disse e repito: Deus não se deixa vencer em generosidade.
Que o Senhor nos abençoe e nos ajude a dizer: “Eis-me aqui, envia-me!”
Shalom!