Essa frase é muito dita e é bem verdade. Mas, ouso dizer que na minha vida, esse tempo de Deus sempre foi muito rápido, Ele teve pressa comigo. Foi Ele que sempre me quis logo. Também não ouso questionar o porquê, mas agradeço-lhe infinitamente por isso.
Eis o meu lugar, eis minha vocação
Num intervalo de um ano entrei em grupo de oração, tive minha experiência com Deus e ingressei no vocacional. Durante esse período intenso de vocacional, Deus nunca me deixou dúvidas acerca do meu chamado como Comunidade de Aliança. De uma forma ou de outra, Ele sempre me mostrou onde era o meu lugar de servir a Ele.
Talvez, porque Ele saiba que eu, (e talvez muitos outros) considero mais fácil e cômodo evangelizar desconhecidos, pessoas distantes. Mas, principalmente, sei que é porque a minha conversão diária depende de estar nesse meio secular, familiar e profissional, sendo sal e luz – ou, pelo menos, tentando.
Ser Comunidade de Aliança é ter um espinho na carne todos os dias (vários, na verdade). É morrer por dentro, fazendo sangrar sua vontade para dar espaço à vontade de Deus, e com um sorriso no rosto, bendizendo o nome do Senhor. É acordar todos os dias com a incerteza de não saber como se dará, mas com a certeza de que Ele está lá e irá realizar. É abandonar-se nas mãos de Deus. É ser testemunha do próprio Jesus quando esteve entre os seus anunciando.
Sou salva todos os dias por ser Comunidade Aliança
Isso porque fui criada com a velha mentalidade de independência, de que é desnecessário precisar dos outros. Além do mais, sempre tive uma personalidade forte, de ter as ‘minhas’ coisas, fazer tudo do ‘meu’ jeito, na hora que ‘eu’ quisesse e do jeito que ‘eu’ quisesse. Ah…. ser Comunidade de Aliança quebrou tudo. E como eu sou feliz por isso.
Hoje, por ter um emprego não estável, percebo de forma muito clara a providência de Deus, o cuidado, mas também o abandono a Ele na minha vida. Na certeza de que Ele é quem tem minha vida nas mãos, de forma mais concreta, o meu trabalho, meus rendimentos, minha “estabilidade” financeira. E isso faz com que cada vez mais a minha própria vida não esteja nas minhas mãos, mas esteja sempre diante de Deus, para que Ele faça comigo a Sua Santa vontade.
Deus cuida e conduz minhas ações
Sou feliz, porque não preciso mais carregar nas minhas costas o grande peso de ser eu. O peso do que ‘eu’ preciso fazer, do que ‘eu’ preciso planejar, do que ‘eu, eu eu, eu…’. É o próprio Deus quem cuida da minha vida. É Ele quem conduz tudo e eu sou esse instrumento do qual Ele se utiliza para, em meio à minha vida ordinária, fazer brilhar a luz de Cristo.
Como membro em formação da Comunidade, estou constantemente motivada à obediência, à partilha com meus formadores sobre os aspectos da minha vida, para que nada fuja da vontade e dos planos de Deus e caia na minha vontade. Ter que me dispor, pedir, obedecer, faz com que o próprio Deus me diga: “Deixa-me que cuido de ti através destes”.
Como é bom não ter essa grande responsabilidade e esse controle doentio de saber de tudo, de fazer tudo.
Simplicidade, obediência e humildade
A certeza que eu sempre tive como Comunidade de Aliança até hoje se mantém. Isso porque Deus sempre falou comigo nas pequenas coisas do dia-a-dia, na simplicidade. Deus sempre me falou através de um acontecimento no meu trabalho, de uma atividade rotineira dentro da minha casa ou de uma conversa com um amigo.
Em 2019/2020 eu passei por um período de grande tribulação no meu ambiente profissional. Eu sofri, hesitei, quis sair dali, achando que era a melhor opção. Mas, em nenhum momento, Deus me disse que era isso o que eu deveria fazer. Pelo contrário, Ele me disse que ali era a minha cruz de cada dia que eu deveria carregar e que Ele estaria comigo.
Ele não “pegou leve’. Não porque eu merecesse. Aliás, Deus não se utiliza dessa pedagogia de merecimento ou desmerecimento. Ele fez isso porque sabia o quanto eu precisava crescer e, principalmente, para quê eu estava ali: para anunciar a verdade.
Como Comunidade de Aliança, eu O escolho todos os dias. Eu O escolho, quando uso meu intervalo de almoço, paro e vou rezar no meu quarto de portas fechadas, porque não consegui acordar cedo. Eu O escolho quando silencio ou reprimo alguma conversa não-cristã com meus colegas de trabalho. Eu O escolho quando saio do trabalho para rezar e em seguida sair apressadamente para a célula. Eu O escolho quando sacrifico o sono para estar com Ele. Eu O escolho quando, tão cansada, vou à Eucaristia diária. Eu O escolho, mesmo quando sou a única a discordar com o que o mundo concorda.
Agora, inclino a cabeça, beijo meu Tau, fecho meu notebook, que está ao lado do meu altar improvisado no quarto, e vou para a novena de Nossa Senhora de Lourdes na minha cidade, pedir que Cristo me fortaleça para mais uma semana de trabalho, estudo, conversão e evangelização.
Obrigada, Senhor, por me teres escolhido!
Karen Melo, filha de Deus, Shalom,
Díscipula Comunidade de Aliança
Missão Sobral