Igreja

Irmã Aguchita, a nova beata peruana e padroeira da Amazônia

A cerimônia de beatificação da Irmã peruana ocorreu no dia 7 de maio de 2022. Conhecida como “mártir da misericórdia”, Irmã Aguchita dedicou a vida às mulheres nativas, à promoção e educação das crianças e a um maior acesso à alimentação e à saúde

comshalom

No último sábado (7), a Igreja ganhou uma nova beata: Irmã Aguchita, peruana, a “mártir da misericórdia”. Irmã Aguchita dedicou toda a sua vida às mulheres nativas, à promoção e educação das crianças e a um maior acesso à alimentação e à saúde. O solene rito de Beatificação aconteceu no Centro Povoado de La Florida, distrito de Perené, Peru, no mesmo lugar onde Aguchita foi assassinada e onde serviu a Deus nos mais excluídos da sociedade. 

Irmã María Agustin, a Aguchita

Irmã María Agustina de Jesús Rivas López, conhecida como “Aguchita”, nasceu em  13 de junho de 1920, em Coracora, na região Ayacucho, no Peru. Fez os votos na Congregação de Nossa Senhora da Caridade do Bom Pastor aos 25 anos. Serviu como missionária por muitos anos na área de Barrios Altos, no centro de Lima. Às noites ordenava seu trabalho e rezava. Em suas intenções sempre pedia pela fidelidade dos padres.

Ela se dedicava ao trabalho dela à assistência sanitária, à educação, oferecendo alimentação e alfabetização principalmente às mulheres, a quem promoveu por meio de projetos de formação, organizando grupos juvenis e catequese familiar nas comunidades rurais da cidade de Valle del Yurinaqui, no departamento de Junín.

De acordo com o historiador, José Antonio Benito, Aguchita se destacava nos apostolado voltado aos mais carentes de fome e de fé, este atos de misericórdia recordava Madre Teresa de Calcutá, na selva peruana “vemos muito Santa Teresa, por sua experiência de infância espiritual, na confiança e no abandono em Deus”, conta o historiador.

Apostulado e martírio 

Em 27 de setembro de 1990, quando Aguchita tinha 70 anos, um grupo do Sendero Luminoso entrou em La Florida e matou muitas pessoas. A lista dos terroristas do Sendero Luminoso tinha seis nomes. Um era o da irmã Luísa. Como não a encontraram, levaram Aguchita. Eles a acusaram de ajudar os pobres e falar com os asháninka, uma comunidade nativa contrária ao Sendero Luminoso. 

Nos relato do assassinato de Aguchita e dos habitantes do povoado, o historiador, José Antonio Benito destaca que “a freira, em todos os momentos, rezava por todos. Assim foi o final de sua vida e a de todos os aldeões que morreram naquele dia trágico”. 

Em um retiro espiritual, um ano antes de sua morte, Aguchita havia escrito uma mensagem profética para sua superiora provincial, Irmã Delia. “Espiritualmente, estou prestes a dar passos de gigante. Parece que estes serão os últimos dias da minha vida.. Os anos se passaram e digo a mim mesma que o Senhor me trouxe aqui para me satisfazer na velhice, antes de morrer, enfim, sou barro em suas mãos”, escreveu a beata.

Em 27 de setembro de 1990, a religiosa foi assassinada pelo grupo terrorista Sendero Luminoso, por divulgar uma mensagem de paz e justiça e por socorrer os pobres.

Padroeira da Amazônia

Segundo fontes de notícias da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), o Cardeal Baltazar Porras, representante do Papa no rito de Beatificação, disse: “Aguchita representa muito mais do que podemos imaginar, porque teve uma existência simples e profundamente cristã, arraigada em uma experiência mística. Que ela seja para nós, não só a Padroeira deste Vicariato de San Ramón, mas de toda a Amazônia e de todo o continente latino-americano. Que ela nos abençoe e seja uma luz de fé, sobretudo neste momento em que o mundo tanto precisa”. Durante a celebração, será lido o decreto do Bispo de San Ramón, Dom Gerardo Zerdín OFM, com o qual Aguchita é proclamada, juntamente com Santa Rosa de Lima, padroeiras do Santuário de La Florida.

Na Igreja de La Florida o peregrino pode venerar os restos mortais da nova Beata e acompanhar o martírio de Aguchita, ilustrado com frases, imagens e outros símbolos, desde a sua infância até sua vida religiosa e os últimos três anos de trabalho na Amazônia peruana.  No trajeto do martírio de Aguchita são recordadas as pessoas assassinadas com ela e outras vítimas da região, que viveram no contexto dos anos de violência social.

Beatificação

Em maio do ano passado, o Papa Francisco reconheceu o martírio e aprovou a beatificação de Aguchita como in odium fidei, por ter dedicado a sua vida ao serviço de Deus e aos mais pobres, em um período de guerra e violência social no Peru. “Não somente no país, mas para toda a Igreja, Aguchita se tornou um testemunho de paz e liberdade. Já não são mais mortes absurdas, mas assumiram um sentido de reivindicação pela justiça e pela paz, por um Peru mais justo e fraterno”, afirma Benito.

A celebração Eucarística foi presidida pelo Cardeal Baltazar Porras, arcebispo metropolitano de Mérida, administrador apostólico da arquidiocese de Caracas (Venezuela) e Delegado do Papa Francisco e concelebrada por Dom Miguel Cabrejos Vidarte, presidente da Conferência Episcopal Peruana e presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), 20 bispos e 100 sacerdotes do Peru.

A última peruana a ser beatificada foi a Irmã Ana dos Ángeles Monteagudo (1602–1686), em 2 de fevereiro de 1985, em Arequipa, pelo Papa São João Paulo II.

 


Comentários

Aviso: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião da Comunidade Shalom. É proibido inserir comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem os direitos dos outros. Os editores podem retirar sem aviso prévio os comentários que não cumprirem os critérios estabelecidos neste aviso ou que estejam fora do tema.

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *.

O seu endereço de e-mail não será publicado.