Muitas vezes nos deparamos com uma grave questão: queremos ser melhores, queremos rezar e amar os mais difíceis, queremos ir ao encontro dos pobres, evangelizar com ousadia, ser santos e viver a unidade, mas simplesmente não conseguimos.
Alguns põem-se a fazer propósitos de melhoria pessoal, metas e gráficos, outros ficam ansiosos e perplexos, há quem busque a filosofia ética e quem simplesmente desista de tudo. Como ser pessoas melhores? Quando faremos o bem que desejamos? Como ser bom de verdade e não bonzinho e condescendente? Somente clamando o Espírito Santo.
Depois de Seu envio no dia de Pentecostes, encontramos frutos de conversão (cf. At 2,37). Os primeiros cristãos se tornaram profundamente virtuosos (cf. At 2,42-47), possuíam um só coração e uma só alma, oravam todos cheios de grande graça e não havia entre eles nenhum necessitado (cf. At 4,32-35).¹
O Espírito Santo é a lei interior que transforma o coração, não só diz o que deve ser feito ( Como diria Kant), mas ajuda a fazer. Ele cria no homem um coração novo, que ama e confia em Deus e faz o que ele manda de bom grado (Cf. Sl 40,9).É o Espírito que nos une ao Pai e ao Filho e é por meio dele que rezamos. Pois, ninguém pode dizer: Jesus é o Senhor a não ser pelo poder do Espírito Santo( cf 1Cor 2, 11).
E é a oração que transforma o homem. Não há outro meio. A união com Deus leva o homem ao conhecimento de si, dos seus limites e potências, sem deixá-lo cair no desespero ou na presunção. Pois é olhado com misericórdia pelo Senhor que sempre o leva a recomeçar.
Vem Espírito Santo
Ao nos aproximar da solenidade de Pentecostes o nosso coração deve clamar: Vem Espírito Santo! E não esperar pouco de Deus, mas deixar que aconteça uma autêntica revolução interior. A revolução do amor, da Caridade Divina operando em nós.
E o amor de Deus faz daquilo que era dividido uma unidade ( Cf Ef 2, 14), até mesmo as línguas que eram diversas e confusas, tornaram-se ainda mais diversas, mas com o Poder do Alto, todos podiam entender as maravilhas de Deus em seu próprio idioma. Pois é o Espírito de Amor que gera a real unidade nas diferenças. Para além da etnia, da nacionalidade, da religião ou da tradição que segue, é a Caridade a verdadeira fonte da paz. Fossem judeus, ou gregos, todos entendiam que algo novo, maravilhoso estava acontecendo e ficaram estupefatos.
A unidade não pode ser buscada como uma simples resolução pessoal. Ela é um milagre! Que deve antes de tudo ser suplicado a Deus e depois acolhido com gratidão. O Espírito une o que está dividido dentro de nós que geralmente é a principal fonte das divisões exteriores. Ele cura a nossa desconfiança, os nossos preconceitos, medos e timidez e nos coloca na estatura do Homem Novo, capaz de amar, de dialogar e de mudar.
Todos nós temos sede de encontro, mas não pensemos que seja somente de encontro com outras pessoas, precisamos nos encontrar acima de tudo com Deus, além disso, devemos encontrar a nós mesmos, pois a correria, os filtros e a superficialidade nos nossos dias nos fazem facilmente tornar-nos estrangeiros a nós mesmos. Então poderemos cheios de liberdade nos aproximar com confiança uns dos outros, buscando mais amar do que ser amados, pois há mais alegria em dar do que em receber e Deus ama quem dá com alegria.
Referências bibliográficas:
¹Série Philipos, Livro do Espírito Santo, pg 15.
Livia Pereira
Comunidade de Vida
Missão Santo André (SP)