Alegria em partilhar com vocês esse processo de discernimento nesse estado de vida, caminho de céu. Minha história de amor começou há alguns anos atrás, logo na minha experiência com Deus, onde tudo em mim desejava viver no e para o Senhor, onde o meu coração se apaixonava por Ele todos os dias e, para alimentar esse desejo, passava de 3 a 4 horas por dia trancada no quarto em oração.
Para muitos, até uma loucura, para mim, caminho seguro para a eternidade. Um caminho bem diferente traçado por Nosso Senhor que eu não compreendia.
Vontade de Deus, lugar seguro
No ano que estava no vocacional, um dia rezando para um possível relacionamento, Nosso Senhor me dava a passagem que está em 1 Cor 7,33- 34: “Quem tem esposa, cuida das coisas do mundo e do modo de agradar à esposa e fica dividido. Da mesma forma, a mulher não casada e a virgem cuidam das coisas do Senhor, a fim de serem santas de corpo e de espírito”. Quando li essa palavra, ficava sem entender, mas no meu coração, sempre esteve a frase: ” Vontade de Deus é o meu paraíso “. Meu maior medo era de fazer a minha própria vontade, logo, aquela palavra já calava no meu coração.
Pois bem, ao ingressar na Comunidade, ouvi falar de um estado de vida chamado celibato, que não compreendia, mas que só de ouvir falar já ardia em meu coração viver aquele estado de vida. Os anos foram se passando, fiz minhas primeiras promessas, renovação e essa palavra nunca saiu do meu coração e nem da minha mente.
No ano de 2017, fiz o retiro de discernimento, mas não quis continuar o processo, pois começaram a surgir os medos, medos de abraçar o chamado e não conseguir viver. Durante esse tempo, Nosso Senhor permitiu que eu tivesse um sentimento por um rapaz e aí me surgiram as dúvidas e questionamentos. Então eu pensava comigo: “Valha! Nosso Senhor já mudou de ideia!?”
Mas, logo manifestou-se o Senhor com a seguinte pergunta: você vai trocar o Eterno por algo passageiro? Entendi ali que não era a vontade de Deus viver aquele relacionamento. Mas também tinha medo do Celibato e então guardei no coração.
Havia algo incompleto
Os anos se passaram, fiz as minhas Promessas Definitivas no Carisma Shalom, mas percebia que me faltava algo. Foi quando Nosso Senhor, me recordava que era o estado de vida, mas não queria começar o processo de discernimento, pois me achava incapaz de viver, parava nas minhas fraquezas e limitações. E assim, dois anos depois, depois de muito me esconder do Senhor, por vontade de Deus, decidi viver esse processo de discernimento do estado de vida. Ao partilhar com a minha Formadora Comunitária e Pessoal e ao rezar tudo foi sendo confirmado.
Era incrível como Deus falava em tudo e me apaixonava por tudo, primeiramente pela oração e, na oração, tudo que era dEle, a vida dEle, a obra dEle. Na oração experimentava essa vida de céu, onde tudo isso me ajudou a entender o chamado que Deus me fazia. O que eu vivia era algo inexplicável, era algo maravilhoso, com o Alguém que me faz feliz todos os dias e me dá tudo que eu preciso para ser feliz.
Em um dos meus retiros pessoais Deus me recordava de toda a minha história e, ao lê-la, entendia que já no meu nascimento e primeiros dias a minha vida tinha as marcas da Cruz, do eterno, a intercessão do céu. Lembrava também que eu queria muito casar e ter muitos filhos, sonho de toda jovem. Foi aí que Deus me recordava da minha profissão como professora, onde o Senhor me deu muitos filhos e, lendo o texto sobre fecundidade máxima, fui entendendo que é exatamente isso que a graça do celibato comporta: os muitos filhos para Deus.
Um caminho que não se trilha só
Posso dizer que tudo foi me ajudando nesse caminho: formações comunitária e pessoal, os livros direcionados, as orações. Em tudo Deus foi falando e confirmando. Teve algo que ficou muito forte pra mim, onde tinha o entendimento que é dentro desse amor de Deus que eu me amo, amo a Deus e aprendo a amar aqueles que o Amado ama. Nossa Senhora e Santa Teresinha foram a sabedoria de Deus para mim nesse caminho, nesse processo de Cruz e Ressurreição, caminho de luta da minha vontade com a vontade de Deus, onde a de Deus sempre vence.
Não tive nenhuma dúvida de pedir para fazer meus primeiros votos no Celibato, pois o caminho trilhado respondeu minhas dúvidas e questionamentos e me levou a uma amizade mais profunda com o Amor da minha vida.
Hoje me preparo para fazer os meus primeiros votos no Celibato percebendo assim que a minha história começa agora. Termino com a frase de Santa Angela: ” Em Tua Cruz, coloquei o meu leito “. Hoje posso dizer: Maria Luiza, filha de Deus, Celibatária, Shalom para Sempre.
Maria Luiza Marques,
Comunidade de Aliança
promessas definitivas e celibatária