As mudanças no início do século XXI são tais que os seres humanos já não são capazes de se definir a si próprios; já não sabem onde se situam as fronteiras que os separavam dos animais e das máquinas; a exceção humana no mundo vivo está a tornar-se cada vez mais difícil de definir. O homem é radicalmente desafiado sobre o que costumava torná-lo valioso e verdadeiro. Descartes fala, dirigindo sua palavra ao homem, que dominasse a natureza com a máquina, o livro do Gênesis afirma que Deus criou o homem para dominar a terra e o criado, mas parece que a máquina que o homem criou está agora a dominá-lo, parece ainda que seus conceitos ideológicos tem cada vez mais o tornado confuso nos seus atos. O homem perdeu-se de si mesmo confundindo assim o seu lugar e missão na criação.
O homem do século XXI permanece querendo a verdade e a felicidade mesmo que por vezes aceite colocar o seu destino nas mãos da tecnologia, de conceitos e novas ideologias na tentativa de passar do destino natural para a escolha permanente de um progresso pós-humano.
Sabemos pouco, ou quase nada, sobre o que nos é dado pela criação e pela ordem divina, a tentação é grande de pensar que os humanos podem construir-se a si próprios indefinidamente; que são os seus próprios criadores que repararão o erro da velhice e da morte, repararão as fragilidades emocionais e psicológicas sem o conhecimento antropológico cristão. Precisamos ter muita atenção porque em meio a esta turbulência, as novas antropologias aparecem como gnoses: o corpo é um obstáculo, a morte é um erro, o ser humano é uma noção ultrapassada que precisa ser refeita, revista e ideologicamente recriada.
Se já não existe um consenso humanista nas nossas sociedades, então o pluralismo é o que melhor caracteriza hoje a questão antropológica. Está a tornar-se urgente conhecer o Homem a partir dos recursos oferecidos pela antropologia cristã. A iniciação cristã é esta primeira fonte. O trabalho a fazer diz respeito tanto aos modelos teológicos como às práticas que contribuem para tornar o humano esclarecido sobre a sua própria verdade, estudar a verdade antropológica é uma prática urgente atualmente.
O olhar sobre si, sobre o mundo e os outros mudará depois do conhecimento antropológico que contribui para a missão de humanizar de acordo com o Evangelho, neste quadro atual é apropriado assumir a necessidade urgente de estudar antropologia. A humanidade segundo Jesus Cristo torna-se uma particularidade no meio de antropologias radicalmente pluralistas. A tarefa de quem estuda antropologia cristã não será a de reunir o humano já presente, mas a de o ajudar a tornar-se humano de acordo com o Evangelho. A humanidade, segundo o Evangelho, já não pode pretender ser imediatamente universal. A universalidade torna-se um horizonte, mas a partir da particularidade de uma humanidade moldada pela humanidade de Deus em Jesus Cristo e esta particularidade começa no aprofundamento do estudo da Antropologia, se debruçar nela, buscar o homem na sua fonte mais original e redirecionar os seus atos e o seu destino.
O estudo da antropologia tem como objetivo fornecer a base para uma ética adequada. Ela, invoca conceitos-chave bem estabelecidos na dinâmica da verdade que nos permite alcançar o que constitui o homem na sua integridade, ou seja, a pessoa como fonte unificada dos seus atos e do conteúdo da sua experiência de si próprio.
A “antropologia adequada” procura compreender e interpretar o homem naquilo que é essencialmente humano” e que integra o corpo e a alma no seu significado esponsal como uma componente necessária da experiência integral do eu.
Estudar a antropologia adequada e verdadeira nos dará a oportunidade de curar feridas, compreender lacunas e caminhar para o amor a si e aos outros de forma mais esclarecedora e efetiva, descobriremos pontos essenciais sobre o homem e sua verdade que nos levarão a um resgate do nosso sentido de vida, da finalidade dos nossos atos e da necessidade da felicidade eterna.
Nós nos damos conta, estudando antropologia, que podemos ser autênticos em nossos processos pessoais e ajudar também os outros a buscar em toda a sua potencialidade e totalidade o encontro com Deus e a verdade sobre si mesmo, a antropologia nos dará as ferramentas certas para encontrar o respeito e a dignidade da pessoa humana sem entrar nos conformismos com a dicotomia que o homem traz em si mesmo seja por causa do pecado ou seja por causa de uma natureza mal trabalhada ou ideologias absorvidas.
O Estudo da antropologia nos dará uma atenção toda nova a pessoa humana seja ela parte da nossa família e amigos seja ela um desconhecido, nos fará perceber que o homem é ser que tem alma grande e que não deve submeter-se a nada menor do que a imagem de Deus encontrada em si mesmo. Isto muda a ótica da vida, muda o modo com o qual eu me vejo e vejo o outro, tudo ganha mais sentido, beleza e coerência pois a antropologia esclarece e informa a natureza do homem em Cristo, verdadeira identidade humana.
Vejamos então assuntos abordados dentro da antropologia e que dizem respeito a mim como pessoa humana e ao outro:
1 – O conhecimento da Antropologia me dá a concepção significativa da pessoa humana, ou seja, o desenvolvimento da verdade sobre o homem a partir da pessoa de Cristo, do seu agir, falar, se encontrar com as pessoas, contemplar-se como Filho e homem, ver-se de fato como uma pessoa humana que está em processo de cumprimento de si mesma em vista de algo muito maior.
2 – Por meio do estudo da Antropologia descobriremos os fundamentos da dignidade da pessoa humana que consiste em saber que em si mesma ela traz um germe de divindade e este é o fundamento da dignidade da pessoa humana, uma dignidade transcendente.
3 – Aprofundar-se no estudo da Antropologia nos levará a descobrir que a pessoa humana é e vai muito além da realidade biológica e psicológica ela traz a sua dimensão espiritual e que deve ser considerada tanto quanto as demais dimensões do seu ser, se suprimirmos a dimensão espiritual suprimimos também o sentido real da existência humana.
4 – Por fim, descobriremos a necessidade de busca de unificação que a pessoa humana traz em si mesma e os caminhos para que ela chegue a esta finalidade.
Rosenalva Cecacci é missionária na Comunidade de Vida Shalom na França.
Estudante no Instituto Karol Wojtyla, casada e compõe a equipe de formação dos membros da comunidade.
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