Ser livre não é fazer tudo o que eu quero, na hora que eu quero. Isso, é um profundo engano, pois de tanto fazer o que quero, chegará uma hora em que não conseguirei mais deixar de fazer o que quero, tornando-me escravo de mim mesmo. Por isso, não é realmente livre aquele que não sabe dizer não a si mesmo e aos seus desejos imediatos e a castidade é a via pela qual eu vou aprendendo a dizer não a mim mesmo e a me contrariar por amor.
Segundo as orientações educativas do Conselho Pontifício para a Família sobre a sexualidade humana, a castidade é a virtude de quem sabe viver o dom de si, livre de toda a escravidão egoísta. A pessoa casta não é centrada em si mesma, nem tem um relacionamento egoísta com as outras pessoas, visando apenas o próprio beneficio e prazer.
Liberdade ou castração?
Nada que é vivido sem um limite nos faz bem. Até mesmo coisas lícitas, se vividas sem uma determinada ordem e limite podem nos fazer mal. A castidade, na verdade, ajuda a por ordem e limite em todas as coisas que vivemos para desenvolver, assim, o respeito de si mesmo e ao mesmo tempo tornar capaz de respeitar os outros pelo reconhecimento de sua dignidade enquanto imagem e semelhança de Deus.
Se pararmos um pouco para pensar sobre o dom de si perceberemos que esse é o principio da vida. Tudo o que é vivo existe para gerar vida, seja pela multiplicação, seja pela doação de si. É assim na cadeia alimentar, por exemplo, onde um ser vivo naturalmente se multiplica e serve de alimento para outro ser vivo, gerando assim um ciclo continuo de vida. É assim que a vida se mantém.
Se aquilo que é vivo já não for mais capaz de gerar vida, perde-se então o seu sentido de ser e existir. É como uma árvore frondosa que não tem quem coma dos seus frutos, se aninhe em seus galhos ou se abrigue em sua sombra. Ela perde o sentido de existir.
Uma vida com sentido
A vida não nos foi dada para ser poupada, mas para ser gasta e consumida por amor e é isso que nos dá sentido e nos põe em movimento para gerar mais vida.
Sob essa perspectiva podemos entender, portanto, que a castidade é a virtude que, ao unificar corpo e alma, promove no homem a capacidade de amar e se doar, fazendo de si mesmo dom para os outros, gastando a vida para por em ordem e equilíbrio a própria vida e para gerar nova vida por meio da doação e do sacrifício de si.
Por isso, a castidade não apenas para alguns, ela é indispensável a todos os homens, solteiros, casados ou celibatários, leigos ou religiosos. Todos, dentro de cada realidade e contexto específico de cada estado de vida devem buscar viver a castidade, pois é ela que nos resguarda e encaminha para nossa finalidade última que é amar com o mesmo amor com que fomos amados por Deus para, um dia, nos unirmos definitivamente a Ele pela eternidade.
Rafael Morel
Consagrado Comunidade de Aliança
Missão Fortaleza
Excelente reflexão!
Através desta partilha/formação sinto ainda mais impulsionado a doar me inteiramente através da vivência da castidade e assim viver o amor em sua plenitude.