O homem de hoje vive tempos difíceis. Ele está inserido em um contexto social novo e distinto, profundamente marcado pela fragmentação e descentralização. Alguns chamarão este contexto de Alta Modernidade, Segunda Modernidade ou até Pós-modernidade.
O sociólogo polonês Zygmunt Bauman (2001) chegou a usar em seus escritos o termo Pós-modernidade, mas preferiu substituí-lo pelo conceito de “Modernidade Líquida”, isto é, uma nova fase da sociedade moderna marcada pela incapacidade de manter sua forma por longo período. Segundo o estudioso, a fluidez é o que caracteriza o contexto atual da modernidade, uma fase mais radical na qual as organizações sociais “se decompõem e se dissolvem mais rápido que o tempo que leva para moldá-las e, uma vez reorganizadas, para que se estabeleçam” (BAUMAN, 2007, p.7).
Essa ideia de instabilidade e dinamismo é muito próxima da percepção do sociólogo britânico Anthony Giddens (2002), para quem estamos vivendo num “mundo em descontrole” no qual não só o ritmo é mais rápido, mas o alcance e a profundidade da mudança são maiores do que em qualquer sistema anterior.
Especialmente desde o final do século XX, os processos de mudança estrutural que têm desestabilizado as sociedades modernas têm também fragmentado o indivíduo moderno, fazendo surgir novas identidades. O “Sujeito Pós-moderno” não tem mais uma identidade fixa, essencial ou permanente as identidades que compunham as paisagens sociais estão entrando em colapso, como resultado de mudanças estruturais e institucionais e “o próprio processo de identificação, através do qual nos projetamos em nossas identidades culturais, tornou-se mais provisório, variável e problemático” (HALL, 2003, p.12). Esse sujeito pós-moderno “assume identidades diferentes em diferentes momentos, identidades que não são unificadas ao redor de um ‘eu’ coerente”. Dentro de nós há identidades contraditórias, empurrando em diferentes direções […] (HALL, 2003, p.13).
É nesse mundo descontrolado, plural, “líquido”, refratário à qualquer tipo de constância que os indivíduos precisarão viver, inclusive, tendo que carregar em seus ombros os dilemas jogados por esse contexto no qual eles se espera que eles sejam “free-chooser” capazes de suportar as consequências e os riscos de suas escolhas.
Diante do exposto, o presente artigo pretende analisar como o Carisma Shalom tem contribuído para uma possível recomposição desse homem contemporâneo, buscando especialmente identificar em quais dimensões tal contribuição se realiza.
O Encontro com Jesus Ressuscitado
“Enquanto falava, ele lhes mostrou as mãos e o lado. Vendo o Senhor, os discípulos ficaram tomados de intensa alegria. Então Jesus lhes disse de novo: A paz esteja convosco […] Recebei o Espírito Santo” (cf. Jo 20,20-22).
Diante do secularismo ateu e relativista, do reducionismo, hedonismo, consumismo, materialismo e do desenfreado desejo de possuir, as pessoas têm se perdido na busca por realizações. A respeito disso, Rojas (1996), faz a seguinte análise:
Quando o coração corre disparado na direção desses ídolos de barro que logo se desmancham, o homem acaba insatisfeito, fingindo procurar uma felicidade cada vez mais inalcançável; porque não podemos encontrar a paz e a verdadeira alegria na própria imanência (p.124).
O estado de constante insatisfação, o acentuado sentimento de vazio existencial, o flagelo das drogas, a fome, as guerras, a cultura de morte, a violação dos direitos humanos, a crise de identidade, a ausência de fé, dentre outros, são aspectos que sinalizam uma humanidade fragmentada, descrente e distante do seu Criador.
Será, então, este homem afetado por todas essas questões que carece do anúncio da Paz. Este homem que a exemplo de Tomé recebe do próprio Senhor o convite: “‘aproxima o teu dedo aqui e olha as minhas mãos; aproxima a tua mão e coloca-a no meu lado deixa de ser incrédulo, e torna-te um homem de fé’ Tomé lhes respondeu: ‘Meu Senhor e meu Deus! ’” (cf. Jo 20 22-29). É nessa experiência de encontro deste homem (o “Tomé de hoje”) com Jesus Cristo que o Carisma Shalom compreende o marco inicial de sua transformação.
As chagas gloriosas de Jesus, de modo especial seu coração transpassado, são, segundo Moysés Azevedo, a fonte da paz. “Se nós desejamos conhecer profundamente a pessoa de Jesus, devemos, pedir-Lhe que nos faça penetrar no abismo de seu coração. […] É preciso pedir para Jesus que nos leve à profundidade de seu coração […]. A fonte de nossa alegria vem do conhecimento da profundidade do coração de jesus” (AZEVEDO, 2005 apud CHAGAS JÚNIOR, 2009, p.84).
A partir de então este homem:
– Experimenta a plenitude do amor no “Ressuscitado que passou pela Cruz”;
– Reconhece-se ferido marcado pelo pecado, com limites, precariedades, incongruências;
– Identifica-se com o caminho da Cruz para colher a Ressurreição, e nesse caminho ele encontra sentido e norte de vida;
– Retorna à sua essência, à dignidade de filho de Deus e ao seu chamado à vida de intimidade profunda com seu Criador e Esposo;
– Reconhece-se fraco e necessitado da graça e da vida reconciliada com Deus, com ele mesmo e com o outro;
– Reconhece ser portador do poder do Espírito Santo que tudo realiza e o faz descobrir suas aptidões, seus valores, possibilidades, chamado e vocação à autotranscendência;
– Deseja ardentemente comunicar a outros sua experiência, empenhando-se em promover a outros esse mesmo encontro.
A Contribuição do Carisma para a construção da pessoa humana
Em uma sociedade assinalada por uma visão e uma vivência reducionista do ser humano, a contribuição do Carisma Shalom se dá inicialmente por um processo de autoconhecimento pelo qual este homem passa até que ele chegue à integridade (que significaria viver de modo equilibrado e integrado as várias dimensões de si e de sua vida).
Descobrindo na força do Ressuscitado um potencial de enfrentamento para suas adversidades (que, por vezes, são fontes de transtornos e adoecimento de origens diversas: mental, psicológica, biológica, sociológica, espiritual etc.), através da vivência sadia e equilibrada do Dom Shalom – que compreende todos os aspectos da vivência pessoal e comunitária, incluindo a contemplação, unidade e evangelização – a pessoa encontra seu sentido de existência.
No que se refere ao sentido de vida, Frankl (2011) afirma que “o homem vive por seus ideais e valores, e a existência humana não é autêntica, a menos que seja vivida de maneira autotranscendente” (p. 69), significando que, uma vez convicto do chamado, o homem é capaz de ir além das adversidades e contingências humanas:
Ouso dizer que nada no mundo contribui tão efetivamente para a sobrevivência, mesmo nas piores condições como saber que a vida da gente tem sentido. “Há muita sabedoria nas palavras de Nietzsche: ‘Quem tem um por que viver suporta quase qualquer como’” (FRANKL, 1991, p. 95).
Partindo dessa perspectiva, pode-se dizer que o Carisma Shalom insere o “Tomé de hoje” em um processo que o possibilita não apenas descobri um “por quê” viver, mas também uma “para quê”.
Ser Shalom: a dimensão do EU
Ao tocar as chagas gloriosas o homem, em cujo coração está escrito o desejo de Deus, já que por Deus e para Deus foi criado (CIC, 1993, § 27), volta a escutar a voz do Criador, que nunca cansa de chamá-lo para Si, e com Ele retoma à intimidade profunda.
O aspecto mais sublime da dignidade humana está nesta vocação do homem à comunhão com Deus. Este convite que Deus dirige ao homem, de dialogar com ele, começa com a existência humana. Pois se o homem existe, é porque Deus o criou por amor e, por amor, não cessa de dar-lhe o ser, e o homem só vive plenamente, segundo a verdade, se reconhecer livremente este amor e se entregar ao seu Criador (CIC, 1993,§ 27, p.21).
Criados para comunhão de vida com seu Criador e Esposo, como fruto na vivência do Carisma através da vida de oração e contemplação, o modo de ser e existir que só o ser humano tem vai sendo introduzido em seu viver cotidiano, assim cada pessoa na medida em que acolhe o novo modo de ser também encarna a máxima de vida que o Agir é consequência do Ser:
Somos chamados, antes de tudo, a SER no interior da igreja e no mundo. A fidelidade à nossa forma de vida e o testemunho do SER Shalom da nossa vida comunitária é a nossa maior missão. Este Ser Shalom corresponde à obra nova (cf. Is 43, 19-21) que o Senhor deseja edificar em nosso viver e ao caminho novo que deseja fazer-nos trilhar nas nossas vidas e no coração da igreja e do mundo. (…) A primazia do SER Shalom, que transborda em um servir comum, deve sempre estar presente em nossos corações. (AZEVEDO, 1998, apud CHAGAS JÚNIOR, 2009, p. 104).
O chamado a Ser é traduzido em nova forma de viver e trabalhar e, segundo Azevedo (2006), comporta uma via de crescimento pessoal e comunitário que exige de cada pessoa empenho, adesão e colaboração para fazer crescer o gérmen do Dom do Ser Shalom recebido.
[…] Para desenvolver, porém, é preciso trabalhar, regar, deixar crescer. Isto não acontece sem trabalho, sem disposição, sem desejo. É necessário, antes de mais nada, que cada pessoa que o Senhor coloque diante desse chamado tenha desejo, queira, se disponha, se coloque como um formando, como alguém que quer crescer, que deixar-se formar, que deixa fazer brotar a semente e a árvore que existem dentro de nós para compor o novo jardim do Senhor. É preciso ter consciência de que se precisa ser podado em seus galhos velhos, ou até naqueles aparentemente verdes, mas que não dão frutos, para assim produzir os verdadeiros frutos. E isto não é fácil, é árduo e difícil! (AZEVEDO, 2006, § 05-06, p. 15).
O amplo processo formativo, que integra o homem em sua nova forma de ser e agir corroborando com o processo de autoconhecimento para maturidade, autotranscendência e caminho para plenitude, tem sido outro largo contributo do Carisma Shalom para o caminho de construção e unificação do homem em seu tempo.
Nogueira (2007) fala do aspecto formativo como uma graça inerente ao Carisma, instrumento indispensável para uma plena vivência e expressão vocacional: “embutida em nossa vocação encontra-se, já, uma ‘metodologia’ divina muito própria nossa que jamais poderá ser superada por nenhuma metodologia científica’(p.283-284). Uma metodologia que nos direciona à experiência e compreensão intelectual que não está somente no conteúdo programático, mas se amplia através da oração, da escrita e da partilha.
No quesito formação, a contribuição não se restringe somente aos membros da comunidade e obra Shalom, pois é parte de sua missão na construção do Reino de Deus: “para instaurar a paz nos corações e no mundo, o Senhor nos chama a anunciar Jesus Cristo e formar autênticos filhos de Deus” (ECCS, 2012, § 07, p.63). Portanto, além da formação pessoal onde cada membro é acompanhado por outro com mais tempo de experiência, em sua vivência vocacional, humana e espiritual, a Comunidade Shalom promove vários cursos de formação doutrinária e humana, a exemplo do Caminho Ordo Amoris (COA).
O Caminho Ordo Amoris é um programa de formação humana desenvolvida pela Assistência de Formação Shalom, com intuito de dar uma resposta aos inúmeros flagelos que atingem o homem em seu tempo, entre eles: os conflitos de identidade; a baixa estima; a falta de sentido de vida. Esses flagelos que afetam e condicionam a vida cotidiana e comprometem o processo natural de maturidade humana e espiritual.
O Ordo Amoris é uma caminhada para autoconhecimento e cura interior, um projeto de santidade para “Atingir a estatura da maturidade de Cristo” (Ef. 4,13). Com o objetivo de ordenar para o amor às áreas e experiências humanas, levando cada pessoa à maturidade da vida cristã, ao concreto testemunho de felicidade, à construção de uma existência com liberdade e responsabilidade, coerente com os valores do Evangelho.
Ao declarar que o ser humano é uma criatura responsável e precisa realizar o sentido potencial de sua vida, quero salientar que o verdadeiro sentido da vida deve ser descoberto no mundo, e não dentro da pessoa humana ou de sua psique, como se fosse um sistema fechado (FRANKL, 1991, p.99).
O COA é composto atualmente por cinco cursos/retiros: És Precioso, Curados para Amar, Tecendo o Fio de Ouro, Liberdade Interior e Maturidade Humana. Nogueira (2006), destaca o amor como valor essencial quando se refere ao caminho dizendo: “[…] autoconhecimento e cura interior, destinada a ajudar-nos a tudo ordenar para o amor, isto é, a sermos santos” (p.19). O Caminho Ordo Amoris revela valores novos, não ‘é seja feliz’, é ‘seja feliz através da ordenação da sua vida para o amor. Também para o Frankl (1991), amar é a única forma chegar ao conhecimento profundo da personalidade e da essência humana.
A Vida Espiritual: a dimensão do TU
O processo de autoconhecimento desse homem que passou pela experiência com Jesus Cristo, mediada pelo Carisma Shalom, é perpassado por essa nova relação com esse Outro (seu Criador e Esposo), que o ajudará a viver uma autoidentificação adequada. No Carisma Shalom, essa relação existe e se desenvolve especialmente através da oração. Vivenciando a oração aos moldes teresianos, isto é, como uma relação de amizade com Deus, esse “novo homem” passa a, nela, contemplar o amor do qual é objeto por parte de Deus e se tornar consciente da presença de Jesus em sua vida (GARCIA, 2002).
Por essa experiência, a pessoa tende a assumir para si, pela força do chamado ao amor esponsal, a primazia da graça através da vida de oração como aspecto essencial em seu processo de conversão pessoal.
A renovação diária da amizade com o Amado traduzida na vida de oração é essencial para vivência do Carisma Shalom: “crescer nessa amizade é o segredo da vida, […] a contemplação gera um coração pacificado e compassivo, saciado de Deus e aberto a todos os homens que necessitam do seu amor e da sua misericórdia” (AZEVEDO, 1998, apud CHAGAS JÚNIOR, 2009, p.131).
Outro aspecto dessa dimensão relacional com Deus consiste na Eucaristia. Esta é uma fonte de graças para manter a vida espiritual. Nogueira (2007), afirma que uma vocação baseada no mistério pascal não poderia ter outra fonte de vivência e sustentação: “somos, por definição e identidade carismática, uma Comunidade Eucarística” e continua:
A Eucaristia é o centro de toda nossa vida comunitária e missionária, pois ela é o próprio Jesus’. Como uma Comunidade Eucarística, o amor à celebração da Eucaristia e à adoração ao Santíssimo Sacramento é algo em que o senhor sempre nos chama a crescer em nossa vida comunitária (NOGUEIRA, 2007, p.55).
Viver Shalom: a dimensão do NÓS
No Carisma Shalom, a amizade com Cristo Esposo está também diretamente ligada à uma dimensão comunitária, um chamado comum: “nas Regras Moysés já apresentava a intimidade com Deus como o ponto que unia todos na comunidade, a alma de sua vivência à fonte do carisma, seu primeiro objetivo e motor da vida de caridade” (CHAGAS JÚNIOR, 2009, p.131).
É no modelo de vida comunitária inspirado por Deus para vivência cotidiana no Carisma Shalom que se manifestam os desígnios de Deus na vida de seus membros: “nossa primeira missão é a fidelidade à nossa forma de vida comunitária e à nossa missão comum” (ECCS, 2012, p.15). Vivida de forma sadia e equilibrada, essa dimensão comum contribuirá para o fortalecimento, restauração, e, em alguns casos, construção de vínculos essenciais na estruturação da pessoa, como os vínculos afetivos e familiares. “Somos uma família” (ECCS, 2012, p.11) constituída pelo vínculo da caridade do Cristo Esposo, chamada a refletir o amor trinitário em nossos relacionamentos cotidianos, em um movimento progressivo em nível pessoal e comunitário de amor, perdão, reconciliação, comunhão e partilha de vida e de bens.
A experiência com “o Ressuscitado que passou pela Cruz” transcende a dimensão espiritual e provoca no homem com Ele identificado, uma disposição e empenho para trilhar um caminho novo tornando-O conhecido, tanto a partir de sua própria vivência quanto de suas ações evangelizadoras.
Este novo deve brilhar em todos os aspectos do nosso ser, do nosso viver, do nosso trabalho, nos nossos relacionamentos, no nosso vestir, no nosso comer, no nosso falar, nas posturas, no nosso silêncio, na nossa alegria, na nossa educação, no nosso estado de vida, nos nossos relacionamentos afetivos, no caminho para eles, nas nossas posses, na Obra, em tudo deve brilhar o novo de Deus (AZEVEDO, 2006, § 11, pág. 16).
Considerando-se que “cada cristão é missionário na medida em que se encontrou com o amor de Deus em Cristo Jesus” (FRANCISCO, 2013,§ 120) e que a Igreja é por natureza missionária, “também brota inevitavelmente dessa natureza a caridade efetiva para com o próximo, a compaixão que compreende, assiste e promove” (FRANCISCO, 2013,§ 179). Sendo assim, o homem visto, tocado e acolhido pelo Ressuscitado passa a enxergar além de si mesmo e a ter compaixão dos que não tiveram a mesma oportunidade.
A fim de acolhermos em nossas vidas o dom da paz e comunicá-lo ao mundo, é necessário que sejamos instrumentos de consolo e da compaixão de Deus para aqueles que sofrem a ausência do pão espiritual e material, através da evangelização, do serviço e da autêntica comunhão de bens, a Comunidade esteja aberta a acolher o dom que são os pobres e neles identifique oportunidade privilegiada para servir ao próprio Senhor através de meios evangélicos concretos e eficazes’’ (ECCS, 2012, p.17).
Nessa perspectiva, o Carisma Shalom se empenha também em resgatar a dignidade daqueles que estão em situação de vulnerabilidade social. As atividades de Promoção humana incluem
Diversos projetos da obra se ocupam das crianças de rua e das favelas brasileiras, das pessoas sem teto, dos encarcerados da promoção da vida junto às jovens mães com intenção de abortar, dos adictos, tóxicos dependente, dos enfermos deficientes e de tantas outras formas de pobreza do nosso tempo (CHAGAS JÚNIOR, 2009, p. 181).
Ao expressar o Carisma Shalom em sua vivência cotidiana, o homem marcado pela paz caminha para sua própria reconstrução, ao tempo em que também ajuda aos outros, igualmente marcados por uma sociedade fragmentada, a alcançarem essa plenificação. De acordo com Frankl (1991), toda pessoa tem uma missão a realizar:
Cada qual tem sua própria vocação ou missão específica na vida; cada um precisa executar uma tarefa concreta, que está a exigir realização. Nisto a pessoa não pode ser substituída, nem pode ser repetida. Assim, a tarefa de cada um é tão singular como a sua oportunidade específica de levá-la a cabo (FRANKL, 1991, p.98).
Considerações Finais
A vivência do Carisma Shalom possibilita à pessoa um encontro consigo mesma: sua essência, suas potencialidades, sua originalidade, suas incongruências e dilemas. Na contemplação do Cristo que a ama, ela encontra sua identidade, a de ser filho de Deus, e a partir daí a possibilidade de recuperação da harmonia interior e exterior que havia perdido.
Essa experiência de retorno à plenitude é traduzida na vivência cotidiana da primazia da graça com a vida de contemplação, no novo estilo de vida pessoal e comunitária, no ser e viver como família; na vida oferecida à igreja para a evangelização da humanidade.
Ao acolher o Dom Shalom, o homem fruto da experiência com o Ressuscitado que passou pela cruz, anseia também por comunicar a outros a experiência vivida, e por isso compromete toda sua vida a fim de que os Tomés descubram que Cristo é a nossa Paz.
Nessa perspectiva, especialmente através da vivência e conjugação das dimensões do Ser, Viver e Servir expressas pela vida contemplativa, pelo novo modelo de vida comunitária (“uma nova família”) e pelo engajamento no serviço de evangelização, o Carisma Shalom tem há 36 anos oferecido ao homem contemporâneo a possibilidade de chegar à sua plenitude, mesmo em meio ao contexto atual que insiste em despedaçá-lo.
Leonildes Maria dos Santos – Consagrada da Comunidade Católica Shalom, Psicóloga Clínica.
Gleise Prado da Rocha Passos – Consagrada da Comunidade Católica Shalom, Doutora em Ciências Sociais e Professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe.
Referências Bibliográficas
AZEVEDO, Moysés. Escritos Comunidade Católica Shalom. Fortaleza: Edições Shalom, 2006.
___________. “Carta à Comunidade”. In: Estatutos da Comunidade Católica Shalom. Fortaleza: Edições Shalom, 2012.
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
___________. Tempos líquidos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007.
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. Petrópolis, R.J: Editora vozes; São Paulo: Edições Loyola, 1993.
Estatutos da Comunidade Católica Shalom. Fortaleza: Edições Shalom. 2012.
FRANCISCO. Exortação Apostólica Evangelii Gaudium. Vaticano: 2013. In: <https://w2.vatican.va/content/francesco/pt/apost_exhortations/documents/papa-francesco_esortazione-ap_20131124_evangelii-gaudium.html>. Acesso em 15 jul de 2018.
FRANKL, Viktor E. Em busca de sentido: um psicólogo no campo de concentração. 2. ed.- São Leopoldo: Sinodal; Petrópolis: Editora Vozes, 1991.
___________. A Vontade de Sentido: fundamentos e aplicações da logoterapia. São Paulo: Paulus, 2011.
GARCIA, Maximiliano Herraiz. Oração: história de amizade. São Paulo: Loyola, 2002.
GIDDENS, Anthony. Modernidade e identidade. Rio de Janeiro: Zahar, 2002.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 8 ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.
CHAGAS JÚNIOR, João W. R. Uma Obra Nova para Um Tempo Novo: a Espiritualidade da Comunidade. Fortaleza: Edições Shalom, 2009.
NOGUEIRA, Maria Emmir Oquendo. Obra Nova: Caminho de e para a Felicidade. Fortaleza: Edições Shalom, 2007.
NOGUEIRA, Maria Emmir Oquendo e LEMOS, Silvia. Tecendo o Fio de Ouro: Caminho Ordo Amoris. Fortaleza: Edições Shalom, 2006.
ROJAS, E. O homem moderno: a luta contra o vazio. São Paulo Mandarim, 1996.
Sobre o Instituto Parresia
Inscreva-se na nossa Newsletter
Siga o perfil no Instagram
Cadastre-se também no Site
Ouça os Podcasts no Spotify
E-mail: institutoparresia@comshalom.org