Dizem que quem canta reza duas vezes. Mas, e quem dança, será que também consegue expressar alguma oração? A oração expressa pelo movimento corporal é sim, uma forma de rezar e dialogar com Deus. Por meio desta linguagem corporal, muitas pessoas são alcançadas e vivem uma verdadeira experiência do amor de Deus.
Não são apenas bailarinos ou intérpretes, mas adoradores que não se apresentam, e sim ministram o louvor a Deus com a linguagem da dança. Todo processo criativo é uma possibilidade de arte inscrita no corpo, traduzida em metáforas do pensamento e realidade desse mesmo corpo.
A exemplo dos pintores, que usam as cores e as linhas para dar forma no plano pictórico, ou dos poetas, que se utilizam palavras para construir poemas, o bailarino e o coreógrafo utilizam-se dos gestos corporais para dar forma à dança.
Um claro exemplo disso é a dançarina Aryana Fideles, que confirma a dança como expressão artística. Em um rede social, criou o perfil @mu.dança82 para falar e expor mais sobre dança e evangelização. Aryana é coreógrafa e faz parte do corpo de baile da Banda Missionário Shalom há 20 anos, pôde por diversas vezes viajar e evangelizar nas mais diversas missões. Conheça um pouco mais sobre a história dela.
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“Não quero me utilizar de medidas humanas, para medir algo que é celeste.” Emmir Nogueira
Meu nome é Aryana Fideles, sou casada, mãe e consagrada na Comunidade de Aliança. Deus me confiou uma missão que me ultrapassa e muito! Mas o motivo é claro: a glória é toda dEle. Conheci a Comunidade Shalom em 1994, devido a uma situação bem delicada na minha família. Participei do grupo de oração no projeto criança, mas só fui me engajar no serviço (ministério) em 1998. Na ocasião, eu tinha 8 anos e buscava uma aula de dança de graça, mal sabia eu, que já era uma desculpa de Deus, e que ali se iniciava todo um processo de salvação na minha vida através das artes na Comunidade Shalom.
Permaneci no ministério de dança durante longos anos da minha vida. Servimos nos mais diversos lugares e ocasiões, desde Paixão de Cristo até noites natalinas. E dentro desse contexto fui entendendo a real dinâmica do serviço do artista na comunidade Shalom, a vivência do caminho de cruz e ressurreição.
Em 2001, no auge da minha adolescência, (ainda servindo no ministério de dança) surgiu uma nova proposta: começarmos um corpo de baile dentro de uma banda da comunidade que se chamava Missionário Shalom. Até então tudo era muito novo. Não se entendia dança com banda no meio cristão, precisamos ir nos descobrindo e deixando-se conduzir pelo Espírito para entender o que realmente Deus queria como missão para aquele grupo de bailarinas.
Ainda me lembro do lançamento do CD “Lançai as redes”. Minha estreia na banda. E a partir deste momento, o Missionário nunca mais saiu da minha vida (graças a Deus…rsrs). Estive com eles em 2 turnês, a qual viajamos por quase todas as capitais do Nordeste, Sudeste, Sul e cidades próximas (de ônibus 😅) levando o Carisma para diversos lugares. E a cada show, um novo batismo, uma nova graça, um Deus mais generoso que se derramava em amor e misericórdia. Ainda hoje é assim, mas todas as vezes Ele sempre surpreende!
Nessa caminhada, produzimos os shows do Halleluya (cada um com uma ideia mais louca que a outra), fizemos clipes, montamos coreografias juntos, fomos tocar na Canção Nova inúmeras vezes, até no exterior tive a graça de estar dançando com eles. Impressionante poder ter vivido essa experiência! Não tenho palavras para descrever a unidade, a alegria, a graça de ser Shalom e levar o carisma aos confins do mundo. Cada show sempre foi uma explosão do carisma.
Nessa dinâmica de serviço, de ver tão de perto a vida dos meus irmãos consagrados, de rezar com eles, de escutar as músicas que falavam da vocação…. fui conhecendo, aprendendo a amar o Carisma e me deixei vencer pela misericórdia de Deus. Aceitei enfim o chamado a ser Shalom que estava há muito tempo no meu coração. O MSH sempre foi uma escola pra mim, uma desculpa de Deus, na verdade, para me salvar.
Passei a amar tanto a missão que fui para Salvador em 2010 (como Aliança Missionária) e ainda assim servia nos shows da banda. A dança no MSH nunca foi um mero entretenimento! Uma coisa que inventaram, pra deixar o show legalzinho. Não!
A dança, assim como a banda e os cantores, tem a missão de conduzir o público para Deus, ajudar as pessoas a entrarem na oração, mostrar quem é realmente o verdadeiro Artista. E isso só é possível com uma experiência concreta com Jesus. Quanto mais real a experiência, mais o bailarino se entrega e consegue cumprir a missão. E Deus, em sua generosidade, renova essa experiência na mesma do hora do show. Ele escolhe aqueles que mais precisam e ali mesmo, durante o movimento que a gente executa, Ele está curando, libertando, preenchendo… é tão real que o show acaba e a gente ainda está feliz! Porque é uma alegria que não passa, vai muito além de simplesmente “se apresentar”.
Isso gera uma gratidão a Deus sem limites… por isso que a cada show a gente quer se esbagaçar (como diz o Gustavo Osterno) porque a gratidão é tão grande que esse seria o desejo da nossa alma que transborda no corpo. A entrega total! A oferta total. A doação integral a esse Deus que tanto nos ama, mesmo a gente sendo pobre miserável.
Esse ano, jamais imaginaria que desse certo um show online, um Halleluya on-line… Ainda bem que as medidas humanas são infinitamente pobres. Porque, mesmo em meio ao medo, aos sacrifícios desse tempo, as lutas, as perdas, não só aconteceu o show como aconteceu o Halleluya inteirinho. E Deus mais uma vez, superou as expectativas!!! Eu, que esse ano completo 20 anos servindo no MSH, posso dizer sem medo de errar, que esse show nesse Halleluya me reergueu, me transformou, sim, eu não estava naquela arena lotada, é verdade, mas eu vi o mesmo Deus agindo com toda sua força e poder. Espero que você tenha sentido daí da sua casa a onda de misericórdia.
Shalom!
Deus abençoe!