Gerar uma vida humana é, de fato, o belo mistério do matrimônio na participação da criação de Deus Pai. Isso tem sido muito marcante para mim neste tempo que vivo de maneira intensa o nascimento do nosso primeiro filho, que aconteceu há 30 dias.
A Priscila, minha esposa, nasceu com a medula espinhal ancorada – uma deficiência rara e com grande risco de perda da capacidade motora das pernas. A gravidez para nós era um desejo e, ao mesmo tempo, risco à saúde, porque tanto a gestação como o parto prejudicariam a sua coluna frágil. Desde muito tempo, todos os médicos nos desaconselhavam a ter filhos.
Em nosso noivado, descobrimos os desígnios de Deus para nós quando rezávamos pelo nosso casamento e o Senhor nos fez lembrar do encontro de Nossa Senhora com Santa Isabel, do desejo de Santa Isabel e São Zacarias em ter filhos e a humilhação por não poderem – era também a nossa dor e o medo do que poderia acontecer em uma gravidez. Como na vida de Santa Isabel e de São Zacarias, a intervenção de Deus aconteceu em nossa história. Tudo para nos fazer santos, fiéis à Sua vontade e confiantes no seu cuidado paterno.
Buscamos médicos especialistas para orientar-nos e contamos com a graça de Deus na missão de sermos pais.
No sexto mês da gravidez, a Priscila teve uma forte cólica renal que a obrigou ser internada durante 10 dias em meio ao período mais crítico da pandemia em Belo Horizonte. Ela chegou no hospital em sepsia, à beira da morte. Ao escrever, me vem à consciência do quanto foi sério e do medo que eu senti. Por misericórdia saímos sem contaminação por Covid-19 e só voltamos três meses depois para dar à luz o Bernardo.
Nestes 30 dias aprendendo a ser pai, reconheci o valor de cultivar as virtudes de São José para ser o suporte da família. Inclusive o silêncio para o Bernardo não acordar.
O nome Bernardo também foi uma providência de Deus. Durante o início da gravidez vivíamos certos de que o mistério do casamento (o exemplo de Santa Isabel e São Zacarias) nos convidava a batizar nosso filho com o nome João, e, também, porque nasceria próximo à data de natalidade de São João Batista, mas Deus nos inspirava Bernardo. Até imaginamos chamá-lo de João Bernardo.
Mas, por fim, Bernardo era mais forte. Então ele nasceu no dia 2 de julho, dia de São Bernardino Realino, o santo que abandonou uma brilhante carreira administrativa para entrar na Companhia de Jesus. E por essa providência, sentimos a confirmação de Deus para o nome.
Sinto-me profundamente comovido quando ele se assusta e tem medo, por não reconhecer ainda que tem um pai que cuida e que não vai deixá-lo cair. Um movimento de felicidade surge quando percebo que ele olha para mim e se acalma – como se compreendesse que eu estou ali para protegê-lo. Assim deve se sentir o próprio Deus quando confiamos nEle.
Para o Bernardo, o filho da Priscila e do Tiago, ainda não sabemos qual missão Deus reserva, mas estou certo de que será pela conversão de muitos corações, a começar pela minha, ao aprender, sobretudo, a ter total confiança em Deus, como uma criança que depende totalmente dos pais. Porque se nós que somos maus sabemos dar coisas boas aos nossos filhos, quanto mais o Pai do Céu saberá dar algo muito melhor para seus filhos.
Confiemos em Deus. Feliz dia dos pais! Shalom!
Tiago Carvalho
Missionário Missão Belo Horizonte