Na primeira parte da oração do Credo, que apresentamos na matéria anterior, a Igreja professa sua fé declarando: ”Creio em Deus Pai, Todo-poderoso”. Hoje, continuaremos nossa catequese, mergulhando nos mistérios da nossa fé, refletindo em outra importante declaração do Símbolo da nossa fé: “Criador do céu e da terra”. A teologia da criação é predominantemente aceita por membros de várias doutrinas religiosas. Essa convicção de fé parte do pressuposto de que toda essa complexidade e perfeição do universo tem uma causa eficiente, que gera todas as coisas, mas não é gerada por nada.
Nós, cristãos, também acreditamos e aprendemos com Jesus, a chamar essa “causa eficiente e geradora de tudo” de Pai Criador. Diz-nos o Catecismo: “‘No princípio, Deus criou o céu e a terra’ (Gn 1,1). É com estas palavras solenes que começa a Sagrada Escritura. E o Símbolo da fé retoma-as, confessando a Deus, Pai todo-poderoso, como ‘Criador do céu e da terra’, ‘de todas as coisas, visíveis e invisíveis’” (CIC 279). Na criação, apoiam-se todos os desígnios de Salvação operados por Deus. Desígnios esses que têm, em Cristo, o ápice de seu cumprimento.
Entenda mais
A doutrina da criação é de suma importância. Ela toca nos fundamentos, nas bases da vida humana e da própria fé: Quem somos nós? De onde viemos? Existe uma causa eficiente que deu origem a tudo? Existe um fim para tudo? Essas questões são de importância capital, pois nelas estão escondidos o sentido e a razão de nossas vidas e ações. A Igreja crê que a existência de Deus Criador pode ser notada, com certeza, por meio de Suas obras, graças à luz da própria razão humana (cf. CIC 286). Diz-nos o parágrafo 288 do Catecismo: “Assim, a revelação da própria criação é inseparável da revelação e da realização da aliança de Deus, o Único, com o seu povo”. Essa aliança bendita de Deus com o homem é concretizada por meio da Encarnação, Paixão, morte e Ressurreição de Jesus, e é ainda confirmada por meio do Espírito Santo (cf. Jo 16,7-11). A obra de criação e redenção do mundo são ações comuns da Santíssima Trindade (cf. CIC 292).
No entanto, alguns, após uma breve reflexão, poderiam se perguntar: “Onde Deus encontrou os “ingredientes”, ou seja, a matéria-prima para a Sua criação? Ele ainda seria Deus, se nada tivesse criado? Para responder, a Igreja declara: “Acreditamos que Deus não precisa de nada preexistente, nem de qualquer ajuda, para criar. A criação tão pouco é uma emanação necessária da substância divina. Deus cria livremente ‘do nada’” (CIC 296).
Se Deus tivesse produzido o universo usando como ingrediente uma matéria preexistente, não haveria nada de extraordinário em Seu feito. Por isso, São Teófilo de Antioquia disse: que mesmo um artista humano, se lhe forem proporcionados os recursos oportunos, também poderia criar. O que faz da ação criadora de Deus algo tão extraordinário, é que Ele fez tudo a partir do nada (cf. CIC 296).