Segundo os biblistas, a palavra hebraica “festa” é equivalente a “dança”. Em todo o caso, os israelitas festejavam os principais eventos de seu povo com manifestações de alegria. Inclusive dançando e agitando ramos de árvores e de palmeiras.
Assim se lê no Levítico: “A partir do décimo quinto dia do sétimo mês, tendo já feito a colheita, celebrareis a festa do Senhor durante sete dias. O primeiro e o oitavo são dias de descanso solene. No primeiro dia cortareis frutos de árvores ornamentais, palmeiras, ramos de árvores frondosas e de salgueiros, e fareis festa durante sete dias na presença do Senhor” (Lv 23, 40).
Célebre é a dança do rei Davi perante a arca da aliança. Conta-nos o primeiro Livro das Crônicas: “Quando a arca da aliança do Senhor entrava na cidade de Davi, Micol, filha de Saul, estava olhando da janela e, ao ver o rei Davi dando pulos e dançando, o desprezou em seu íntimo” (1 Cr 15, 22).
As festas eram “na presença do Senhor”. Na era cristã, a festa principal é para comemorar a vitória de Jesus sobre a morte e o pecado. É a Páscoa. Mas cada povo tem suas festas populares.
No Brasil, constituído de população pluriétnica, há abundante e magnífica herança cultural. Uma das principais festas no Sul é a chamada “Festa de Outubro” (Oktoberfest), célebre em Santa Cruz do Sul (RS), Blumenau (SC) e em muitas outras cidades de tradição germânica. Entre nós celebra-se inclusive um culto e uma Missa em alemão, para significar que a festa acontece “na presença do Senhor”.
Estas festas merecem o apoio também dos líderes religiosos. Pois unem a comunidade, recompondo divergências e conflitos. Estimulam a compreensão e a cooperação dos vários segmentos sociais. Estimulam a saúde física e mental.
Nas populações de boa organização social, como as nossas, superam-se os exageros e os abusos. Com satisfação nota-se o cuidado para com a infância e a adolescência.
Estas festas, em princípio, são boas, não merecendo restrição em nome da fé e dos bons costumes.
Augúrios de boas festas, com danças e alegrias, sob a bênção de Deus!
Dom Sinésio Bohn
Bispo de Santa Cruz do Sul