Formação

A fidelidade do Batista

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Nos países cristãos a figura de João Batista é lembrada com expressão de alegria e folguedos populares. “Mais que profeta”, disse Jesus. Pois enquanto os profetas predisseram a vinda do Messias, João Batista anuncia o cumprimento das profecias: é o mensageiro a preparar o caminho do Senhor.

Amissão especial do precursor é assumida com amor. Amor fiel, diria. Épróprio do amor ser fiel. Que o diga o próprio Jesus pregado na cruzpor amor a nós. Pois o Batista ficou fiel à missão mesmo frente aHerodes. O que lhe custou a cabeça.

Notempo das verdades relativas, que são e ao mesmo tempo nem tanto,diz-se não haver pessoas fiéis como foi João Batista. Engano!

AndréRiccardi lembra o fato de uma centena de jovens presos na Ugandadurante a guerra fratricida entre os membros da etnia tutsi e os hutus.Os hutus prenderam os jovens e ordenaram: “Separem-se! Hutus para cá,tutsis para lá”. É claro, os tutsis seriam mortos. Os jovensnegaram-se, dizendo que todos são cristãos e amigos. E veio a ordem: ouse separam ou todos serão mortos. Nenhum jovem hutu abandonou o grupo.E todos foram fuzilados. Isto, poucos anos faz. Amor verdadeiro,fidelidade heróica!

Aliás,não faz muito dei carona a um brigadiano, por sinal bombeiro. Elecontou que uma das alegrias do ofício foi salvar a vida de um menino. Achoupana estava em chamas e já não havia o que fazer. Alguém lembrouque dentro estava uma criança. O brigadiano se encheu de ternura,saltou para dentro da casa, enrolou o menino numa coberta e, enquantopulou pela janela, o teto ruiu. Hoje o menino está crescido, tornou-seum jovem forte e saudável. Às vezes ele visita a família do moço.Lembrei que deve ser uma sensação boa ver a gratidão do jovem. Obrigadiano explicou: “Não, não é a gratidão que alegra, mas ver umjovem saudável e saber: eu salvei esta vida”.

Afidelidade verdadeira brota da fidelidade a si próprio, à suaautenticidade pessoal, à própria dignidade. É assim o amor da mãe quevela noites inteiras à cabeceira de seu filho doente. Mãe que é mãe deverdade não abandona um filho, muito menos o mata. O desamor brota deum coração pusilânime, medíocre, inconstante, infiel.

O exemplo de João Batista éum convite à fidelidade de amor a Cristo. Ele que deu prova de amor atéa última gota do sangue: “Um soldado lhe abriu o lado com um golpe delança. Imediatamente jorrou sangue e água” (Jo 19, 34).

JesusCristo merece nosso amor, pois ele nos amou primeiro. Ele é nossoSalvador. Ele nos abriu o horizonte da vida feliz e sem fim. A exemplo de João Batista, daremos a Ele nosso amor fiel.

Dom Sinésio Bohn, Bispo de Santa Cruz do Sul


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