Você sabia que além do dia 15 de julho, hoje também, 19 de novembro, é celebrado o Dia do Homem? Esta data tem caráter internacional e seu objetivo é conscientizá-lo sobre sua saúde, discutir o papel do homem na sociedade e reforçar a importância dele.
Assim, este dia é também uma oportunidade para refletir sobre o real papel do homem na criação de Deus, sua missão no mundo e também traçar possíveis características que definam a natureza masculina, independente de sua personalidade.
“Estejam vigilantes, mantenham-se firmes na fé, sejam homens de coragem, sejam fortes. Façam tudo com amor”. Colossenses 3, 23
Para isso, a redação do comshalom.org conversou com Carmadélio Souza, consagrado casado da Comunidade Shalom que possui vasta experiência e formação na área da sexualidade humana, especialmente na formação e aconselhamento de homens cristãos. Confira entrevista na íntegra, mantido o tom coloquial:
(COMSH): Carmadélio, pode-se falar que existe uma natureza própria do ser homem?
(CS): Existe sim uma natureza masculina e isso é tão claro que na criação do homem e da mulher, Deus deixa claro a distinção sexual como dom divino para a humanidade. Se não houvesse natureza masculina e também natureza feminina não haveria possibilidade da complementaridade que é próprio do amor humano que busca servir ao outro, ser para o outro.
Existe sim uma essência masculina para o homem e é fortalecida e confirmada pelos códigos culturais. Existe aquilo que é próprio do homem em potência e existe aquilo que a cultura anima e estimula o homem a assumir e a ser. O homem é essa comunhão com sua natureza e com aquilo que ele absorve no processo educativo.
(COMSH): O que você acha sobre os homens estarem tão envolvidos com casos de violência ?
(CS): Infelizmente, sempre existiu violência, só que agora a sociedade está mais sensível ao prejuízo dessa questão e se dá uma imensa publicidade e é bom que se dê a experiências lamentáveis como estas para ver se consegue, a nível de sociedade, um processo de reeducação nos relacionamentos homem e mulher.
É lamentável que isso aconteça e devemos sim como sociedade, dizer não a esse tipo de violência. Aliás, nenhum tipo de violência é aceitável. Essa violência, a violência doméstica a gente tem que fazer todo o trabalho de conscientização para que isso não continue se repetindo na sociedade. É inaceitável sem dúvidas.
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(COMSH): Como o homem pode buscar o equilíbrio e não cair no risco do extremismo em suas ações?
(CS): A bíblia fala dos dons que Deus deu ao homem, que está lá em Gênesis3, onde Deus pediu ao homem, no caso Adão, para ele cuidar do Jardim, proteger o Jardim.
Então, Deus fez ao homem este chamado de proteção, então o homem precisa assumir este papel de proteção: física, emocional. Por esta razão, normalmente o homem tem uma estrutura física mais forte do que a mulher, por uma questão biológica e pela ação da testosterona, que torna seu corpo mais apto para a defesa.
Porém, esse mesmo corpo que pode ser usado para a proteção e para a defesa, infelizmente, também pode ser usado para agressividade, para a violência. E aí entra o equilíbrio da pessoa. O homem forte não é aquele que nega a sua força. O homem forte é aquele que sabe que tem força, mas sabe como usá-la. Há momentos que ele vai precisar usá-la, há momentos que ele não vai precisar usá-la. Então nesse sentido isto é um dom para o homem: a força.
No entanto, se esta força, se não estiver moderada pela razão, ela pode tornar-se instrumento de violência. É o que acontece não só em relação à mulher. Se vê que existe violência de homem contra homem, nas gangues, por exemplo. Até mesmo nos estádios de futebol, frequentemente se vê cenas lamentáveis de torcidas uniformizadas, brigando entre si, homens agredindo uns aos outros.
O homem que não é equilibrado emocionalmente, ele é agressivo, é violento. A questão é de educação e para nós cristãos é questão de conversão. Nós acreditamos na força e na graça de Deus.
É inaceitável um homem cristão bater na sua esposa, na sua namorada. Não podemos só contar com a nossa boa vontade, mas precisamos também contar com a graça, com a conversão que o Espírito Santo nos santifica para que nós saibamos canalizar a nossa força.
Não é que a força seja um problema, o problema é quando a força não é bem canalizada e ela pode destruir ao invés de construir. É como um rio, se você canaliza a força de um Rio, você gera energia hidrelétrica que é uma energia que é produzida pela força das águas, a água fica canalizada e pela força com que ela passa, gera energia.
Mas essa mesma água que gera energia, por exemplo, em uma enchente ela destrói. A questão básica é canalizar esta força, não falo a violência, esta força para que seja construtiva e não destrutiva.
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(COMSH): Qual o papel do homem no relacionamento com a mulher?
(CS): A relação homem-mulher precisa ser marcada pela complementaridade, pelo enriquecimento mútuo. Ponto. Esta é a vontade de Deus: onde homem serve a mulher com seus dons, onde a mulher serve ao homem com seus dons, eles, se servem mutuamente tendo como motivação o amor. É assim que deve funcionar. Então, o domínio do homem sobre a mulher, como está lá em Gênesis 3, é uma consequência do pecado, quando Deus disse lá o autor sagrado que “Ele te dominará”, se referindo à mulher que havia pecado, comido do fruto proibido.
O domínio do homem sobre a mulher, que infelizmente em muitos casos é real, é uma consequência do pecado original. Não é vontade de Deus, a vontade de Deus é que nós nos sirvamos mutuamente.
Temos papéis diferentes, somos diferentes e precisamos ser diferentes. Isso é bom porque enriquece a sociedade. E somos chamados a uma complementação ao serviço no amor.
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(COMSH): Como o homem pode crescer no exercício da sua missão?
(CS): O homem cresce no exercício da sua missão se ele entender porque Deus o criou como homem. Gênesis fala sobre isso, Deus chamou o homem a unir uma mulher no amor e unido a ela serem abençoados e gerarem filhos e dominar a Terra.
Nesse domínio da Terra, há um domínio que pertence ao homem e há um domínio que pertence à mulher. Esses domínios se complementam. Domínio aqui não é no sentido de mandar, mas é no sentido de servir.
Então existem dons que Deus deu ao homem, existem dons que Deus deu à mulher. E quanto mais este homem foi consciente destes donos e a mulher também consciente do dos seus dons, se complementar, sem cair nessa rivalidade ideológica de um ser melhor que o outro, mas ficando naquilo que Deus pensou ao criar o homem e a mulher. Foi assim que a civilização foi constituída.
Tudo o que existe hoje nas civilizações surgiu a partir da complementação homem-mulher. Pode reparar, se você pesquisar, você vai ver: o homem não construiu nada sozinho. Não conseguiria sem a mulher, e a mulher também não conseguiria sem o homem.
Claro, o homem pelos seus dons próprios, era aquele que guerreava, desbravava aquele que corria os maiores perigos, era aquele que morria, aquele que morria ou matava nas guerras, era aquele que protegia a sua família, seus filhos, pelos seus próprios donos. Mas, sempre tendo ao seu lado uma mulher que o complementa e que o ajudava e o ajuda a cumprir a sua missão. Da mesma forma, também o homem ajuda a mulher a cumprir a sua missão.
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