É impressionante quanto mal entendido existe sobre o fato de a Igreja errar ou não. Estamos falando da Igreja Hierárquica e graus de responsabilidade de decisão. Para começar, muitas vezes a gente tem a impressão que o Papa ou os cardeais se sentam nas suas escrivaninhas centenárias e escrevem alguma ordem ou orientação para os fiéis que, na maioria das vezes, nem a lêem ou obedecem. Este talvez seja o primeiro de uma série de enganos sobre este assunto.
Você sabia que, para tomar uma decisão ou fazer um documento sobre, por exemplo, o respeito ‘a vida nascente, a validade da inseminação artificial e assuntos do gênero, o Vaticano convoca, além de teólogos e filósofos, inúmeros médicos, cientistas da área de genética, pais de família, sociólogos, psicólogos, antropólogos, historiadores, só para citar alguns? E tem de ser mesmo assim. Como é que os bispos e o Papa podem entender de tudo, não é verdade? Se a gente, que tem muito menos responsabilidade a nível mundial, não consegue, por mais que queira e se especialize, abranger todo conteúdo de um só ciência, como a Biologia, ou um só assunto, como a Literatura, como poderiam homens ocupadíssimos com mil e outras coisas para entender de tudo?
Sim a Igreja sempre tem o cuidado de inteirar-se profundamente de um assunto antes de se pronunciar sobre ele. E isso leva meses e meses, ás vezes anos, de consultas e estudos , até que ela, como Igreja , possa se pronunciar sobre ele. E isso leva meses e meses, até que ela, como Igreja, possa se pronunciar e orientar os fiéis e não somente os fiéis, mas todos os homens de boa vontade, como fazem questão de dizer os bispos e Papa nos documentos oficiais. Somente depois de ter feito todas as consultas possíveis a nível científico, sociológicos e cultural a Igreja se pronuncia no campo que lhe é próprio: o campo da fé a da moral á luz da fé.
Hoje em dia de maneira especial, estes são campos muitos vastos e muito desafiantes. Até agora para ética científica se levantam problemas imensos quanto á engenharia genética, por exemplo. Não são poucos os cientistas sérios que se perguntam até onde pode-se ir nas experiências com genes humanos e de animais. Você certamente leu sobre o touro Hermn, que recentemente levantou enormes polêmicas éticas no mundo inteiro. Assim como o papel dos cientistas sérios é ter a humildade de submeter sua ciência aos limites do respeito á pessoa humana também é dever da Igreja examinar á luz da fé que Jesus ensina, os desafios do mundo de hoje.
Mas, Jesus falou sobre genética? Jesus disse alguma coisa sobre o problema do operário? Sobre o aborto?
Disse e não disse. Nestas horas me lembro dos meus pais. Nunca ouvi meu pai ou minha mãe dizerem explicitamente para eu não roubar, por exemplo, mas, graças a Deus, eu nunca roubei, por que o contexto geral de minha educação me permitiu concluir que roubar seria inadimissível, embora isto nunca me tenha sido dito com todas as letras.
Muitas vezes me perguntam por que é mesmo que Jesus não falou ” não me posicionou” sobre assuntos como pílulas anti-concepicionais, homossexualismo, AIDS. Geralmente, eu respondo com uma das poucas frases que me restaram do meu paupérrimo alemão: ” Wie get es ihnen?” e, como poucas pessoas sabem o que estou dizendo, a resposta imediata é ” hein” ?E então lhes explico que Jesus não falou ao povo de dois mil anos atrás sobre estes assuntos, porque lhes pareceria o meu terrível alemão. Não entenderiam nada.
Jesus, porém não se omitiu, pois a Verdade que Ele veio anunciar é universal e eterna. Na profunda sabedoria do amor que Ele não somente pregou mas viveu, está contida a Verdade-com-V-maiúsculo sobre todas as coisas, em todas as culturas e épocas. Está é a maior característica da Verdade que só Deus aprende, porque sé Ele é. Acontece que o mundo esta aí e aí estão os desafios constantes e a inquietante pergunta: ” O que Jesus faria nesta situação?” Para ser sincera, acho que foi este o medo que os discípulos tiveram, quando Jesus disse que era necessário Ele partir para o Pai.