Formação

A instituição das viúvas

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Sempre fiquei intrigado com o cuidado que os primeiros cristãos dispensavam às viúvas. “Religião pura é socorrer os órfãos e as viúvas” diz com clareza São Tiago (1, 27). E ainda nos Atos do Apóstolos aparece nítida a preocupação dos fiéis gregos, que “diziam que suas viúvas eram deixadas de lado no atendimento diário” (At 6, 2). Nas cartas de São Paulo se torna evidente a preocupação em sua defesa, e no seu aproveitamento pastoral no seio das comunidades. Isso tinha sua razão de ser. Pois no decorrer da história, os espertalhões, os parentes interesseiros, e os maus causídicos se aproveitarem, com verdadeira tirania, dos bens dessas pobres mulheres, era tão comum como andar para trás. Hoje a legislação é mais severa, e impede pelo menos as injustiças mais grosseiras. O Estado moderno até criou uma mensalidade previdenciária, muito frugal, mas que cobre minimamente as necessidades mais prementes.

Mas os males não acabaram. Aquelas viúvas mais novas, que perderam seus maridos no verdor dos anos, ficam expostas a mil perigos. É verdade, algumas optam por um novo casamento, conseguem reiniciar a vida em novas condições, e ao abrigo das leis civis e eclesiásticas. Mas podem, assim mesmo, ainda acontecer muitos males como: um estado de permanente depressão; a tentação de uma sexualidade não resolvida; a sensação de abandono por parte da comunidade; o afastamento da vida sacramental; a tentação de abandono da fé religiosa; a falta de resistência contra os fautores de assédios hipócritas. O que as nossas comunidades mais precisam fazer é dar cobertura à ajuda dos parentes; evitar a sensação de abandono; entrosá-las na vida comunitária; vigiar para que tenham um digno sustento na vida; mostrar-lhes que Deus continua sendo bom Pai. Também, caso elas o queiram, ajudar no discernimento de uma nova união matrimonial. Mas quando existem aquelas que, após a falta do marido, conseguem se entrosar perfeitamente no novo estado de vida, e num gesto de plenitude vocacional, optam em permanecer na viuvez, elas devem ser apoiadas. Podem se tornar grandes líderes na comunidade e na sociedade.

Fonte: CNBB – por Dom Aloísio Roque Oppermann, SCj, Arcebispo de Uberaba (MG)


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