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A minha vocação é ser toda de Deus, missionária da Sua Paz no mundo

Sempre trouxe em mim algo peculiar: uma estranha sensação que nada deste mundo conseguia me saciar plenamente, por mais que eu estivesse feliz com minhas conquistas… meu coração sentia uma atração por algo maior, algo que nem eu sabia o que era.

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Eu era apenas uma adolescente de 14 anos, quando o rumo de minha história começou a mudar. Desde a adolescência me inquietava com perguntas que, até então, eram assombrosamente sem respostas para mim: quem sou eu? Para que estou nesse mundo? Qual o sentido da vida? Qual o sentido da minha vida? Eu percebia que trazia dentro de mim uma necessidade imperiosa de ser amada e amar. Mas, até aquele ponto, me contentava com a ideia de saciar tal necessidade com um amor puramente humano.

E assim fui vivendo, tentando saciar-me deste anseio em muitos lugares, nos estudos (me orgulhava de meus certificados de 1ª da classe), nas amizades, nos relacionamentos, nas coisas, na ciência, nas artes, na beleza, na poesia, na música, e uma característica peculiar em mim era que eu vivia tudo isso com profunda intensidade, em tudo me lançava de cabeça, como se tentasse saciar meus anseios aí! Porém, quanto mais tentava, mais frustrada eu me tornava e o vazio só crescia… Cheguei ao fundo do poço. E foi daí que Ele me resgatou!

Essa escolha mudou tudo

Uma amiga começou a me convidar para participar de um acampamento de jovens da Comunidade Shalom, o Acamp’s. Eu que não queria saber de Igreja, logo neguei. Ela, entretanto, insistia todos os dias… e como era insistente! Até que numa tarde me ligou e disse: “minha mãe já pagou sua inscrição, se você não for, já sabe como ela vai ficar chateada!” Por livre e espontânea pressão decidi ir. Essa escolha mudou tudo.

Lá, fui profundamente tocada pela pregação sobre o Amor de Deus e à noite, na Missa de São Tomé, após comungar, eu tive a experiência que transformou a minha vida: toquei no Ressuscitado que passou pela cruz! Ele era a minha Paz! Já me sentia uma nova pessoa, mas não parou por aí: Deus gosta de nos surpreender… no dia seguinte na Adoração da manhã do acampamento, com o Santíssimo no meio de cerca de 1500 jovens, de repente, O via olhando para mim, como se só existisse Ele e eu ali.

Naquele momento ouvi uma voz que ecoava forte dentro de mim: “Segue-me!” Após a Adoração, o Senhor foi conduzido de volta à capela e eu o segui e lá fiz uma oração que, com certeza, Deus gravou em seu livro: Senhor, apesar de não saber como, eu quero me entregar totalmente a ti! Não quero te dar a metade do meu coração, nem sequer 80%, quero te dar TUDO, TODA A MINHA VIDA!”

Profundo espírito de escuta de Deus

Após o acampamento, comecei a participar de um grupo de jovens da Comunidade Shalom na Parquelândia. Eu era outra pessoa, estava transformada. Aquela imperiosa necessidade estava sendo saciada dia após dia, quando me sentia profundamente amada por Deus em minhas orações. Após dois anos de grupo, período em que li muitos livros de santos, cresci na intimidade e escuta amorosa da Voz do Amado, eu ingressei no vocacional da comunidade. Uma inquietação de me dar sempre mais ao Senhor crescia dentro de mim.

Neste período, aos 16 anos, passei no vestibular da Universidade Estadual do Ceará (Uece), fiz a prova de conclusão do Ensino Médio (estava na metade do 3º ano) e fui para a Universidade. Dezesseis anos e universitária! Eu parecia sonhar de tanta felicidade, assim como toda a minha família. Todavia, mesmo estando muito feliz, aquele apelo de que aquilo não me bastava, que Deus me chamava para algo maior, permanecia como um eco no silêncio do meu interior.

Foi então que me pus em profundo espírito de escuta de Deus e de acompanhamento vocacional. Deus neste período foi confirmando aquela sede de dar TUDO, que havia sentido no acampamento dois anos atrás, e que só crescia com os inúmeros sinais que o Senhor me dava.

Deu-me tantos, que não caberiam aqui neste testemunho! Comentarei apenas um. Pedi a Deus que Ele me desse a Palavra de Is 52,7 (Como são belos, sobre os montes, os pés do mensageiro que anuncia a Paz…”) como confirmação de que Ele me chamava mesmo à Comunidade de Vida. Fui rezar, abri a Bíblia e nada… mas não esqueci. À noite fui a Missa, e qual era a leitura? Essa mesma! Mas eu sou muito incrédula e pensei que fosse apenas coincidência.

Quando cheguei em casa fui pesquisar e aquela passagem não era da liturgia daquele dia, foi lida somente nesta missa que fui! Mas eu sou “Tomézinha” e não dei o braço a torcer. Uns dias depois, fui, em busca de respostas, ao Congresso de Espiritualidade Teresiana (cujos palestrantes eram Frei Patrício Sciadini, Moysés e Emmir). Antes de começar a Adoração do evento, fiz uma oração bem angustiada, suplicando que o Senhor me dissesse logo qual Sua vontade e eu diria que sim, mas que Ele não tardasse mais em responder.

Quando começou a Adoração, eu não falei nada, apenas pensei: “Bem que o Senhor poderia me dar aquela palavra agora como confirmação…”, no mesmo instante a Emmir (Co-fundadora do Shalom) pegou o microfone e proclamou a Passagem de Is 52, 7ss e disse: “o Senhor te dá esta Palavra como confirmação!” Nesse momento, desabei em lágrimas, era um sinal grande demais!

Ser toda de Deus

Hoje, contudo, percebo que todos os sinais que Ele me deu só serviram para confirmar uma convicção profunda que já possuía dentro de mim e que só precisava ter coragem de ASSUMIR: A MINHA VOCAÇÃO A SER TODA DE DEUS, MISSIONÁRIA DA SUA PAZ NO MUNDO, COMUNIDADE DE VIDA!

Desta forma, fechei o discernimento e mandei carta pedindo meu ingresso na Comunidade de Vida. Foi outra batalha (eu só tinha 17 anos e precisava do consentimento dos meus pais). Fui taxada de doida, egoísta, fanática e muitas outras coisas, por “estar jogando fora” um futuro brilhante e “abandonando” minha família. Porém, em meio a toda esta confusão, dentro e fora de mim (porque também me sentia culpada com as acusações e medrosa diante de deixá-los), Deus foi selando em mim a Paz, sinal eloquente de estar na Sua vontade.

Após muito choro e sofrimento Deus tocou meus pais e eles assinaram minha carta. Foi um grande sinal para mim de que, quando Deus quer, Ele abre todas as vias.

Fui enviada aos 17 anos e hoje, aos 22, continua a ecoar dentro de mim aquele primeiro “Segue-me!” Hoje sou consagrada na Comunidade de Vida, estou em missão em Manaus-AM e sou plenamente feliz! Vou descobrindo-me cada dia mais encontrada e realizada na vontade de Deus. Experimento da beleza de escolher viver o lindo sonho de Deus.

Vou descobrindo a liberdade que é deixar-me conduzir e provando a suma PAZ, que é encontrar já nesta terra, os “Cem vezes mais” do Evangelho. Em resumo, já possuo nesta vida a felicidade que experimentarei no para sempre do Céu. Eu encontrei o “tesouro escondido no campo” (Mt 13,44) pelo qual valeu e vale a pena perder tudo para possuí-lo! Amém!


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