Formação

A missão de Cristo na Cruz

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Padre Inácio José do Vale, osbm

“A cruz salvou e transformou o mundo, expulsou o erro, introduziu a verdade, tornou a terra em céu e os homens como anjos”.
São João Crisóstomo (347-407)
Bispo e Doutor da Igreja

Assim profetizou o profeta messiânico Isaías: “Mas o Senhor quisferi-lo, submete-lo á enfermidade. Mas, se ele oferece a sua vida comosacrifício pelo pecado, certamente verá uma descendência, prolongará osseus dias, e por meio dele o desígnio de Deus há de triunfar” (Is53,10).
Prega São Pedro Apóstolo: “Assim, porém, Deus realizou o queantecipadamente anunciara pela boca de todos os profetas, a saber, queseu Cristo havia de padecer” (Atos 3,18).

Os Santos Evangelhos proclamam a missão de Cristo na cruz.
“Ela dará á luz um filho e tu o chamarás com o nome de Jesus, pois ele salvará o seu povo dos seus pecados” (Mt 1,21).
“Pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mc 10,45).

“Com efeito, o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido” (Lc 19,10).
“Pois Deus amou tanto o mundo, que entregou o seu Filho único, para quetodo o que Nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Deus nãoenviou o seu Filho ao mundo para julgar o mundo, mas para que o mundoseja salvo por ele” (Jo 3,16.17).
Como é abissal esse mistério da cruz de Cristo revelado a São PauloApóstolo, vejamos: “Deus demonstra seu amor para conosco pelo fato deCristo ter morrido por nós quando éramos ainda pecadores. Quando mais,então agora, justificados por seu sangue, seremos por ele salvo da ira.Pois se quando éramos inimigos fomos reconciliados com Deus pela mortedo seu Filho” (Rm 5,8-11).

“Com efeito, a linguagem da cruz é loucura para aqueles que se perdem,mas para aqueles que se salvam, para nós, é poder de Deus” (1 Cor1,17.18).
“Eu mesmo, quando fui ter convosco, irmãos, não me apresentei como oprestígio da palavra ou da sabedoria para vos anunciar o mistério deDeus. Pois não quis saber outra coisa entre vós a não ser Jesus Cristo,e Jesus Cristo crucificado” (1 Cor 2,1.2).
“Todos os seres da terra e do céu foram reconciliados pelo sangue da cruz” (Cl 1,20).
São Paulo recebeu a revelação do escândalo da cruz! (Gl 5,11). Por issogloriava-se na cruz do seu Senhor e Salvador Jesus Cristo (Gl 6,14).
O escândalo da cruz de Cristo foi à derrota radical do diabo, dosdoutores da Lei, dos filósofos, dos ateus, do mundo e do pecado.
A estupenda missão de Cristo na cruz foi obra única da nossa eterna e bendita salvação realizada pela Santíssima Trindade.

Oh! Como é glorioso receber em nosso coração esse tão grande sacrifício do amor e de tão grande mistério do Amor Eterno.
O ser humano só é feliz de fato e de verdade se viver essa verdade dacruz de Cristo que liberta a pessoa de todo engano e toda ilusão dessemundo passageiro. A convicção desse fato faz a pessoa viver comsegurança, fé, paz e amor.
Jesus de Nazaré é o perfeito modelo de tudo quanto há de bom,esplêndido e belo no mundo. Só n’Ele encontramos o verdadeiro sentidopara vida e convicção da nossa morada nas Cidade Celestial.

Em Jesus temos a plenitude do amor, da felicidade e da eternidade já no presente.
A experiência com Cristo preenche todo o nosso ser que não sobra espaço para futilidades.
A experiência com Cristo toma a pessoa para dimensão transcendental, ouniverso da espiritualidade, da fé, da busca ardente de Deus, daimensurável santidade e de um mundo belo e fraterno.
Jesus Cristo é tudo para mim! Com Ele não vivo o teatro do vazio, apeça do monólogo, o mundo virtual e a dependência dos vícios.
Em Cristo eu vivo absolutamente livre.

FATOR HISTÓRICO

Nosso Senhor Jesus Cristo nasceu no tempo do rei Herodes (Mt 2,1), ano em que houve 2.000 crucificações na Judéia.
Herodes era um monarca detestado. Casou-se com uma princesa asmonéia,mas a permanente paranóia de uma restauração real judaica induziu-o aassassiná-la. Além dela, Herodes matou também quatro filhos, a sogra eo cunhado. Também insultou a religiosidade dos judeus construindotemplos pagãos e um hipódromo para lutas de gladiadores em plenaJerusalém. Mas deixou obras importantes, como o porto de Cesaréia, afortaleza de Massada e a restauração do Templo, cujo muro ocidental, oMuro das Lamentações, continua de pé até hoje.
“Ora, no décimo quinto ano do império de Tibério César, sendo PôncioPilatos governador da Judéia, e Herodes tetraca da Galiléia, e Felipe,seu irmão, tetraca da Ituréia e da Traconítides, e Lisânias tetraca daAbilina; sendo príncipes dos sacerdotes Anás e Caifás…” (3, Is).

Escreve o Papa Bento XVI em seu livro Jesus de Nazaré: “É indicado olugar temporal de Jesus na história do mundo com a nomeação doimperador romano: o ministério de Jesus não deve ser visto como algomítico, que pode ao mesmo tempo significar tudo e nada; é umacontecimento histórico datável com rigor, com toda a seriedade dahistória humana verídica, com a sua unicidade, cujo modo decontemporaneidade com todos os tempos se distingue totalmente daintemporalidade do mito. Porém não se trata apenas de datação: oimperador e Jesus personificam duas diferentes ordens de realidade, asquais não devem excluir-se totalmente, mas que, na sua oposição, trazemem si o rastilho de um conflito ligado ás questões fundamentais dahumanidade e da existência humana. “Dai a Deus o que é de Deus e aCésar o que é de César”, dirá Jesus mais tarde e assim exprimirá aessencial compatibilidade de ambas as esferas (Mc 12,17).

Mas, quando oimpério interpreta a si mesmo como algo divino, como já está apontadona auto-apresentação de Augusto como o portador da paz ao mundo e comoo redentor da humanidade, deve então o cristão “obedecer antes a Deusdo que aos homens” (At 5,29); então os cristãos tornam-se “mártires”,testemunha de Cristo, o qual morreu na cruz sob Pôncio Pilatos como “atestemunha fiel” (Ap 1,5). Com a menção do nome de Pôncio Pilatos, asombra da cruz já está presente no início do ministério de Jesus. Acruz anuncia-se também com os nomes de Herodes, Anãs e Caifás.


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