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A Pobreza como lugar de encontro

No dia 14 de Novembro foi realizada uma ação para o Dia Mundial dos Pobres no Vale de Palmarejo Grande, na cidade de Praia, Cabo Verde.

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O que vimos neste domingo? Praças, ruas, albergues, orfanatos, presídios, asilos… sendo preenchidos de novas mãos que se estendem, novos pés a caminhar unidos, novos sorrisos. Nós, da missão Shalom em Cabo Verde, pudemos ver a região do Vale do Palmarejo Grande se transformar na casa de nossos novos amigos.

“Já fazia tempo que não tínhamos um domingo assim”, essa frase dita por uma de nossas amigas moradoras do Vale resume também a experiência dos cerca de 50 voluntários que ali passaram durante todo o dia. Missionários, mães e pais de família, profissionais, agentes de pastorais, alunos universitários e adolescentes se dividiram nas atividades de orientação de saúde, palestras, oração, Santa Missa, almoço, corte de cabelo, catequese, ginástica, brincadeiras e tiveram a oportunidade desse movimento de saída que a Igreja necessita e clama neste tempo.

E para que saímos? Para realizar esses serviços? Nossa missão é amar, socorrer e evangelizar. Mas sinto a necessidade de frisar um ponto anterior e basilar dessa missão: saímos para encontrar! Todos estamos em busca de respostas, de sentido, de preencher-nos com algo valioso e importante, mas não encontramos se não saímos, não encontramos em nós mesmos. Necessitamos do outro para encontrar, digo melhor: necessitamos do outro para nos encontrar, para encontrar a pobreza em nós e, então, encontrar o que de fato nos preenche.

Afirmo, então, que a pobreza como lugar de encontro não se refere apenas à pobreza material a qual tantos de nós se fizeram próximos neste domingo, mas ao encontro de pobrezas. Nossa missão de amar, socorrer e evangelizar não se realiza no encontro entre ricos e pobres, mas entre pobrezas que se encontram. Não poucas vezes, somos nós os amados, socorridos e evangelizados pelos sorrisos, abraços, partilhas e a própria vida de nossos amigos pobres.

Essa semana se inicia, assim, com um novo sol de esperança como nos pede o Papa Francisco. Esperança para nossos amigos fragilizados pela pobreza material e injustiça, que puderam receber a visita da compaixão de Deus, e para nós que reencontramo-nos na missão de sermos não apenas neste domingo, mas a cada dia, promotores da esperança, testemunhas alegres da ternura de Cristo.

Por Joyce Gonçalves, Missionária da Comunidade de Vida em Cabo Verde

 


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