Igreja

A porta está aberta entre a Santa Sé e a China

Apresentado em Roma o livro “O acordo entre a Santa Sé e a China”.

comshalom

“Abriu-se uma porta que dificilmente poderá ser fechada novamente”. Com esta imagem eficaz, o arcebispo Claudio Maria Celli sintetizou o valor do Acordo provisório assinado em Pequim entre a Santa Sé e a República Popular da China, a um ano do histórico evento de 22 de setembro de 2018.

A ocasião propícia para fazer um balanço sobre o primeiro ano da assinatura do Acordo foi a apresentação de um livro sobre o tema na tarde de quinta-feira (26/09) em Roma. O livro “O acordo entre a Santa Sé e a China. Os católicos chineses entre passado e futuro” foi organizado por Agostino Giovagnoli e Elisa Giunipero e teve o prefácio escrito pelo cardeal Pietro Parolin.

Presença de autoridade chinesa

O evento contou com a presença, particularmente significativa, do primeiro secretário da Embaixada da República Popular da China. Sinal visível da mudança de clima, marcada pela confiança e respeito, como foi recordado pelos relatores. Também estavam presentes o Arcebispo Claudio M. Celli, Andrea Riccardi da Comunidade de Santo Egídio e o padre Federico Lombardi ex-diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé.

Celli: acordo histórico

O arcebispo Claudio Celli, protagonista e testemunha desde a década de Oitenta, sob João Paulo II, do processo de aproximação entre a Cidade Eterna e a China, sublinhou que o Acordo pode ser definido “histórico”. E continuou afirmando que embora provisório e limitado às questões das nomeações episcopais, graças a este Acordo, pela primeira vez depois da década de Setenta, atualmente todos os bispos chineses estão em comunhão com o Sucessor de Pedro e com os outros coirmãos no Episcopado.

Portanto – continuou o arcebispo – este Acordo é o fruto do “diálogo operativo” apoiado e encorajado pelo Papa. Um compromisso que está em sintonia profunda com a atenção especial pela China e pelos católicos chineses mostrada pelos Pontífices no decorrer do século passado e de modo especial pelos últimos dois predecessores de Francisco.

Dom Claudio Celli evidenciou também a importância das Orientações Pastorais da Santa Sé sobre o registro civil do Clero na China, publicado em 28 de junho deste ano. Um documento, observou, no qual percebe-se que não há contradição entre o amor pelo próprio país e a exigência sentida de ser autenticamente católicos.

Fidelidade dos católicos chineses

Andrea Riccardi da Comunidade de Santo Egídio observou que agora o “catolicismo chinês deve ser reconsiderado”, deve encontrar um novo espaço para o futuro. Enquanto que o padre Federico Lombardi recordou que o caminho que levou à assinatura do Acordo foi marcado por muitas histórias de sofrimento. Para o ex-diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, este histórico entendimento não deve ser considerado mérito exclusivo das cúpulas chinesas e vaticanas.

O Acordo, evidenciou o jesuíta, nasce da fidelidade dos católicos chineses e de seus bispos ao longo de décadas difíceis e dolorosas. Se não fossem ligados espiritualmente de modo tão forte com o Papa, revelou, os governantes não teriam se dado conta da solidez desta comunhão e não teria sido criado condições para chegar à assinatura do Acordo.


Comentários

Aviso: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião da Comunidade Shalom. É proibido inserir comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem os direitos dos outros. Os editores podem retirar sem aviso prévio os comentários que não cumprirem os critérios estabelecidos neste aviso ou que estejam fora do tema.

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *.

O seu endereço de e-mail não será publicado.